Em 2 anos de obras, Atlético-MG vê custo do estádio ir para quase R$ 900 mi
O dia 20 de abril é uma daquelas datas que o torcedor do Atlético-MG guarda com carinho, não por uma grande vitória ou pela conquista de algum título, mas pelo início da construção da Arena MRV. Há exatos dois anos, o Galo iniciava a construção do futuro estádio do clube, que tem inauguração prevista para maio de 2023.
Com cerca de 50% das obras já concluídas e a previsão de término é para outubro deste ano, o atleticano convive com um misto de expectativa e ansiedade pela nova casa, enquanto a diretoria do clube se preocupa com os custos finais da obra, que neste momento está previsto em quase R$ 900 milhões.
A variação entre o preço orçado e o preço final tem algumas explicações, como a inflação do período. Em 2017, quando o Conselho Deliberativo aprovou a venda de 50,1% de um shopping localizado na Região Centro-Sul de Belo Horizonte, o custo somente com o estádio era de R$ 450 milhões. Mas de lá para cá, os insumos ficaram mais caros, por exemplo. O preço corrigido do estádio foi para R$ 650 milhões, ainda dentro do que estava planejado pelo clube, que toca a obra com recursos próprios.
Mas o que não estava na conta eram as contrapartidas solicitadas pela Prefeitura de Belo Horizonte. Por se tratar de uma construção de grande porte, o Atlético precisa entrar algumas benfeitorias em troca do alvará de funcionamento, para diminuir o impacto do estádio no trânsito da cidade e na região do estádio. E é justamente essas contrapartidas que fizeram o custo final da Arena MRV ir para R$ 870 milhões, de acordo com estimativa da diretoria alvinegra.
"As obras estão ficando mais caras porque nós vamos ter que cumprir com algumas condicionantes que são caríssimas. Acreditamos que essas condicionantes vão custar para o Atlético entre R$ 200 milhões a R$ 240 milhões. Para se ter uma ideia, quando foram construídos os estádios para a Copa do Mundo, cada estádio pagou uma média de R$ 30 milhões em contrapartidas, talvez nem isso. E o Atlético está pagando entre R$ 200 e R$ 240 milhões. Realmente ficou muito caro", explicou o presidente do Atlético, Sérgio Coelho, que comentou ainda sobre o preço final da obra
"O estádio custaria R$ 650 milhões para o Atlético, mas vamos gastar mais R$ 220 milhões e vai ficar em R$ 870 milhões", disse o dirigente atleticano.
É importante destacar que o Atlético-MG tem alguns mecenas na retaguarda, que viabilizaram a obra. Rubens Menin, por exemplo, doou o terreno do estádio e comprou o nome. Já Ricardo Guimarães garantiu o empréstimo de recursos necessários caso a venda de cadeiras não seja suficiente para a conclusão da obra.
Impacto no futebol
Apesar da dívida que está em R$ 1,4 bilhão, o Atlético está erguendo a Arena MRV com 100% de recursos próprios, sem que tenha um impacto no futebol. O clube usou ativos do próprio, além de vender metade de um shopping que possui na região nobre de Belo Horizonte. Foram R$ 350 milhões pela venda de 50,1% do empreendimento comercial, que se tornaram quase R$ 400 milhões pelo tempo que o dinheiro ficou aplicado até o início das obras, mais R$ 60 milhões pelo nome, negociado com a MRV, e o restante através das vendas de cadeiras cativas e camarotes, pelo período de 15 anos.
O faturamento previsto chegaria aos R$ 650 milhões, o que era o suficiente para concluir o estádio. Mas como a PBH exigiu mais de 100 contrapartidas do Atlético, como intervenções viárias e construção de passarelas, a solução encontrada foi aumentar o número de ingressos cativos, através das cadeiras e camarotes. Se inicialmente o clube previa antecipar a renda de aproximadamente 4,5 mil lugares para a construção do estádio, agora serão cerca de 9 mil assentos colocados à disposição dos torcedores.
Uma cadeira na Arena MRV custa entre R$ 39,5 mil a R$ R$ 46,7 mil, de acordo com a localização e dá direito a entrada em todos os jogos do Atlético durante 15 anos. Por se tratar de uma antecipação de bilheteria, o futebol do Galo não é impactado neste momento. Mas será nos primeiros 15 anos de uso da Arena MRV, pois o clube estima que deixará de arrecadar cerca de R$ 20 milhões por ano por ter 20% do estádio com entrada garantida nas partidas oficiais da equipe.
Conclusão da obra
Existe diferenças entre as contrapartidas solicitadas ao clube. Para que tenha direito de mandar jogos no estádio a partir de maio de 2023, como está previsto, as obras viárias precisam ser concluídas também. Obras que ainda não começaram. Será de responsabilidade do Atlético a construção das vias de acesso à Arena MRV, como melhorias no Anel Rodoviário e na Via Expressa, os dois principais caminhos para a futura casa alvinegra.
"No final do ano o estádio fica pronto, mas algumas obras de contrapartidas. Vamos levar um tempo para concluir. Aquelas que interferem no estádio, como a construção de uma avenida para chegar ao estádio, uma intervenção no Anel Rodoviário, temos que fazer logo. Outras podem esperar, estamos negociando com a Prefeitura para fazer mais adiante, tentando um tempo maior para concluir", comentou Sérgio Coelho.
A conclusão da Arena MRV está prevista para outubro. Mas entre a finalização da obra e a autorização para o primeiro jogo, é necessário a realização de inspeções e eventos testes, por isso a previsão de que a partida inaugural na Arena MRV seja disputada apenas em maio de 2023. Há o aumento gradativo do público a cada evento teste, até que o estádio seja liberado para 100% da capacidade, que será de 46 mil pessoas.
O primeiro evento aberto ao público do estádio será o nascimento do campo, marcado para 25 de março de 2023, data dos 115 anos de fundação do Atlético, que será acompanhado por 10 mil torcedores. Serão colocadas as traves, marcadas as linhas e dado o primeiro chute no gramado.
Por enquanto a obra está dentro do cronograma e a conclusão segue prevista para outubro deste ano, apesar da elevação considerável dos custos. "A construção está numa velocidade impressionante e está ficando maravilhoso. Quando a gente chega no estádio, a gente sente um clima fantástico. A ansiedade é muito grande para ver tudo pronto. A casa do vai dar orgulho para todos os atleticanos. A Arena MRV será a mais bonita e com maior tecnologia de toda a América Latina", completou o presidente Sérgio Coelho.
Caso não aconteça nenhum atraso, o jogo inaugural será dia 23 de maio, contra uma equipe internacional. O desejo da direção do Atlético é enfrentar algum gigante europeu, mas o adversário ainda não está definido.
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