Sócio de rede de barbearia acusa CEO da Taunsa de calote em negociação
CEO do grupo Taunsa, parceiro do Corinthians, Cleidson Cruz é acusado de não honrar um contrato firmado em fevereiro de 2018 no valor de R$ 135 mil com a Confraria da Barba — franqueadora com sede em Campinas (SP). No último trimestre de 2017, após reuniões com os donos da barbearia, o empresário do agronegócio se comprometeu em comprar o direito de uso da marca em quatro franquias que seriam construídas no Estado de São Paulo. No entanto, jamais realizou qualquer pagamento. No Corinthians, o acordo com a Taunsa está suspenso no momento, devido ao atraso em pagamentos.
Em contato com o UOL Esporte, Leonardo do Prado, um dos sócios-proprietários da Confraria da Barba, relatou ter sido vítima de calote por parte de Cleidson. Além dos R$ 135 mil não honrados, o CEO da Taunsa teria se omitido do pagamento da multa assinada em contrato no valor de R$ 200 mil e ainda gerado prejuízo ao caixa da empresa de pelo menos R$ 12 mil. Houve também a perda de uma franquia da marca, localizada em Piracicaba, no interior paulista.
"O Cleidson frequentava uma das nossas lojas em Campinas e um dia nos pediu a compra de quatro lojas, disse que queria dar uma de presente para a filha. Como ele não é do ramo, não sabe nada de barbearia, pedi para ir com calma, mas ele bateu o pé pelas quatro lojas. Na época, cobrávamos R$ 40 mil por unidade. Como ele estava fechando quatro de uma só vez, fechamos em R$ 135 mil pela taxa de franquia. Chegamos a definir lugares, passar as informações para ele, tivemos custos com isso, mas quando chegou a data do primeiro pagamento ele não o fez", explicou Leonardo do Prado.
Apenas com a pesquisa de mercado para conhecer os potenciais pontos de instalação das quatro novas franquias e seu público consumidor, a Confraria da Barba alega ter desembolsado algo em torno de R$ 12 mil. Ainda, segundo as informações passadas por Leonardo, uma das filhas de Cleidson foi contratada pela franqueadora para aprender sobre o ramo de beleza masculina, enquanto as lojas contratadas por seu pai não saíam do papel.
Em meio a isso, segundo Leonardo, um dos franqueados da Confraria — localizado em Piracicaba — demonstrou interesse em vender seu direito de uso de marca para algum interessado. Cleidson, então, fez uma oferta e comprou a quinta loja da franqueadora. Contudo, o empresário da Taunsa jamais honrou com os compromissos firmados. A loja precisou ficar sob a gestão de Leonardo e seus sócios até que fechasse as portas levando mais um prejuízo.
"Chegou um determinado momento que eu falei: 'cara, você quer desistir do negócio?'. Ele respondeu que não, que não iria desistir. A coisa foi indo, a gente assumiu a gestão da loja e, quando chegava a hora de pagar funcionários e fornecedores, ele sumia. Tirei dinheiro do meu bolso. O absurdo maior foi quando a filha dele foi pagar as contas, pediu que um dinheiro fosse transferido para a conta dela porque algumas coisas precisavam ser pagas em dinheiro e eu acabei transferindo. Ele nunca pagou nada e nunca mostrou os comprovantes. As contas tiveram de ser pagas por nós e fechamos a loja. Não posso mais abrir uma loja em Piracicaba, é um mercado que se fechou."
A reportagem do UOL teve acesso aos documentos assinados por Cleidson pela compra das franquias e também a troca de mensagens com os sócios da Confraria da Barba. Por mais de um ano, o CEO da Taunsa foi cobrado pelos pagamentos em atraso, porém nunca honrou os compromissos.
Em determinado momento da negociação, em 26 de fevereiro de 2018, Cleidson alegou, em trocas de mensagens pelo WhatsApp, que estava com "dificuldade em realizar operação internacional e, por isso, terá que adiar o ingresso na Confraria". Em outra mensagem, datada do dia 16 de abril de 2018, o CEO da Taunsa explica que foi orientado pelos seus consultores jurídicos e financeiros a declinar do investimento por conta do recebimento de uma "multa pesada no Mato Grosso".
O que chama a atenção é o fato de, 11 dias antes, Cleidson ter solicitado à Confraria da Barba a mudança do contrato de compra da franquia de Piracicaba para o nome de Andréia Carolina Cruz, sua irmã.
Procurado pelo UOL Esporte, Cleidson Cruz informou que estava ontem (11) no Canadá, porém atendeu a reportagem e enviou a seguinte mensagem:
"Trato todas as pessoas com muito respeito. Não sei o porquê desta matéria, caso o Leonardo, com quem você falou, tenha algo contra mim e, neste caso o contrato que ele te enviou de 2018, como você mencionou no e-mail, ele tem os meios legais para fazê-lo. Com todo respeito que tenho pela imprensa, eu não vou comentar. Acho muito estranho ele ter procurado vocês para este assunto, sendo que em todas as semanas estou na Confraria da Barba."
Questionado sobre o tema, Leonardo do Prado confirmou a informação de que Cleidson ainda é um dos clientes de uma das franquias de Campinas. No entanto, o endereço da barbearia frequentada pelo empresário é diferente do da franqueadora. O sócio-proprietário da Confraria da Barba explicou que não procurou a Justiça para pleitear seus direitos por conta do histórico de CEO da Taunsa.
"Fui atrás de um advogado para processar o Cleidson, mas ele já tinha vários processos nas costas. É sempre o mesmo modus operandi: promete mundos e fundos, diz que vai fazer e acontecer, mas é só isso. Para entrar contra o Cleidson eu teria um custo de uns R$ 7 mil. Eu já tinha tomado tombo com a loja de Piracicaba e com o contrato não honrado e não estava disposto a perder mais dinheiro. Fiz isso para que as pessoas saibam quem ele é", finalizou.
Taunsa e Corinthians
Empresa gerida por Cleidson Cruz, a Taunsa assinou em dezembro do ano passado contrato de parceria comercial com o Corinthians. No anúncio, o clube explicou que a chegada do patrocinador viabilizou a contratação do volante Paulinho. No entanto, conforme revelou o Blog do Perrone no UOL, a empresa do agronegócio não honrou pelo menos parte dos compromissos com o Timão.
Em 1º de abril, o Corinthians divulgou nota ao mercado informando que suspendeu as entregas publicitárias firmadas no contrato com a Taunsa:
"O Sport Club Corinthians Paulista informa que estão suspensas as entregas previstas no contrato com o grupo Taunsa a partir desta sexta-feira (1).
O clube continua as conversas com a empresa a fim de buscar uma solução amigável para o cumprimento dos compromissos já assumidos pela Taunsa, sem perder de vista a celeridade necessária e a prioridade dos interesses corinthianos, mantendo a confidencialidade devida em relação aos detalhes de tal negociação.
Atenciosamente,
Sport Club Corinthians Paulista".
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