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Da várzea a El Toro do Botafogo em 5 anos: a fulminante carreira de Erison

Erison com sua típica comemoração após marcar um gol pelo Botafogo no clássico com o Flamengo - Vítor Silva/Botafogo
Erison com sua típica comemoração após marcar um gol pelo Botafogo no clássico com o Flamengo Imagem: Vítor Silva/Botafogo

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

12/05/2022 04h00

Um corte no renomado e internacional zagueiro David Luiz, acompanhado de um petardo bem ao seu estilo "El Toro". O gol de Erison, que deu a vitória ao Botafogo sobre o rival Flamengo, no último domingo (8), foi a cereja do bolo de uma temporada que, até aqui, tem sido perfeita. O atacante alvinegro vive estrelato até então inimaginável para sua realidade há apenas cinco anos.

Natural de Cosmópolis, no interior de São Paulo, Erison atuou sua adolescência toda na várzea e teve a primeira oportunidade em um clube somente aos 18 anos, quando passou numa peneira no XV de Piracicaba. Anteriormente, havia feito testes na Ponte Preta e no Mogi Mirim, mas não foi aprovado.

"Foi um começo muito difícil para mim. Penso em tudo que passei lá atrás e estou muito orgulhoso de mim pelo que estou fazendo. Comecei a jogar ainda criança em Cosmópolis, depois tive a oportunidade de ir para o XV de Piracicaba e ali eu abracei da melhor forma possível, porque sempre coloco na minha cabeça que tenho que dar o melhor de mim", disse ao SporTV.

No clube paulista, iniciou a trajetória meteórica, a começar como titular na Copa São Paulo de Futebol Júnior, apenas dez dias depois de ingressar no time. Um ano depois, já estava no profissional e, com bons jogos, acabou sendo emprestado ao Figueirense.

No clube catarinense, porém, as coisas não saíram como esperado, e ele regressou ao XV de Piracicaba na temporada seguinte, em 2021. Em agosto, foi cedido ao Brasil de Pelotas e, mesmo com a equipe gaúcha sendo a lanterna da Série B, o atacante fez oito gols em 20 jogos, foi o artilheiro do time e despertou a atenção do Botafogo.

Antes da era Textor, Erison é o 'Rei dos Clássicos'

Erison, do Botafogo, celebra gol contra o Volta Redonda, em jogo do Carioca - JORGE RODRIGUES/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO - JORGE RODRIGUES/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO
'El Toro' Erison foi contratado pelo Botafogo antes da era SAF com o americano John Textor
Imagem: JORGE RODRIGUES/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/AGIF - AGÊNCIA DE FOTOGRAFIA/ESTADÃO CONTEÚDO

O Botafogo pode estar até vivendo agora uma era abastada com John Textor, mas os méritos da contratação de Erison são todos de quem integrava o departamento de futebol no período pré-SAF. O El Toro foi pinçado pelo setor de scout do clube em dezembro, numa tacada certeira e barata que já rende frutos.

Além do gol sobre o Flamengo, Erison já havia balançado a rede do Fluminense e do Vasco, outros dois rivais cariocas. Fora isso, o atacante é o artilheiro da equipe na temporada com 11 gols em 18 jogos, média de 0,61 por partida.

O tento sobre o Cruz-Maltino, aliás, foi seu primeiro com a camisa alvinegra e aconteceu em 13 de fevereiro. Na ocasião, ele relembrou os momentos de dificuldade e o dedicou à sua mãe.

"Todas as vezes que eu marcava um gol com pé descalço na minha infância em Cosmópolis, eu comemorava imaginando um dia poder fazer isso vestindo uma grande camisa do futebol mundial. Lutei, batalhei, me dediquei demais e esse momento chegou! Esse foi para você, minha mãe, dona Aparecida! Que tenha sido o primeiro de muitos!", postou, na época, em sua conta no Instagram.

El Toro aprovado, mas comemoração rendeu polêmica

Erison em sua comemoração tradicional: 'El Toro' foi 'garimpado' pelo Botafogo no Brasil de Pelotas, rebaixado à Série C - Vitor Silva / Botafogo - Vitor Silva / Botafogo
Erison e sua comemoração de 'El Toro' que já rendeu polêmica em clássico contra o Fluminense
Imagem: Vitor Silva / Botafogo

O apelido de El Toro, que caiu nas graças da torcida e da imprensa, não tem maiores mistérios. Ele está associado ao seu porte físico e ao estilo de jogo apoiado em sua força e explosão. O próprio Erison não escondeu que gostou da alcunha.

"Fico muito feliz pelo carinho da torcida, acabou pegando mesmo [o apelido]. Eu caio também nessa resenha, acho saudável, muito bom ter esse carinho e me deixa mais perto dela [torcida] também. Esse apelido veio da torcida do Botafogo, mas eu já ouvia em outros clubes e alguns amigos me chamavam de touro. Quando cheguei aqui, coloram o 'El Toro', e aí comecei a fazer a comemoração em homenagem a eles", disse Erison em março.

Tal comemoração é uma imitação de um touro, finalizada com um chute na bandeirinha de escanteio, algo que depois teve que ser trocado para um chute no ar por conta de uma polêmica.

Quando balançou a rede do Fluminense, no Campeonato Carioca, o mando de campo era do clube rival, e as bandeirinhas do Maracanã estavam com o escudo tricolor. Ao chutá-las, muitos torcedores do rival reclamaram da atitude, o que fez Erison pedir desculpas posteriormente.

"Gostaria de aproveitar esse momento para esclarecer que não quis desrespeitar o Fluminense nem os demais clubes contra os quais eu marquei gols e fiz a minha comemoração. Peço desculpas caso tenha ofendido essas instituições e, se em uma próxima oportunidade a bandeirinha estiver com o símbolo das equipes, farei a comemoração de forma diferente para evitar qualquer má interpretação", disse em postagem em seu Instagram.

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