Auxiliar de Ceni explica estratégia do SPFC no gol de Calleri contra Santos
Tocar no Calleri virou um cântico da torcida do São Paulo e uma questão de estratégia da comissão técnica. O argentino abriu o placar na vitória por 2 a 1 contra o Santos, na noite desta segunda-feira (2), no Morumbi, após aproveitar um cruzamento da esquerda feito por Patrick.
Em entrevista coletiva depois da vitória, Charles Hembert, auxiliar que substituiu o suspenso Rogério Ceni, disse que os jogadores foram orientados a fazer cruzamentos mais altos. O objetivo era evitar os cortes de Maicon e fazer com que a disputa de Calleri fosse com Emiliano Velásquez.
No gol do argentino, foi exatamente isso que aconteceu. Patrick cruzou alto, a bola passou por Maicon e Calleri se antecipou a Velásquez para mandar para o fundo das redes de João Paulo.
"A nossa principal orientação em relação a isso era para que os cruzamentos não caíssem no Maicon, porque o Maicon é um ótimo cabeceador, que cabeceia melhor que o Velásquez. E o Patrick teve a qualidade para efetuar esse cruzamento por cima do Maicon, que caiu para o Calleri, para ele fazer o gol. Minutos depois, o Welington teve uma jogada bem parecida, mas ele fez o cruzamento mais curto e o Maicon tirou. A nossa orientação era por cima do Maicon, entre os dois zagueiros", explicou.
Calleri fez seu 13º gol na temporada, se isolando ainda mais como artilheiro da equipe em 2022. O São Paulo garantiu a vitória com Luciano, no segundo tempo, ao converter o pênalti cometido por Rodrigo Fernández.
O São Paulo fez 21 cruzamentos na partida desta segunda. Em outro, ainda no primeiro tempo, Rodrigo Nestor achou Patrick dentro da área, que acabou cabeceando para fora. Questionado, Hembert disse que a comissão técnica dá muita atenção para o quesito e disse que o clube contou com uma ajuda europeia para aprimorar também as jogadas de bola parada.
"Temos o Calleri que é um ótimo cabeceador e isso ajuda bastante. Temos bons cruzadores que também ajudam nesse quesito. Bola parada é um aspecto no qual a gente dá muita importância. Falei da ajuda de um europeu para arremesso lateral, mas também a gente recebeu uma ajuda de outro europeu sobre bola parada. Passamos bastante tempo dando importância a isso, treinando todos os dias, dando muito enfoque sobre isso. Hoje em dia, é um fato que a bola parada se tornou extremamente importante."
O auxiliar afirmou que a escalação de Patrick entre os titulares foi para que o São Paulo não ficasse apenas nas jogadas aéreas. O desejo da comissão técnica de Rogério Ceni era de que o time conseguisse mais triangulações.
"Tentamos com jogadores como Eder, Nikão ter mais tabelas, ter um time mais técnico pelo meio para tentar puxadas com Igor Gomes, com Nestor. Tentamos sempre diversificar as maneiras de fazer o gol para ser um time sempre menos previsível possível e ter mais atributos a nosso favor", completou.
Confira outras declarações de Charles Hembert:
Experiência de comandar a equipe no clássico
"Aqui no São Paulo foi a primeira vez, mas no Fortaleza já havia comandado por duas vezes. A minha experiência em um clássico foi muito tranquila, porque estava tudo bem desenhado e conseguimos executar o que tinha sido decidido. A gente tinha estudado o fato que eles jogavam em uma variação tática com um 4-2-4 ou com um losango no meio, como na primeira rodada do Brasileirão contra o Fluminense. Acabaram jogando novamente com um losango. Treinamos ontem essa possibilidade e os jogadores já estavam bem preparados em relação a isso.
O losango é um sistema que é muito interessante, mas sem a bola, quando ele não é muito trabalho, muito repetido, ele oferece dificuldades nas viradas de jogo. Porque as pontas do losango tem toda hora que balançar de um lado para o outro. Eles só tinham jogado um jogo contra o Fluminense assim, então sabíamos que eles não tinham esse controle do sistema. Foi um ponto que tentamos o máximo possível explorar. Essas viradas de jogo com o Welington afundando bem e explorando os corredores."
Saída do Patrick foi por desgaste?
"Na verdade, não foi tanta novidade assim [ele ser titular] porque ele já tinha jogado contra o Red Bull Bragantino, tinha feito um bom jogo. E a gente está tentando deixar o time um pouco mais físico, com jogadores que tenham mais controle de bola, como Nikão, como Patrick.
Depois de alguns jogos, como a final do Paulistão, o começo do Brasileiro, tentamos deixar o time um pouquinho mais prendendo a bola. O Patrick faz parte dessa dinâmica para tentar sempre melhorar o time.
Por ele ter feito um bom jogo contra o Bragantino, foi por isso que a gente repetiu ele no começo do jogo. Substituímos ele no segundo tempo para tentar com o Alisson um pouco mais de velocidade no lado esquerdo, tentar dinamizar um pouquinho mais. O Alisson conseguiu nos ajudar mais a marcar o Madson e nos ajudou a ter domínio ofensivo."
Conversou muito com Rogério antes de comandar o time hoje?
"Faz mais de cinco anos que a gente trabalha juntos todos os dias, umas oito, dez horas por dia. Chega uma hora, quando você passa tanto tempo com uma pessoa, que não precisa mais ficar falando todas as coisas, orientar todas as coisas. Não vou usar a palavra telepatia, mas essas coisas já foram todas planejadas antes do jogo, ganhando, perdendo, com um expulso, sem ninguém expulso. Já tínhamos planejado tudo. Com relação a isso, estávamos bem preparados e não precisamos conversar."
Como avalia o atual momento do Diego Costa?
"Se não me engano, ele teve um 2020 muito bom aqui, ano passado nem tanto. Hoje ele está voltando com muita força e com certeza é um zagueiro que nos ajuda muito, muito voluntarioso, profissional, dedicado, trabalha muito todos os dias. Esse lance é bem representativo da garra que ele tem. Ele tem uma ótima recuperação defensiva. No segundo tempo, o jogo ficou muito mais aberto e ele foi muito importante nesse quesito. Ele cresceu muito e tem ido muito bem."
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