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Diretoria do Flamengo tenta amenizar tensão após ataque de torcedores

Marcos Braz, vice-presidente de futebol do Flamengo, em coletiva de imprensa - Reprodução
Marcos Braz, vice-presidente de futebol do Flamengo, em coletiva de imprensa Imagem: Reprodução

Alexandre Araújo

Do UOL, no Rio de Janeiro

08/04/2022 16h16

Em dia de protestos na porta do CT do Flamengo, Marcos Braz, vice-presidente de Futebol, e Bruno Spindel, diretor da pasta, concederam uma entrevista coletiva. Os dirigentes afirmaram que não há divergência entre o elenco rubro-negro e a comissão técnica, e a relação entre as partes é boa, assim como da delegação com a cúpula.

A movimentação de integrantes de organizadas aconteceu em meio a uma crise no departamento de futebol, e em que a diretoria se encontra contestada. Durante os protestos, inclusive, Braz foi xingado.

"Em relação às ações do lado de fora do CT, não temos, por enquanto, nenhum relato dos jogadores. Eu ainda não tive tempo, Bruno [Spindel] também, na correria para viajar ainda hoje. A polícia militar estava lá fora, juntamente com seguranças do clube. Evidentemente vamos analisar, posteriormente, com calma. Em nenhum momento estou dizendo que isso é natural, normal, apenas não temos um relato grave aqui internamente. Com calma, na hora certeza vamos falar sobre o assunto"

O vice afirmou ainda que a relação com o técnico Paulo Sousa é boa e a comissão técnica tem o respaldo da cúpula.

"A minha relação com o Paulo [Sousa] é a melhor possível. Estávamos ali almoçando. A gente vem sistematicamente conversando. Desde Portugal tivemos um relacionamento direto. Minha relação é a melhor possível, não só com o técnico como com toda a comissão. Quando a bola não entra, quando surgem outras dificuldades, há questionamentos de tudo que é lado", afirmou.

"Quando os resultados não vêm, a temperatura sobe em todos os aspectos. O Paulo foi contratado para fazer não uma renovação no sentido de tirar grupo e colocar grupo, foi contratado no sentido de fazer ajustes que precisávamos fazer. Quando trouxemos o Paulo, éramos sabedores da excelência da comissão técnica dele. Paulo tem o nosso apoio, vai ter o nosso apoio e tem o apoio da maioria dos jogadores. A gente entende que vai passar por essa fase. No ano passado, esses dois campeonatos a gente ganhou e o final da temporada não foi o esperado. Espero que, desta vez, seja ao contrário", completou.

"Todo mundo está focado"

Bruno Spindel, diretor da pasta, reafirmou a boa relação do elenco com a comissão técnica.

"A relação é boa. Óbvio que em alguns jogos o Flamengo vai se comportar melhor, outros de outra maneira. Temos uma frustração de todos aqui pelo fato de o clube de não ter ganho a Supercopa [do Brasil] e o Estadual. Trabalhamos para isso. O clube teve chance de ganhar as duas finais. Todo mundo está focado para reverter esses resultados nas próximas competições"

Braz foi questionado também sobre a reunião entre jogadores e integrantes de torcida organizada que havia sido marcada para ontem (7) e foi cancelada posteriormente. O dirigente afirmou que alguns jogadores estavam cientes do encontro.

No desembarque da delegação no Rio de Janeiro após a vitória sobre o Sporting Cristal, o meia Everton Ribeiro disse que não sabia da reunião e chegou a dizer que "normal não é".

"É evidente que os jogadores sabiam, alguns jogadores. Até porque tínhamos um jogo, não gostaria e não queria conversar deste tema com todos os jogadores que iriam participar do jogo. Tinha jogador que estava ciente e que tínhamos conversado. Se o Everton Ribeiro não estava sabendo e esteve falando... Até entendo ele também, saindo do saguão e é perguntado. O que posso falar é que a questão central que os jogadores que entendíamos que tinham de saber. Pode ter certeza absoluta que sabiam", garantiu.

Pressão interna

O vice-presidente também respondeu sobre a pressão que vem sofrendo de conselheiros do clube. Nesta semana, havia também uma reunião dele com conselheiros, mas que foi desmarcada.

"É uma cobrança natural. A torcida e conselheiros sempre foram muito duros com qualquer dirigente quando os resultados não vieram. Isso foi em um passado longo, recente e não seria diferente comigo. Acredito que, em relação ao resultado de agora, o que posso falar é que sempre saio daqui todos os dias consciente que deixei tudo que podia deixar. Saio daqui com o sonho realizado de estar nesta pasta. Em relação à minha imagem, é muito em função dos resultados. Tenho noção do que é estar aqui no cargo, da importância e pressão. Não posso tomar algumas decisões pensando só na minha imagem, o Flamengo é maior que isso"

No próximo dia 18, o Conselho Deliberativo do Flamengo vai votar uma proibição de que nomes que ocupem cargos em algum poder do clube não possam participar de eleições. Há rumores de que Braz possa vir candidato a deputado federal — atualmente, ele é vereador.

"Não tem nada decidido, tenho mandato de quatro anos, estou sob mandato, seria uma decisão minha independente de qualquer questão partidária. Tudo que os conselheiros entenderem que têm de fazer de transformação no estatuto do Flamengo tem de ser respeitada, e ponto. Não estou pensando nem um pouco no dia 18. Se no dia 18 o Conselho entender que tem de ser colocada no estatuto essa decisão, essa posição será aceita e respeitada sempre"

Em outro momento, Spindel assegurou a confiança no trabalho que vem sendo realizado.

"A gente enxerga que é um trabalho em construção. Estamos trazendo peças para qualificar o elenco e adaptar em certos momentos às ideias do treinador. É um trabalho contínuo. Em certos momentos vimos um time organizado. Temos confiança no treinador, comissão, grupo e atletas que estão chegando".