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Saída de Vitor Roque do Cruzeiro gera desavença entre Ronaldo e Mattos

Alexandre Mattos e Ronaldo juntos em Madri  - Reprodução/Instagram
Alexandre Mattos e Ronaldo juntos em Madri Imagem: Reprodução/Instagram

Lohanna Lima

colaboração para o UOL, em Belo Horizonte, MG

13/04/2022 04h00

A transferência do jovem Vitor Roque do Cruzeiro ao Athletico esquentou os bastidores dos dois clubes, com direito a palavras fortes de ambos os lados. No início da noite de ontem (12), a Raposa, por meio de um comunicado oficial, não poupou críticas ao clube paranaense, ao empresário André Cury e ao diretor de futebol Alexandre Mattos. O último, no entanto, utilizou a imprensa para rebater o clube celeste, citando uma ligação que teria ocorrido entre ele e o próprio Ronaldo Nazário em meio à negociação pelo jogador de 17 anos.

"Não nos assusta o fato de tal processo ter sido articulado por André Cury e Alexandre Mattos, ex-diretor de futebol do Cruzeiro —que hoje exerce cargo similar no Athletico Paranaense. É notório que ele faz uso das informações contratuais que carregou do Cruzeiro em benefício de seu novo empregador", disse o Cruzeiro em trecho da nota.

Ao tomar ciência do posicionamento do clube celeste, Alexandre Mattos rebateu as insinuações dizendo que Ronaldo havia demonstrado interesse em contar com o zagueiro Zé Ivaldo e com o atacante Jajá e que, para isso, teria oferecido Roque ao Athletico por R$ 40 milhões, além da liberação dos dois jogadores. O Furacão, no entanto, pagou R$ 24 milhões para levar a jovem promessa para Curitiba.

"Recebi uma ligação do Ronaldo, que estava junto com o Paulo André. Eles estavam tentando contratar o Jajá, do Athletico, e me pediram para ajudar. Essa ligação foi no domingo, por volta de 10h da manhã. Ronaldo me perguntou se queríamos comprar o Vitor Roque. Eu disse que gostaria, mas que não tinha dinheiro, pois seriam milhões de euros. Ele disse 'me paga R$ 40 milhões e empresta o Zé Ivaldo e o Jajá'", contou Mattos entrevista à Rede 98.

Ainda de acordo com Mattos, ele entrou em contato com André Cury, que informou que Roque sairia do Cruzeiro de toda forma, pois havia dois clubes interessados em pagar a multa. E que a partir disso, o Athletico se inteirou do valor contratual e entrou na disputa.

"Ele [Cury] me falou dois clubes que iam pagar a multa. Perguntei e aí soube que eram R$ 24 milhões. Então, eu disse que queria o jogador, liguei para o [Mario Celso] Petraglia [presidente do Athletico] que me disse para avisar a Ronaldo que emprestaríamos Zé Ivaldo e Jajá, mas que pagaríamos a multa", completou o dirigente.

Cury cita 'abandono' do Cruzeiro

Também por meio de nota divulgada à imprensa, o empresário de Vitor Roque, André Cury, deu sua versão sobre as tentativas de conversas com a diretoria do Cruzeiro para negociação de aumento de salário para o jogador, no valor proposto de R$ 60 mil. O empresário divulgou datas e prints de conversas por meio do WhatsApp que, segundo ele, mostram que as tratativas estagnaram cerca de 20 dias após o contato inicial.

"Abandonado pela atual gestão, o atleta aceitou a proposta salarial ofertada pelo Athletico Paranaense que veio a desaguar na rescisão unilateral do contrato, cuja decisão foi comunicada ao Cruzeiro em data de 11/04/2022. (...) A atual gestão do Cruzeiro para tirar o foco da sua incompetência perante os seus torcedores e para enganar os mais desavisados passou de forma hostil e destemperada a desconstruir a imagem de André Cury, o que é inaceitável. O Cruzeiro será Notificado Extrajudicialmente para identificar o nome do autor e a sua qualificação para que sejam imputadas as responsabilidades pelo crime de injúria e difamação, sem prejuízo das demais medidas judiciais cabíveis", rebateu o empresário.

O Cruzeiro possui dívidas que chegam a quase R$ 7,5 milhões com Cury. Os valores são de comissões que o empresário teria direito a receber por dez negociações de atletas intermediadas por ele. Entre alguns nomes estão o de Kunty Caicedo —que gerou dívida com Independiente del Valle e resultou em recente transfer ban ao time mineiro.

Cruzeiro indica briga judicial

De acordo com a Raposa, o valor do pagamento da multa pelo Athletico ainda não foi disponibilizado e seria menor do que o Cruzeiro tem direito. Segundo apurou o UOL Esporte, uma disputa judicial pelos direitos envolvendo o jogador não está descartada.

"Ao longo de todo o mês de março, a diretoria de futebol estabeleceu diversas conversas e negociações com os agentes André Cury e Francisco Rocha, caminhando para a formalização do novo vínculo com o ajuste salarial pretendido por eles para a renovação do contrato de trabalho do atacante. Entretanto, em vias de finalizar o negócio, as respostas obtidas começaram a se tornar esparsas e evasivas. O Cruzeiro, verificando a obscena e já conhecida falta de ética de André Cury, mas determinado em contar com o atleta, e no exercício do seu direito de renovação do primeiro contrato de trabalho previsto pela Lei Pelé, foi diligente e formalizou sua proposta com protocolo do documento na Federação Mineira de Futebol", pontuou o Cruzeiro no comunicado.

"Em se confirmando tal pagamento - ainda não disponibilizado ao clube - tratará de um equívoco técnico do atleta, de seu staff e do clube por trás da contratação. O Club Athletico Paranaense terá depositado em juízo quantia menor do que o previsto no § 11 do Art. 29 da Lei Pelé, que toma por base os salários ofertados pelo Cruzeiro Esporte Clube ao atleta. (...) De qualquer forma, o Cruzeiro Esporte Clube, com tranquilidade e conhecedor de seus direitos, não hesitará em adotar as medidas necessárias para preservá-los", completou o clube celeste.