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Pedro deveria ter chutado Fla por Palmeiras, diz goleador da Libertadores

Lopes comemora gol pelo Palmeiras diante do Bahia, pelo Campeonato Brasileiro de 2001, no Parque Antartica - Francio de Hollanda / Folha Imagem
Lopes comemora gol pelo Palmeiras diante do Bahia, pelo Campeonato Brasileiro de 2001, no Parque Antartica Imagem: Francio de Hollanda / Folha Imagem

Augusto Zaupa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

17/04/2022 04h00

O Palmeiras bem que tentou, e muito. Acenou com a possibilidade de pagar até R$ 110 milhões e ainda envolver algumas jovens promessas no negócio. O Flamengo, no entanto, foi incisivo e bateu o pé: Pedro fica na Gávea. A negativa rubro-negra frustrou a torcida alviverde, que tanto sonha com a chegada de um verdadeiro camisa 9. Mas, se dependesse de Lopes Tigrão, o atacante já estaria vestindo verde e branco.

"No nosso sonho [de torcedor], o [centroavante ideal] seria o Pedro, mas o Pedro não quer vir. Se eu fosse ele, já tinha brigado com o Flamengo, dava um chute naquele troço lá e tinha partido", disse o ex-jogador, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

"Pô, eu vou ficar no banco sem render, né! Eu teria vindo já", acrescentou Lopes, que foi artilheiro da Copa Libertadores de 2001 pelo Palmeiras, com nove gols. Naquela temporada, o time paulista caiu nas semifinais perante ao Boca Juniors, que acabou ficando com o título.

A convicção de Lopes em Pedro é tamanha, que o ex-atleta faz apenas uma ponderação em relação trabalho do técnico português Abel Ferreira:

"Eu só mudaria uma coisa, colocaria um centroavante na frente. De resto, perfeito. Sobre o Abel, para mim, deveria ser o nosso treinador da seleção brasileira, ele é muito estrategista, um cara bem estudado, sabe as performances dos adversários. Ele é muito bom", elogiou.

Desde a estreia, em 5 de outubro de 2020, Abel Ferreira esteve em nove finais e conquistou cinco títulos pelo Palmeiras — Libertadores (2020 e 2021), Copa do Brasil (2020), Recopa Sul-Americana (2022) e Paulistão (2022). As conquistas fizeram o português cair nas graças da torcida. Tanto que Lopes, "palmeirense roxo", espera por mais taças ainda nesta temporada.

"Com certeza, esse ano a gente ganha mais dois ou três canecos aí", almejou o ex-atacante, que, entre 2000 e 2002, disputou 99 jogos com a camisa palmeirense, anotando 28 gols — conquistou o título da Copa dos Campeões.

Confira outros trechos da entrevista com Lopes:

Palmeiras até no bairro

"Comecei mesmo nas categorias do Palmeirinha, em Pinheiral (RJ), depois, com os meus 13, 14 anos, eu fui pra escolinha do Volta Redonda. Inclusive, onde eu moro chama Palmeiras também. Moro na rua das Palmeiras, bairro Palmeiras. Está tudo em casa (risos). Dá uns 15 kms de Volta Redonda."

Lopes em ação pelo Palmeiras em jogo contra o Paraná, no Parque Antartica, pelo Brasileirão 2001 - Almeida Rocha/Folha Imagem - Almeida Rocha/Folha Imagem
Lopes em ação pelo Palmeiras em jogo contra o Paraná, no Parque Antartica, pelo Brasileirão 2001
Imagem: Almeida Rocha/Folha Imagem

Chegada ao Palmeiras, em 2000

"Foi o [Flávio] Murtosa [que pediu a contratação]. Ele foi ver um jogo contra o Botafogo (Volta Redonda x Botafogo) pelo Campeonato Carioca e fez a contratação. Este jogo eu estava no banco, entrei e fiz dois gols. Eu não sei se o Murtosa foi pra me ver, mas ele estava lá no jogo. Na época o Murtosa estava com o Felipão, só que o Palmeiras estava disputando a Libertadores. Eles estavam disputando as semifinais, foi nessa época que eu cheguei".

Libertadores 2001

"Foi uma honra ser o artilheiro do time na competição. Jogar ao lado de tantos craques e ainda mais sendo o artilheiro, quase chegando na final da competição. Se não fosse o roubo lá [semifinal contra o Boca em La Bombonera], o histórico que aconteceu, a gente estaria na final e até no próprio Mundial de Clubes. O Palmeiras, na época, poderia ter entrado na Conmebol para fazer a reivindicação de um outro jogo, mas ficou naquilo. [Na volta] foram duas falhas dos nossos jogadores e perdemos muitos gols. Tivemos que empatar com um jogador a menos [o zagueiro Alexandre foi expulso] ."

O árbitro paraguaio Ubaldo Aquino teve uma atuação desastrosa no jogo de ida em Buenos Aires, que terminou empatado em 2 a 2. Ele deu um pênalti inexistente de Alexandre em Barijho e deixou de marcar uma penalidade clara do goleiro Córdoba em cima de Fernando. No jogo da volta, houve empate pelo mesmo placar e o Boca acabou avançando nos pênaltis.

Rebaixamento do Palmeiras em 2002

"Pior momento não, porque eu não joguei. Não cheguei a jogar muito o Brasileiro, não tirando a minha responsabilidade, mas eu joguei três ou quatro partidas, porque eu machuquei o joelho, tornozelo... Esse ano de 2002, eu não consegui jogar. Mas a minha pior lembrança foi de não ter ficado no Palmeiras em 2003 para conseguir o acesso para Série A. Isso aí foi tão ruim pra mim, foi por causa do Jair Picerni, essas coisas todas. Ele não me queria lá, se ele me conhecesse, mas ele não quis."

Vida mudou após o Palmeiras

"Eu não se conseguia mais andar na rua, essas coisas todas. Era bastante conhecido. Não poderia fazer as coisas normais que a gente fazia, aquela proibição dos clubes e foi mudando. Quando você chega num time grande já tem essa mudança, e ainda mais você se tornando conhecido, famoso, fazendo gols, essas coisas todas acaba tendo algum tipo de proibição do clube. Você mesmo acaba não fazendo nada, como ir ao mercado, coisas que você fazia antes."

Noitadas

"Fiz tudo o que um jovem normal da minha idade fazia. Não vou falar que hoje eu me arrependo de tudo isso, para mim foi normal. Eu era jovem e queria aproveitar a vida de certa forma, mas não me atrapalhou. Só saia no dia vago [de folga], não tem como atrapalhar. Por exemplo, eu vou jogar no domingo, não saía no sábado, não tinha como. A gente se concentrava na sexta-feira, não tinha nem como sair na sexta. Então, não interferiu em nada não."