Ficar no banco ajudou brasileiro de R$ 300 milhões a explodir na Inglaterra
Bruno Guimarães fez os dois gols da vitória por 2 a 1 do Newcastle sobre o Leicester no último domingo (17), em partida importante da reta final do Campeonato Inglês. O brasileiro é recém-chegado ao país e só jogou cinco vezes como titular, mas tem mostrado uma adaptação rápida que rende elogios dentro do clube e um começo de idolatria por parte de torcedores.
O UOL Esporte conversou com pessoas próximas a ele e com quem vive os bastidores do Newcastle para descobrir os segredos que explicam o sucesso imediato do jogador comprado em janeiro por 52 milhões de euros (pouco mais de R$ 300 milhões, na cotação da época) pelo clube mais rico do mundo.
Depois do jogo contra o Leicester, Bruno Guimarães declarou que se prepara para ser uma "lenda" do Newcastle. A frase ambiciosa é justificada pelas reações dos torcedores locais. Bruno já é protagonista de cantos das arquibancadas. A primeira é uma paródia simples do riff de abertura da música "Seven Nation Army", da banda The White Stripes: "ô ô ô ô, Bruno Guimarães". A outra é mais complexa, tem vários versos. Entre eles, um que diz que "ele poderia ter assinado com o Arsenal, mas disse que nem f...".
Também viralizou o vídeo de um homem se jogando num rio congelado com a camisa do Newcastle em homenagem ao brasileiro e uma série de outros casos que o diário inglês "Chronicle Live" definiu como uma paixão dos torcedores por Bruno Guimarães.
A explicação para esse sentimento todo por alguém que só fez 11 jogos passa pela rapidez com que o jogador se adaptou ao futebol inglês. Essa adaptação, pelo que o UOL apurou, foi baseada em três pilares: a relação com o técnico Eddie Howe, a criação de um ambiente bem familiar na Inglaterra e a facilidade para se expressar em línguas diferentes. O UOL explica cada um:
Chá de banco
Bruno Guimarães estreou pelo Newcastle no dia 8 de fevereiro. Saiu do banco no finzinho da partida. Aconteceu o mesmo nos quatro jogos seguintes, o que irritou a torcida, ansiosa pelo seu reforço de R$ 300 milhões em campo num momento de luta contra o rebaixamento. O técnico Eddie Howe foi criticado, já que, vindo do Lyon em meio de temporada, o brasileiro estava em ótimas condições físicas e muito motivado para jogar. Mas precisou esperar.
Segundo ouviu o UOL, Bruno Guimarães só descobriu a razão de tanta espera para jogar com mais frequência quando a realidade mudou. Howe explicou que o plano era de que o brasileiro visse o Newcastle em ação do banco, sob uma perspectiva diferente de quem está em campo. Assim, ia compreender mais rápido as necessidades do time e onde poderia se encaixar melhor.
O meio-campista fez o primeiro jogo como titular já em março, contra o Southampton. Fez um dos gols da vitória por 2 a 1. Depois disso se firmou como titular e consolidou a adoração do torcedor por ele, até a glória contra o Leicester. Nada mau este chá de banco.
Até os cachorros
Não deu nem uma semana entre o começo das conversas e a concretização da venda de Bruno Guimarães do Lyon para o Newcastle, segundo Alexis Malavolta, empresário do jogador. Num país novo e jogando uma liga diferente por um clube do qual ouvia falar muito pouco, o brasileiro tomou a decisão de tornar o ambiente o mais favorável possível após a transferência.
Vivem com ele (ou perto dele) em Newcastle a noiva, Ana Lídia Martins, que está grávida do primeiro filho do casal, além dos pais do jogador, Dick e Marcia. Não para por aí: o empresário também foi morar em Newcastle, assim como o fisioterapeuta Marcelo Coutinho, conhecido como Rato, que se mudou com esposa e filha para a cidade inglesa e cuida dos trabalhos físicos pré e pós-jogo do brasileiro.
É uma comunidade brasileira e familiar ao redor de Bruno Guimarães que também conta com os dois cachorros do jogador, que foram embarcados de jatinho de Lyon a Newcastle. A ideia com tudo isso é deixá-lo à vontade, confortável, sentindo-se em casa. Mel e Ragnar agora são cães internacionais.
Aula todo dia
Bruno Guimarães começou a fazer aulas de francês assim que trocou o Athletico-PR pelo Lyon, em janeiro de 2020. Não sabia nada. Em quatro meses, deu a primeira entrevista em francês e ficou fluente no idioma. Já neste ano, aprendeu o inglês somente depois de negociado com o Newcastle. Demorou menos ainda, duas semanas, para conseguir se expressar com tranquilidade.
"Logo que chegou ele falou para os donos do clube por meio do intérprete, eu sei porque vi: 'me desculpe por não conseguir me expressar em inglês, mas na nossa próxima conversa vai rolar'. Foi dito e feito", lembra o empresário.
O jogador faz uma hora diária de aula de inglês de segunda a sexta-feira com a professora Larissa Rosa, de Curitiba, que conheceu por indicação de amigos em comum. Ela também foi sua professora de francês e diz aos risos que hoje ele fala o idioma melhor do que ela.
"Ele é muito dedicado nas aulas, sempre tenta não faltar e fazer os deveres de casa. Além de falar, ele já escreve bem em inglês e francês. Aprendemos verbos, vocabulário, expressões, um pouco de gramática e bastante conversação. Ele escuta palavras no dia a dia do clube e traz para aula para saber o que são. O diferencial dele é a dedicação", explica a professora.
O próximo desafio do dedicado aluno pelo Newcastle é hoje, às 15h45, contra o Crystal Palace. Pode ter mais torcedor nadando em rio congelado por aí.
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