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Exu da Grande Rio jogou futebol e foi rejeitado por gigante do Rio

Demerson D?alvaro interpretou Exu na Comissão de Frente da Grande Rio  - Divulgação Riotur
Demerson D?alvaro interpretou Exu na Comissão de Frente da Grande Rio Imagem: Divulgação Riotur

Do UOL, em São Paulo

27/04/2022 04h00

Nos últimos dias, o nome de Demerson D'alvaro ecoou a partir da Marquês da Sapucaí. Ele chamou atenção por causa de sua interpretação de Exu, orixá cultuado em algumas religiões de matriz africana, no desfile da Acadêmicos da Grande Rio, escola campeã do Carnaval do Rio de Janeiro de 2022. Mas por pouco, ele não brilhou em outros palcos. Isso porque D'alvaro quase foi jogador de futebol e ainda hoje mantém laços com o esporte.

D'alvaro contou em entrevista ao jornal carioca Extra que fez a formação como goleiro em equipes pequenas do Rio, como Art Sul e São Cristóvão, e chegou a se profissionalizar. Ele também fez testes no Fluminense, mas não passou.

"Passei por diversos clubes durante a formação. No São Cristóvão, eu fui de uma geração que veio pouco após o Ronaldo Fenômeno e tinha uma presença muito forte do nome dele por lá. Quando me profissionalizei, cheguei a jogar pelo Japeri também."

Mas, como a sorte nos gramados não lhe sorriu, D'alvaro deu uma guinada no destino e passou a fazer trabalhos como modelo.

"Como sou de família humilde, eu fui para a carreira que me vislumbrava um futuro, mas ainda penso no futebol", admitiu o ator, que não abandonou as raízes esportivas.

D'alvaro mora atualmente em Riachuelo, na zona norte do Rio, mas mantém laços com o bairro de Honório Gurgel, onde nasceu e cresceu. Foi lá que escolheu para sediar o Marimba, um projeto social de um time de futebol infantil.

"Treinamos na Vila Olímpica de Honório e mantemos contatos com clubes do Rio. No Fluminense, por exemplo, sempre falo com o presidente Mario Bittencourt. É importante fazer esse trabalho, ainda mais que leva o apelido do meu pai. É algo que me realiza muito", disse ao Extra.

Exu de outros carnavais

Não é a primeira vez que D'alvaro leva Exu para avenida. No Carnaval de 2016, ele havia interpretado Exu catiço, que não é considerado orixá na mitologia africana, na Comissão de Frente da Salgueiro. Filho de mãe evangélica e avó umbandista, ele também já personificou caboclos e pretos velhos.

Para interpretar Exu e ser um dos destaques da Comissão de Frente da escola campeã neste ano, o ator visitou terreiros e estudou sobre balés afro da Bahia. Além disso, teve ajuda de uma mãe de santo e orientação da esposa, Isadora Neves, que é candomblecista e lhe indicou livros sobre a religião.

"Fico muito feliz pois ele é merecedor. Só Exu sabe o quanto ele se dedicou e se esforçou para esse trabalho. Eu indiquei alguns livros para ele estudar e estive ao lado ajudando. Este resultado é fruto de muito estudo e dedicação. É puro trabalho", disse ela ao Extra.

Desmitificação de Exu

Com a nota total de 259.9 nos nove quesitos, a Grande Rio foi campeã pela primeira vez na história do Carnaval carioca. O enredo escolhido foi "Fala, Majeté! Sete chaves de Exu", que homenageou o orixá do panteão africano, erroneamente associado à imagem do diabo das religiões cristãs. Demerson D'alvaro foi o responsável por interpretar a entidade, que é o guardião espiritual e o elo entre os orixás e os humanos.