Edenilson diz que foi julgado por denunciar racismo: 'orgulho da minha cor'
Edenilson foi eleito melhor em campo na vitória do Internacional por 2 a 0 contra o Independiente Medellín, hoje (17), pela penúltima rodada do Grupo E da Sul-Americana. Mas os dois gols não foram o principal assunto de sua entrevista coletiva que sucedeu o jogo. E sim a comemoração antirracista com punho erguido e sem camisa ao celebrar o primeiro feito.
O meio-campista lembrou o caso envolvendo lateral português Rafael Ramos, do Corinthians, no último sábado (14). Disse que foi julgado por denunciar o rival, reforçou sua versão e se manifestou detalhadamente pela primeira vez sobre tudo que aconteceu desde então.
"Foi o que eu falei na nota que publiquei no Instagram. No pós-jogo, não queria expor o jogador do Corinthians nem me expor. Sou pai de família e ele também tem os pais dele, está em outro país. É meu jeito, tento ver a bondade nas pessoas e não quis julgar nem expor ninguém. Apenas quero que a verdade venha à tona. Foi o que aconteceu, o que eu ouvi. Por isso solicitei que ele fosse no vestiário para que pudéssemos conversar, para ele poder explicar as palavras que usou. O que não aconteceu. Resolvi prestar queixa e agora deixo para as autoridades resolverem. Não quero usar este espaço para falar nada porque ele não vai ter este mesmo espaço hoje para se defender. Não quero vitimismo, só quero que a verdade venha. Tenho certeza do que ouvi e não volto atrás", afirmou.
Edenilson contou que foi julgado por algumas pessoas, após denunciar o insulto racista que afirma ter ouvido de Rafael Ramos.
"Foram dias difíceis, estranhos. Fui muito julgado nesses dias. Ouvi que sou mentiroso, surdo, e eu sabendo o que ouvi. É bem complicado quando se vê os fatos serem distorcidos. É muito claro, as imagens estão aí para serem avaliadas. Espero que não me julguem. Não quis dar entrevista por respeitar o rapaz, o Rafael, a carreira dele. Não quero estragar a carreira dele, não teria razão para fazer isso com um colega de profissão. Como não entendi o xingamento, queria um pedido de desculpas, que ele assumisse o erro e que fossemos até o delegado para falar que, de repente, ele assumindo a culpa teria uma pena menor. Eu estou há cinco anos aqui [no Inter] e tenho amigos que me ajudaram muito. Passo mais tempo aqui do que com a família. Quase não falamos sobre isso [racismo], me ajudaram a focar no jogo, me divertir", contou.
Pouco antes, em campo, Edenilson fez dois gols e garantiu a vitória do Inter. Na comemoração do primeiro, tirou a camisa do time e a que vestia por baixo e exibiu orgulhoso a cor de sua pele, além de erguer o punho cerrado em gesto antirracista.
"Eu já queria fazer um gol naqueles minutos finais contra o Corinthians. Fiquei com isso na cabeça. Tenho muito orgulho da minha cor. Não só a minha, mas todas, porque somos todos iguais. Tenho orgulho da educação que recebi dos meus pais. Sou um pouco leigo no assunto do racismo, nunca me interessei como deveria e poderia. A partir de agora, de sentir na pele como foi, tenho certeza que vou me interessar mais, me expressar mais e ajudar a defender a minha cor", finalizou.
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