Veteranos que derrubaram Ceni no Cruzeiro ainda são unidos; por onde andam?
O nome de Rogério Ceni incomoda até hoje parte do elenco bicampeão da Copa do Brasil pelo Cruzeiro, em 2017 e 2018. O treinador chegou à Toca da Raposa no ano seguinte, para tentar evitar o rebaixamento à Série B, mas ficou no cargo menos de 50 dias, uma vez que bateu de frente com os jogadores mais experientes daquele elenco. Passados quase três anos, o nome do atual técnico do São Paulo sempre é lembrado nas entrevistas dos veteranos que estavam no Raposa à época, mas nunca de forma positiva.
Nos últimos dias, a passagem de Ceni pela Toca da Raposa foi lembrada pelo meia Robinho e também pelo goleiro Fábio, dois dos atletas que tiveram problema com o treinador. A mágoa começou na primeira reunião entre o treinador, que havia sido recém-contratado, e os jogadores. Ceni citou nominalmente o lateral direito Edilson, o zagueiro Dedé, o lateral esquerdo Egídio, os meias Robinho e Thiago Neves, além do atacante Fred, para destacar que a idade elevada era um dos problemas da Raposa. Todos citados já tinham passado dos 30 anos e eram os líderes do grupo.
"Não tem como todos jogarem ao mesmo tempo", disse o treinador durante a reunião, como apurou o UOL Esporte. O goleiro Fábio, então capitão do time, questionou a posição do treinador, lembrando que o elenco em questão vinha de duas conquistas seguidas na Copa do Brasil.
Rogério Ceni queria rejuvenescer o time, dar mais força física para uma equipe que estava dentro da zona de rebaixamento — após 14 rodadas do Brasileirão, somava 11 pontos e figurava na 17ª posição. O começo foi animador, com sete pontos em nove disputados. Mas ficou nisso, já que nos quatro jogos seguintes foram três derrotas e um empate.
Sem contar com o prestígio dos atletas e a falta de respaldo da diretoria, Ceni não conseguiu fazer o que se propôs: tirar o Cruzeiro da zona do rebaixamento. A passagem pela Toca durou apenas oito partidas (sete delas pelo Brasileirão). Ceni perdeu o comando do vestiário e deixou o clube após o empate sem gols com o Ceará, no Castelão, pela 21ª rodada. Quando saiu, o time estava exatamente no mesmo lugar: 17ª posição, com 19 pontos, e na zona da degola.
Ainda unidos
Os jogadores citados por Rogério Ceni carregavam uma história dentro do Cruzeiro. Afinal, já estavam no clube há algum tempo quando o treinador chegou. A união construída naquela época continua até hoje, pois se trata de um elenco que conquistou títulos importantes pela Raposa e jogou junto por várias temporadas. Alguns também fizeram parte da geração que venceu os Brasileiros de 2013 e 2014, outros chegaram depois. Mas é uma amizade que prevalece até hoje.
Um bom exemplo está na transferência do goleiro Fábio para o Fluminense. Logo após ser dispensado do Cruzeiro, pela gestão de Ronaldo Nazário, o arqueiro estava próximo de assinar com o América-MG. Foi quando Fred entrou na jogada e ajudou para que o experiente goleiro de 41 anos fosse para o Tricolor em vez do Coelho.
Quase R$ 100 milhões na Justiça
Os veteranos do Cruzeiro, chamados de "Nego Véio" (sic) por Thiago Neves, ainda custam muito caro para o clube. Precisamente, são R$ 95 milhões. Todos os experientes jogadores que participaram da campanha do rebaixamento, em 2019, tinham salários elevados e acionaram a Justiça do Trabalho ou então pretendem seguir esse caminho, como é o caso do goleiro Fábio. Até o momento, não há informação sobre alguma ação movida pelo atleta, mas, em fevereiro, seus advogados mandaram notificação extrajudicial ao Cruzeiro, cobrando dívida de R$ 20 milhões.
Somando todas as cobranças feitas ao Cruzeiro pelos veteranos de 2019, o valor é de quase R$ 100 milhões. Os valores, no entanto, não são definitivos, já que em alguns casos o Cruzeiro tem o direito de recorrer. Como foi com o lateral direito Edilson, que, no fim do ano passado, ganhou uma ação de R$ 8 milhões.
