Caminhada ao CT aproxima atletas do São Paulo da torcida e gera histórias
Quase que diariamente, alguns poucos torcedores se posicionam nas calçadas da avenida Marquês de São Vicente, na zona oeste de São Paulo, na esperança de que algum jogador tricolor abaixe o vidro do carro e faça alguma interação. Nos dias de sorte, isso fica mais fácil.
A localização do CT da Barra Funda, onde o São Paulo treina, facilita uma prática mais comum às pessoas "comuns". Em um bairro rodeado de condomínios, alguns jogadores preferem deixar o carro na garagem e ir a pé para as atividades do Tricolor.
Um dos maiores adeptos é Gabriel Neves. Há pouco menos de um ano no Brasil, o uruguaio rotineiramente caminha até o CT da Barra Funda, ainda que às vezes opte pelo carro. O meia mora a poucas quadras do local, próximo ao estádio do Nacional, que tem as mesmas cores e nome do time que uruguaio que o relevou para o futebol. Apenas uma curiosidade.
Por mais de uma vez, a reportagem do UOL Esporte acompanhou a interação de Neves com os torcedores presentes na porta do CT. Com uma pequena bolsa embaixo do braço, ele costuma parar para tirar fotos com os são-paulinos e cumprimentar os vendedores que ficam próximo do local.
O volante Luan é outro que às vezes apela para a caminhada. Ele também mora próximo e prefere ir a pé em dias de concentração, para não precisar deixar o carro no CT. Quando tem compromissos após os treinos, contudo, o automóvel vira a opção preferida.
Em alguns dias, as caminhadas ajudam em histórias curiosas. Foi assim com o goleiro Tiago Volpi. Ele nem sempre vai ao CT sem carro, mas em uma das vezes em que foi, no fim de fevereiro, fez a alegria de um torcedor que dormia em frente ao CT havia uma semana.
Edimar Picolé deixou a cidade de Novo Horizonte, em Mato Grosso do Sul, para conhecer Tiago Volpi no CT da Barra Funda. Demorou alguns dias para que ele encontrasse o goleiro. O desejo do torcedor era conseguir algumas camisas para realizar rifas e angariar fundos para fazer uma cirurgia nos ligamentos do joelho esquerdo.
Ele conseguiu mais do que isso. Além de uma camisa de Gabriel Sara, Picolé recebeu um par de luvas de Tiago Volpi. Em um dos dias, o goleiro chegou a pagar o almoço para o torcedor, que não desgrudava o pé da frente do CT da Barra Funda.
"Ele perguntou se eu tinha comido alguma coisa e eu falei que não. Ele foi e comprou comida para mim. Eu vim do Mato Grosso do Sul para cá, como fã, e saio daqui dez vezes mais fã", disse ao UOL Esporte na época.
No rival Palmeiras, separado por um muro, a reportagem já acompanhou atletas indo a pé aos treinos também, como o goleiro Weverton. Depois de dois anos com os treinos fechados por causa da pandemia da covid-19, as caminhadas dos atletas até o CT ajudaram a manter alguma proximidade com os torcedores.
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