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Falhas voltam a assombrar e Flamengo vive crise geral da Gávea ao Ninho

Paulo Sousa e Rodolfo Landim concedem entrevista no Ninho do Urubu, CT do Flamengo - Alexandre Vidal/Flamengo
Paulo Sousa e Rodolfo Landim concedem entrevista no Ninho do Urubu, CT do Flamengo Imagem: Alexandre Vidal/Flamengo

Leo Burlá

Do UOL, no Rio de Janeiro

15/05/2022 04h00

Em circunstâncias normais, o empate por 2 a 2 diante do Ceará, no Castelão, não seria razão para tanta lamentação no Flamengo. O roteiro do resultado de ontem, no entanto, amplia ainda mais a crise generalizada no clube e evidencia o momento delicado no futebol.

O Rubro-negro de Paulo Sousa até teve alguns bons momentos na capital cearense, mas voltou a ser vítima de suas próprias falhas para entregar dois pontos que seriam valiosíssimos em um momento de tensão total na política da Gávea e de desconfiança no trabalho desenvolvido no Ninho do Urubu.

No gol de Mendoza, um cochilo generalizado da zaga permitiu que o colombiano partisse livre para deixar tudo igual. No gol de falta de Nino Paraíba, Hugo, mais uma vez, falhou em um momento crucial. Antes desse lance, o goleiro tinha feito boas defesas, porém teve participação crucial no tropeço. No clássico diante do Botafogo, o jovem já havia levantado o debate sobre sua intervenção no gol de Erison. Depois do jogo no Ceará, ele desativou suas redes sociais para evitar o embate e se preservar das críticas.

Jogador de confiança de Paulo e do preparador Paulo Grilo, Hugo parece estar sentindo o peso da temporada, embora tenha o respaldo irrestrito da comissão técnica. Ontem, o treinador sequer contava com os lesionados Santos e Diego Alves. Hoje terceira opção, Alves, por sua vez, também foi mal contra o Resende, um de seus dois jogos como titular no ano, ao errar nos lances dos gols da equipe do Sul Fluminense.

Os erros em momentos importantes não se restringem à baliza e têm marcado o trabalho do Mister. Diante dos equívocos em série, a evolução rubro-negra não decola e o momento é dos mais complicados. Frágil, o Fla tropeça em suas próprias pernas e tem concedido chances de ouro para os adversários marcarem.

Na final do Carioca, Léo Pereira se enrolou duas vezes e foi decisivo para que o Fluminense abrisse vantagem no primeiro jogo. Até Bruno Henrique, habituado a salvar o Rubro-negro no ataque, deu sua "contribuição" ao cabecear uma bola que resultou no gol do Altos (PI).

Lateral que tem oscilado com Sousa, Isla vem demonstrando problemas na marcação e virou um mapa da mina em algumas partidas. Além da desatenção no gol de empate no Castelão, o chileno já tinha vacilado contra Athletico e Universidad Católica, por exemplo.

Diante de um cenário de maus resultados em campo e de um clube que vive dias de ebulição política, o Fla atravessa uma fase na qual uma coisa se reflete na outra. Com Sousa cada vez mais em xeque e a cúpula do clube contestada como nunca, a panela de pressão na Gávea e no Ninho segue em temperatura altíssima.

A gestão de Rodolfo Landim nunca esteve tão acuada e a aposta é que a bola comece a entrar para que a paz volte. Depois de ser hostilizado em Volta Redonda, Landim foi defendido por seus pares. Por enquanto, as cobranças tendem a aumentar e a tendência é que as partidas passem a ser cercadas cada vez mais de carga dramática. Marcos Braz, vice de futebol, também está no olho do furacão e sabe que é visado.

Faixa - ALEXANDRE NETO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO - ALEXANDRE NETO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: ALEXANDRE NETO/PHOTOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Ciente de que o panorama é para lá de desfavorável, Sousa se agarra no apoio do torcedor para tentar uma virada de chave. Contestado por parte dos rubro-negros, o comandante sabe que o cerco está se fechando e que os créditos vão acabando à medida que as vitórias ficam mais raras.

"O torcedor já passou por vários momentos, o torcedor tem muito amor por esse clube. Ele vai apoiar na dificuldade de resultados. Merecemos, estamos trabalhando. Os momentos não têm sido benéficos, mas vamos focar no que acreditamos e isso vai virar", disse.

Na terça (17), os rubro-negros voltam ao Maracanã após um período de ausência e encaram a Universidad Católica, 21h30. Em caso de novo revés, o clube mergulha em um futuro de consequências ainda imprevisíveis. Sem reação no Brasileiro, o Fla vê a Libertadores como a tábua de salvação.