Técnico explica a por que é tão necessário poupar e revezar jogadores
Em um ano de calendário atípico devido à Copa do Mundo e o período mais curto para jogos de diferentes competições, os treinadores têm adotado um rodízio em seus elencos, poupando jogadores em algumas ocasiões, deixando muitas vezes perdido aquele torcedor que se acostumou a ver uma escalação de 11 titulares, com poucas variações, o que ele dificilmente verá, como explica o técnico Leandro Zago, do Botafogo-SP.
O entrevistado de Mauro Cezar Pereira no programa Dividida, no Canal UOL, explica o que leva os treinadores à necessidade de mudar suas escalações, apontando que o período que seria necessário para a recuperação de um atleta acaba ficando inviável com jogos a cada três dias.
"Em 48 horas depois de uma partida, o atleta está em praticamente pico de fadiga, ele ainda não está recuperado de um jogo. Quando vai bater 72 horas, que são três dias após a partida é que ele começa a sinalizar já uma recuperação média para boa, para eu poder entrar com outro estímulo, então, se eu falar em jogos a cada três dias, é sem treino praticamente", diz Zago.
O treinador afirma que a lógica no momento de avaliar qual é o time titular de uma equipe poderá ser avaliada mais ao final de uma competição devido à necessidade de mudanças e explica que a expectativa do torcedor de uma escalação de 1 a 11 titulares já não faz sentido no contexto atual, com as diferentes dinâmicas, elencos mais enxutos e montados com jogadores para diferentes situações e aumento no número de substituições.
"Eu vejo que é assim, a tendência, o ideal é que o torcedor comece a pensar que você vai acabar tendo 16, 17 jogadores que vão estar com muita frequência dentro do campo e aí você tem mais ali uns quatro ou cinco com menos minutos, mas que vão estar presentes. É isso praticamente que vai ser o seu elenco. Fechar em 11 é muito difícil", explica.
Os deslocamentos em um país continental também pesam e a logística pode ser um fator decisivo para a recuperação de atletas, bem como para o treinador ter tempo para treinamentos e os jogadores em condições para as atividades mais intensas.
"Nosso país, pelas viagens, e pegando voos em aeroportos, isso também quebra muito a recuperação. A noite pós-jogo é fundamental e muitas vezes o atleta passa no aeroporto para pegar um voo 1h da manhã ou meia-noite e vai chegar 4h da manhã, ele perde. Então é uma coisa que o voo fretado diminuiu, mas que alguns clubes ainda não conseguem", explica Zago.
"É um elemento que são vários elementos que a gente leva em conta para poder considerar o próximo jogo ou os próximos jogos e poder elencar aí quem vão ser os jogadores mais aptos para a partida", completa.
O treinador também coloca como um desafio as variáveis de um jogo de futebol, como jogar sob pressão ou precisando pressionar para chegar a um gol e até mesmo um time que precisa jogar com um a menos após uma expulsão. Tudo isso afeta no momento de preparar o jogo seguinte.
"Essas grandes equipes têm que levar muita variável em conta para conseguir chegar nesse controle e o jogo de futebol você não tem controle algum, você pode perder um jogador expulso e jogar 30 minutos com um a menos, você pode ser pressionado, você pode ter que pressionar o seu adversário para reverter um placar, então você não tem como controlar o jogo", diz Zago.
"Pouquíssimas equipes na história conseguiram chegar nisso de descansar com a bola nos últimos minutos, talvez o Barcelona do Guardiola ou o Bayern de Munique dele, que faziam o placar em 60 ou 70 minutos e usavam os últimos 20 para se recuperar já para uma próxima partida dentro do jogo", conclui.
O Dividida vai ao ar mensalmente às quintas-feiras, às 15h, sempre com transmissão em vídeo pela home do UOL e no canal do UOL Esporte no Youtube. Você também pode ouvir o Dividida no Spotify, Apple Podcasts, Google Podcasts e Amazon Music.
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