Topo

Grêmio

Grêmio: Roger conta causos e vai de Geromel estagiário a lição na Colômbia

Lucas Uebel/Lucas Uebel/Gremio FBPA
Imagem: Lucas Uebel/Lucas Uebel/Gremio FBPA

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

14/04/2022 04h00

A lição ouvida durante a final da Copa Libertadores de 1995, a brincadeira com o físico de Pedro Geromel durante avaliação do zagueiro então na Alemanha e a busca por um titular capaz de ocupar o papel de "sétimo jogador", na teoria, para se defender. Roger Machado completa sete semanas à frente do Grêmio, nesta segunda passagem, já com histórias e causos em entrevistas coletivas. O traço da figura pública do treinador também é uma estratégia para ajudar na missão de conduzir o time de volta à elite do futebol brasileiro.

Hoje (14), Roger completa 55 dias como treinador do Tricolor. No cargo há quase dois meses, ele já ficou à beira do gramado em dez partidas e concedeu várias entrevistas. O UOL Esporte separou trechos de manifestações do técnico que fugiram do roteiro.

Tensão e calma na Colômbia

As sensações de Roger no segundo jogo da final da Libertadores contra o Atlético Nacional de Medellin-COL foram resgatadas após um Gre-Nal. O treinador citou a partida de 1995 como exemplo da relação entre jovens e experientes.

"Que os jovens brilhem protegidos pela sombra dos mais experientes (...) Me recordo como se fosse hoje da final da Libertadores, depois de 3 a 1 no Olímpico, a gente saiu perdendo de 1 a 0, e eu tinha 20 anos. A jogada do gol [do Nacional de Medellín] saiu pelo meu lado e, mesmo que eu não tivesse obrigatoriamente uma falha, vi o estádio vir abaixo e procurei logo os mais experientes. O primeiro contato que eu fiz foi com o [Luis Carlos] Goiano. Sem ouvir o que ele me disse, lendo os lábios dele, entendi ele falar: 'calma, neguinho. Não aconteceu nada, continua jogando e vamos lá'. Aquilo jogou tranquilidade no meu corpo e me permitiu ficar na partida. Por isso falo em caras [experientes] como suporte. Isso pode acontecer com [jogadores de] 20 anos, 21, 25", disse.

Soltaram os bichos!

A passagem foi revelada depois da final do Gauchão. Lucas Silva e Roger Machado comentaram sobre a expressão usada no vestiário para motivar o elenco.

"Depois do clássico Gre-Nal de 3 a 0, a gente estava conversando e sempre ouço o ambiente. Tento construir o elemento motivacional que vou usar. Evito, do fundo do coração, usar a crítica como elemento motivacional. Não gosto. Não gosto. Temos que ter motivação interna. Não tenho que me motivar pela crítica, pela vaia. Mas fico buscando o ambiente. E estava falando com o Diego [Cerri, executivo de futebol] e ele: 'e aí, encontrou alguma coisa'. E falei: 'pensei no clássico' e ele falou 'às vezes eles pareciam uns bichos, o Tonhão concentrado, o Pedro [Geromel] como se estivesse na caça, e aí surgiu essa coisa de abrir o vestiário e soltar os bichos'", comentou o treinador.

O sétimo jogador

Ao falar sobre a formação e estratégia do Grêmio, Roger contou uma ideia bem específica para usar durante os jogos. A busca do treinador foi por um atleta capaz de ajudar a defesa. Mas a explicação foi mais elaborada.

"A gente encontrou uma estrutura e prefiro não chamar de três volantes. Por que não chamar de três atacantes? Desde que cheguei, na conversa com os atletas, friso que preciso encontrar meu sétimo jogador. Com sete jogadores atrás da linha da bola eu não levo gol. Seis todo mundo tem, os quatro da defesa e mais dois do meio. O sétimo, neste caso, é o Bitello, o Gabriel. Eles têm força para defender e chegar à frente", revelou o técnico.

Geromel com DVD e porte de estagiário

Em 2013, Roger estava no Grêmio como integrante da comissão técnica e recebeu a missão de analisar vídeos de um jogador que havia entrado no rol de possíveis contratações do clube. O DVD era de Pedro Geromel, então no Colônia-ALE.

"Outro dia, em uma das palestras, tive o prazer de contar que fui designado para analisar o DVD do Geromel, quando da indicação dele ao clube. Disse a ele, agora, o que falei ao diretor naquela época: 'é um magrelo alto, desengonçado, mas ninguém passa por ele. Ele dá um jeito, mete o pé. Não deve ter mais de 80 quilos e parece um estagiário de direito, mas por mim pode trazer. Vai ajudar'. É um prazer dividir o vestiário com ele", comentou.

O Grêmio volta a campo contra a Chapecoense, amanhã (15), na Arena do Grêmio, pela segunda rodada da Série B. Depois do jogo, Roger pode atualizar a lista de causos com novas histórias.

Grêmio