Por outro lado, há situações que podem fazer até a conta ficar ainda maior. O zagueiro Dedé, por exemplo, fez acordo para receber R$ 17,7 milhões, mas, após o atraso nas quatro primeiras parcelas, o defensor acionou a Justiça novamente. Quem também fechou um acordo foi o atacante Fred, que parcelou o pagamento de R$ 25 milhões em até cinco anos.
Egídio (R$ 4,3 milhões), Robinho (R$ 4 milhões) e Thiago Neves (R$ 16 milhões) também acionaram o Cruzeiro na Justiça, mas nem todos os valores são definitivos. Quem também cobra atrasados na Justiça do Trabalho é o próprio Rogério Ceni. Foram apenas 47 dias no comando do time, mas sem receber salários. Além disso, o treinador tinha multa rescisória de R$ 1,5 milhão em caso de demissão. No entanto, a ação movida pelo atual treinador do São Paulo corre em segredo de Justiça e o valor da cobrança não foi revelada.
Por onde andam?
Passados quase três anos, por onde andam alguns dos protagonistas no rebaixamento do Cruzeiro?
Rogério Ceni - Após deixar o Cruzeiro, o técnico voltou ao Fortaleza. Em seguida foi para o Flamengo, clube que teve o melhor desempenho como treinador. Conquistou três títulos: Brasileirão (2020), Supercopa do Brasil (2021) e Carioca (2021). Atualmente está no São Paulo.
Fábio - O goleiro seguiu no Cruzeiro mais duas temporadas após o rebaixamento. Mas por falta de acerto financeiro após a venda do futebol do Cruzeiro para Ronaldo, o jogador que mais vezes vestiu a camisa estrelada deixou a Toca da Raposa. Está no Fluminense.
Edilson - Do Cruzeiro, o lateral direito seguiu para o Goiás e foi rebaixamento mais uma vez, em 2020. No ano passado, ele subiu com o Avaí na Série B, o que fez ser procurado para retornar ao Grêmio, clube que defende atualmente.
Dedé - O zagueiro ficou mais de dois anos parado por causa de lesão no joelho. Sem jogar desde outubro de 2019, pelo Cruzeiro, o retorno aos gramados aconteceu em 2022, com a camisa da Ponte Preta. Foram apenas dois jogos na campanha que terminou com o rebaixamento no Campeonato Paulista. Após alguns meses em Campinas, Dedé acertou por produtividade com o Athletico-PR.
Egídio - O lateral esquerdo trocou o Cruzeiro pelo Fluminense. Foram duas temporadas com a camisa tricolor, antes de se transferir para o Coritiba.
Robinho - O meia foi um dos poucos que seguiu na Toca da Raposa após o rebaixamento. Jogou algumas partidas pelo Mineiro e pela Copa do Brasil de 2020, mas depois se desligou do Cruzeiro e seguiu para o Grêmio. Ficou em Porto Alegre até meados de 2021, quando retornou ao Coritiba. Fez parte da campanha que recolocou o Coxa na Série A e está lá até hoje.
Thiago Neves - Atualmente sem clube, o meia é certamente o jogador mais marcado pelo rebaixamento do Cruzeiro. O pênalti perdido contra o CSA, o áudio enviado para Zezé Perrella e a postura fora de campo na reta final daquele ano foram determinantes para apagar tudo o que o jogador fez de bom pela Raposa. Do Cruzeiro, Thiago Neves foi para o Grêmio e depois para o Sport. Antes de assinar com o clube pernambucano, o meia esteve perto de jogar no Atlético-MG, por indicação de Jorge Sampaolli, mas a negociação falhou após protestos da torcida atleticana.
Fred - Um dos maiores goleadores da história do Campeonato Brasileiro, Fred deixou o Cruzeiro para voltar ao Fluminense. É no clube das Laranjeiras que o centroavante viveu seus melhores momentos e escolheu para encerrar a carreira. No Flu desde 2020, Fred vai se aposentar nas próximas semanas.
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