Ganso ensaia reação no Fluminense e tem Diniz como aliado para se afirmar
A temporada 2022 de Paulo Henrique Ganso começou com o meia sendo pivô de rusga da torcida com Abel Braga. As arquibancadas do Maracanã pediam o jogador de 32 anos. E o técnico tinha dificuldade para acomodá-lo em seu sistema. O desenrolar do calendário acabou abrindo brechas para que ele, enfim, fosse a campo como protagonista e ser decisivo na conquista do título do Campeonato Carioca. Hoje, devido à contratação de Fernando Diniz, o camisa 10 comparece ao CT do Fluminense sob a expectativa de curtir essa boa fase de modo mais duradouro. Com admiração mútua, a relação entre eles extrapola as quatro linhas, e promete render frutos em campo. Quem sabe os primeiros indícios já tenham sido vistos contra o Junior Barranquilla, jogo que era de vida ou morte na Sul-Americana.
O meia lamentou a saída de Abel, com quem já vinha tendo oportunidades, mas, após o adeus, foi um entusiasta da contratação de Diniz. O gesto é praticamente uma retribuição ao que aconteceu em 2019, quando o então treinador, em sua primeira passagem pelo clube na função, foi uma sólida ponta para o retorno de Ganso ao futebol brasileiro.
O técnico e o jogador criaram um elo muito forte. A ponto de a demissão de Diniz, em agosto daquele ano, mexer com o ânimo do meia. Dias depois, cabisbaixo, o jogador teria uma áspera discussão com Oswaldo de Oliveira ainda à beira do gramado do Maracanã..
Ganso só foi se reencontrar em campo quando Marcão, o auxiliar fixo, voltou a assumir a equipe após a queda de Oswaldo. Aliás, no dia a dia das Laranjeiras, o ex-volante é uma figura que sempre acompanha o meia de perto, não escondendo ser um admirador. Nesse clube de entusiastas também estão inseridos o diretor de futebol Paulo Angioni e o presidente Mario Bittencourt. A questão para Ganso, como sempre, é entender como escalar um time que possa acomodar suas características peculiares para um jogo cada vez mais competitivo.
"É um caso muito à parte. Eu conheci grandiosos jogadores. O Ganso consegue ser quase um mágico jogando bola porque consegue ter visões dentro do campo que muito poucos", disse Paulo Angioni, ao UOL Esporte.
O futebol mudou muito, ficou muito dinâmico, muito rápido, muito isso, muito aquilo, e, eventualmente, quando as pessoas olham um jogador que tem um pouco mais de dificuldade para marcar, às vezes, tem dificuldade de enxergar a genialidade do jogador. Acredito que todos os jogadores que passaram por aqui viram que o Ganso é um jogador diferente. Com certeza, é fácil de ver. Nos treinamentos, com as coisas que ele faz, é fácil de ver."
Paulo Angioni
Da sua parte, em entrevista ao UOL Esporte em março de 2021, o jogador afirmou que talvez o melhor para seu futebol fosse jogar no ataque: "Prefiro jogar como um segundo atacante, sempre presente na área. Perto do gol adversário é onde vou criar chance de gols para a gente, vou criar, posso fazer os gols e sempre levar perigo ao adversário. Ali do lado do nosso camisa 9, como um segundo atacante, sempre pisando na área, mais perto do gol".
Ano começou com Ganso no banco e na boca da torcida
Ganso iniciou o ano como opção, após se recuperar de uma fratura no braço, que aconteceu em agosto do ano passado, durante o duelo com o Barcelona de Guayaquil, do Equador, pela Libertadores.
Contratado em dezembro, Abel Braga desenhou o time em uma formação que, inicialmente, não contava com um meia. Nas primeiras atuações de 2022, com o time ainda engatinhando, houve pedidos pela utilização do camisa 10, e, ao não atender de pronto, o treinador ouviu críticas.
"Ele [Ganso] está inserido dentro de um contexto que tem causado pra nós uma agradável surpresa. Não pela qualidade, mas pela dedicação. É um atleta de muito alto nível, que os colegas gostam bastante. Apesar de ter sido pouco tempo, nos ajudou bastante. Tomara que siga nesse nível, porque vai se tornar, como é, um jogador fundamental", previu Abel, no começo de março.
Posteriormente, Ganso passou a ganhar oportunidades e se tornou titular, se destacando em algumas partidas — como nas partidas da final do Carioca, contra o Flamengo. O próprio Abel admitia que, ao fazer mudanças no esquema, havia "achado" o jogador.
Ainda sob as celebrações da conquista do Estadual, Angioni explicou o que, talvez, tenha sido um obstáculo inicial para que as chances acontecessem logo nos primeiros compromissos. Sem indícios de que a despedida de Abel poderia acontecer em breve, o diretor citou Diniz na resposta, ao lembrar a chegada do meia ao clube.
"Quando põe o Ganso para jogar, tem de encontrar o modelo de jogo para ele, e é essa a facilidade do Abel, enxergar que ele é um jogador extremamente importante porque ele é fora da curva. E encontrou o modelo de jogo para o Ganso participar do jogo. Só isso. Acho que aí está a grandeza do Abel, em enxergar isso, como já enxergava o Marcão, como lá no início enxergou o Fernando Diniz, que foi quando ele chegou aqui. Para mim, o Ganso é quase um mágico jogando bola".
Na coletiva de apresentação, realizada na última segunda-feira, Diniz fez elogios ao elenco e revelou que alguns nomes do atual grupo tricolor ele já havia tentado contratar quando esteve em outros clubes. Um deles, o próprio Ganso. Em 2021, quando comandou o Santos, o treinador indicou o meia à diretoria. Era uma tentativa de levar o camisa 10 de volta à Vila Belmiro, onde ele foi criado.
À época, o Flu tinha Roger Machado à beira do gramado, e Nenê e Cazares apareciam como opções mais utilizadas no setor, antes de Ganso, mas as negociações não foram à frente.
"Eu tenho uma relação muito próxima com o Ganso. Eu tentei levar ele para o Santos, mas ainda bem que não deu certo, porque hoje está aqui (risos). A minha opinião sobre ele nunca oscilou: o Ganso para mim é um gênio. Eu joguei e treinei muita gente talentosa. Ele faz coisas que ninguém faz", disse
"É um gênio criativo que, por alguns motivos, não conseguiu ter a carreira que o talento dele merecia. A gente teve aquele contato na primeira passagem, eu que me meti para ele vir naquele primeiro momento, foi uma coisa que construí com o Fluminense. Acredito nele como jogador, como pessoa, e fico feliz que o Abel tenha conseguido, junto à equipe, ter colocado ele para jogar antes de eu chegar. Ele é genial mesmo e eu fico muito feliz pelo momento que ele está vivendo", completou.
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