Primeiro desafio de Mano no Inter é simplificar ajustes para chamar torcida
Sobram desafios para Mano Menezes. Apresentado como técnico do Inter no início da tarde de hoje (20), o treinador chega com atribuições imediatas na equipe e precisa apressar os processos em meio a jogos decisivos.
O primeiro dia de trabalho efetivo do novo treinador será amanhã (21). Na manhã de hoje, ele apenas acompanhou a atividade no CT Parque Gigante e conversou com diversos membros de comissão técnica, como o diretor técnico Paulo Autuori, Julinho Camargo, que trabalha na transição entre categorias de base e principal, e o preparador de goleiros Daniel Pavan. Mano foi contratado acompanhado apenas pelo auxiliar Sidnei Lobo.
A estreia está prevista para sábado, contra o Fluminense, pelo Brasileiro. E logo em seguida, o Colorado já tem jogo decisivo contra o Independiente Medellín (COL), pela fase de grupos da Sul-Americana.
Simplificar ajustes
Mano Menezes disse, em sua entrevista coletiva de apresentação, que não é um treinador que chega com uma receita pronta de como montará sua equipe. Para tirar o melhor do grupo do Inter, o plano é, primeiro, simplificar ações. Dando ao elenco atribuições possíveis de serem atingidas no estágio atual de comando, ele crê que poderá encurtar a distância até o melhor rendimento.
"Eu sempre penso o futebol primeiro na parte tática. Uma equipe bem organizada taticamente se faz recuperar muita coisa. E quando as coisas precisam ser recuperadas, simplificar é o caminho inicial. Colocar as coisas nos seus devidos lugares", disse Mano.
"Se tem 10 coisas complexas que devemos fazer no jogo e não conseguimos nenhuma, no jogo seguinte, se fizermos cinco delas bem, estamos avançando, a confiança já aumenta, e a parte anímica vem junto. Isso é um contexto", explicou.
Entender as características do grupo
Para montar o melhor Inter, Mano acredita que não basta simplificar as necessidades do time sem compreender as características de cada jogador. E isso muda muito da observação de fora para o dia a dia de treinos e jogos.
Será conhecendo melhor os atletas e seus comportamentos que o treinador irá definir um perfil de time, uma ideia de jogo que todos consigam realizar o quanto antes e com sucesso.
"Eu procuro montar meus times com uma linha de quatro defensores, uma saída de três com dois zagueiros e um lateral. Mas vou procurar respeitar a características de quem estiver na formação, porque isso é tentar tirar o melhor de cada um. Vamos, sim, construir com qualidade porque hoje se você não fizer isso, dificilmente estará entre as primeiras equipes do futebol brasileiro. Todos trabalham pressão alta, marcação forte, todos trabalham com suas características. E vamos fazer exatamente isso. Exige muito trabalho, mas temos um potencial de melhora bastante grande com um elenco capaz de nos aproximar daquilo que queremos", disse.
"Minhas equipes já jogaram de todas as maneiras. Depende dos jogadores e suas características. No Cruzeiro, baixamos as linhas quando o time ficou com mais idade. E a idade não perdoa ninguém. Os bons também ficam velhos. No Corinthians, queriam que eu marcasse alto, e meu centroavante era o Ronaldo Nazário. Não iria dar. Imagina eu chegar para o Ronaldo e pedir para ele marcar? Nunca marcou na vida, não seria no fim da carreira que iria marcar. Eu gosto e também acho bonito o que vejo na Europa, e procuro fazer isso quando eu posso, uma forma agradável do time jogar. Mas vou montar o time do Inter com as características que temos e tentar escolher o melhor time, que renda melhor, obedecendo às características dos jogadores que temos e ao futebol que queremos", acrescentou.
Reconquistar a torcida
Todo o plano coletivo serve para catapultar individualidades e reconquistar a torcida. Se a realidade de 2022 tem sido de vaias e cobranças pelo rendimento abaixo do esperado do Inter, Mano Menezes mira alterar o cenário com crescimento e resultados.
"Se as coisas estão bem, o torcedor vem com a equipe. A parte anímica de um jogo muda completamente, principalmente se estamos jogando como mandantes", disse.
"O torcedor mesmo pode entender como é importante que ele apoie a equipe. E nós temos que entender como é importante termos o torcedor do nosso lado. Sempre construir algo que vá na direção do que o torcedor quer. Por isso a identidade é tão importante. O torcedor quer ver dentro de campo o que ele pensa sobre futebol. Eu penso que trabalhar nessa direção é fundamental. E temos que comunicar ao torcedor da forma correta o que estamos construindo. Às vezes se cria falsas expectativas com uma comunicação não tão boa. E a expectativa pode vir acompanhada de frustração. Temos que mostrar as coisas, transmitir a ideia de que a evolução continua. Às vezes pode não ser tão rápido como se espera, mas que o torcedor sinta uma possibilidade de melhora, e assim esteja do nosso lado", opinou.
Para mano, o crescimento coletivo pode acabar com as insistentes vaias contra alguns atletas. Casos de Moisés, Rodrigo Dourado e Wesley Moraes, que recentemente foram cobrados pela torcida no Beira-Rio.
"Quando uma equipe não tem desempenho, não tem jogador que esteja bem. Raramente você vai ver alguém que esteja bem individualmente. É por isso que os treinadores sempre defendem a parte coletiva. Isso estando bem, estamos mais próximos das vitórias e os jogadores começam a se sobressair. Assim, o torcedor não pegará no pé de ninguém, porque é isso que a torcida quer, as vitórias", explicou.
Mano Menezes assinou contrato até o fim do ano com o Colorado.
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