Flamengo: 'Poderia ter sido pior', diz mãe de menino ferido por sinalizador
A noite de Thiago Sepúlveda começou como festa, mas terminou com choro e apreensão. O jovem de 10 anos foi ao estádio San Carlos de Apoquindo, em Santiago (Chile), para acompanhar a partida entre Universidad Católica e Flamengo, na Libertadores, e, pela segunda vez na vida, ver de perto o Rubro-Negro. Filho da brasileira Danielle Carvalho, o pequeno chileno, porém, teve a alegria interrompida ao ser atingido por um sinalizador que foi arremessado na arquibancada onde se encontravam os torcedores do clube da Gávea.
Além de Thiago, um senhor também foi ferido, na cabeça, por objetos lançados na direção dos rubros-negros. Alguns entregaram a representantes da Conmebol pedras e garrafas. Em campo, o Fla venceu por 3 a 2 e se manteve na liderança do Grupo H, com 100% de aproveitamento na competição.
"[Ele] Amanheceu com o olho inchadinho, e se nota a queimadura. Ele, inclusive, falou comigo que, quando sentiu o impacto, sentiu quente. Agora, dentro do possível, está bem. Ainda processando tudo, é uma criança de 10 anos. Até comentou comigo que não consegue parar de pensar no que aconteceu, que lembra toda hora. Está muito recente", disse Danielle, que é jornalista e vive na capital chilena, ao UOL Esporte.
"Foi algo que ninguém esperava. Ele estava cantando com a torcida do Flamengo, ao meu lado. Eu estava toda feliz e orgulhosa porque ele estava cantando as músicas em português, aprendeu ali mesmo. Meu filho começou a noite feliz e saiu chorando", contou.
A brasileira lembrou do momento em que o filho foi atingido: "Eu tentei fazer um escudo. Não vi quando bateu no meu filho. Quando olhei para trás, ele estava caído no chão com o olho fechado e sangue no rosto. Graças a Deus não foi diretamente no olho dele. Poderia ter sido pior".
Aquela era apenas a segunda vez que Thiago via o Flamengo. Nascida em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, Danielle é rubro-negra e apaixonada por futebol. Ela mora há 14 anos no Chile, mas, sempre que tem a oportunidade, busca passar o amor pelo clube da Gávea ao filho.
"Quando o Flamengo esteve aqui em 2017, ele era pequeno, mas fomos ao jogo. Quando se mora em outro país e tem a chance de ver o seu time do coração, é uma coisa bacana, um acontecimento. Queria mostrar a ele também essa cultura brasileira da alegria no futebol, do jeito de torcer. Os chilenos são um pouco mais frios em relação a isso", aponta.
A brasileira, de 44 anos, lamenta a escala da violência no futebol e ressalta que, dias antes, torcedores da Universidad Católica haviam se envolvido em outro episódio no clássico com o Colo-Colo.
"No domingo teve o clássico, no mesmo estádio em que estávamos ontem, e uma minoria, não vamos generalizar, de torcedores da Católica espancaram um torcedor do Colo-Colo. Menos de cinco dias depois, acontece o que aconteceu. Não podemos normalizar isso. Se a Católica tivesse feito sanções aos torcedores envolvidos na confusão no clássico, talvez, o que aconteceu ontem pudesse ter sido evitado"
"Antes de acontecer tudo isso, os torcedores localizados atrás do gol já se mostravam violentos. Vários seguranças da Católica viram e era como se nada estivesse acontecendo. Viram eles lançarem coisas e deixaram rolar".
Danielle, agora, tem uma missão que é a de mostrar a Thiago que futebol não é a violência da qual ele foi vítima. E quer levar o filho para conhecer o Maracanã.
"Eu sempre vou ao Brasil, mas, com a pandemia, não pudemos ir. Sempre fui aos jogos do Flamengo e da Cabofriense, que é o time da cidade onde nasci e fui criada. Quero mostrar a ele que o futebol não é o que aconteceu com ele, agora. Que o futebol não é violência. Não quero que ele tenha essa imagem. Lamentavelmente, aconteceu isso com ele"
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