CBF não quer renovar com empresa e planeja mudança em amistosos da seleção
Enquanto a diretoria de seleções ainda busca um adversário de última hora para suprir a lacuna no calendário de junho — aberta após a desistência da Argentina —, o comando da CBF já decidiu que não vai renovar contrato com a Pitch, empresa que explora os direitos comerciais dos amistosos do Brasil.
O vínculo atual expira em dezembro e a entidade não quer mais continuar com a mesma parceira. A gestão Ednaldo Rodrigues não tem interesse em contratos tão longos, como os dez anos do vínculo firmado com a Pitch em 2012. A ideia é abrir uma concorrência para uma parceria comercial que abranja de três a quatro anos.
O comando da CBF entende, ao mesmo tempo, que não é plausível colocar à disposição das empresas interessadas um contrato de apenas um ano, que obrigue o possível parceiro a entrar em uma relação tão curta, que não dê para desenvolver o produto.
O presidente Ednaldo Rodrigues tem dito que os jogadores gostam de atuar no Brasil e quer mais jogos em território nacional. Na visão da CBF, ter amistosos da seleção no radar das principais capitais brasileiras é um incentivo para que os estádios se mantenham com estrutura adequada, já que é um negócio interessante receber partidas do Brasil por causa do aluguel.
Um ponto que precisa de definição para o próximo ciclo é quantos jogos efetivamente estarão na cesta de amistosos do Brasil. Para isso, é preciso aguardar a resoluções da Fifa e da Conmebol sobre entrada na Nations League e o novo formato das Eliminatórias sul-americanas.
A CBF não responsabiliza diretamente a Pitch pelo cancelamento do amistoso contra a Argentina, mas a ideia é não ficar presa a um acordo que leve o Brasil a atuar em lugares tão distantes, contra adversários não tão desejados, é ingrediente relevante. Além disso, a Pitch não coloca a seleção para atuar em solo brasileiro no Brazil Global Tour — com exceção dos amistosos de preparação que antecederam a Copa América 2019.
A marcação dos jogos em Seul e em Tóquio colocam viagens longas no planejamento da seleção. O jogo contra a Argentina, que ao fim das contas foi cancelado, entrou na agenda inicialmente por obrigação contratual com a Pitch - a empresa fez de tudo para que a sede fosse a Austrália. Mas os argentinos roeram a corda no lado de lá.
Agora, o CBF trabalha para que a Pitch conclua uma negociação que leve o Brasil a enfrentar uma seleção africana, na Europa, já para reduzir distância depois da perna em solo japonês. A passagem pelo Japão, inclusive, tem demandado negociações internas por causa da burocracia para entrada no país, devido às restrições relacionadas à pandemia. Isso envolve o trabalho da imprensa estrangeira.
Em termos de definição de adversários, o calendário do futebol de seleções traz um contexto mais amplo que atrapalha ainda mais a relação entre o que a CBF quer e o que a Pitch consegue entregar. O técnico Tite admitiu depois da convocação de hoje (11) para os jogos de junho que o ideal era enfrentar europeus, por exemplo.
"Eu gostaria que fosse Inglaterra, Itália, Bélgica, Holanda, Alemanha, Espanha. Não dá. No mundo real, não dá. As pessoas às vezes acham que é um processo aleatório de escolha. A gente quer (europeus), mas não dá", disse o técnico da seleção, citando, contudo, que o Japão será um adversário "extremamente difícil", por exemplo.
A relação com a Pitch ainda prevê mais uma janela para amistoso em setembro. A Fifa definiu que Brasil e Argentina vão ter que se enfrentar no dia 22 para finalizar o jogo pendente desde 5 de setembro de 2021. Sobre a lacuna para um jogo do Brazil Global Tour. Pelo visto, o último.
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