Além dos gols: Gabi se reinventa como meia e vira trunfo para Paulo Sousa
Gabriel Barbosa se tornou o grande protagonista e artilheiro do Flamengo nas últimas temporadas. Com a camisa 9, famosa às costas de grandes centroavantes, o jogador vem exercendo uma função para além do ataque e cumprindo a promessa feita na apresentação em 2019.
"Pretendo ajudar em qualquer posição. No Santos joguei em todas, sou versátil. No que ele precisar, vou estar à disposição", essa foi uma das primeiras declarações de Gabi no Flamengo. Recém-chegado do Peixe, o jogador recebeu a 9, carregou para si a responsabilidade de artilharia, no entanto, desde então entrega mais do que isso.
Os últimos jogos sob o comando de Paulo Sousa trouxe à tona um Gabi quase 10, com a função de 'meia armador', que, inclusive, foi comemorada pelo próprio nas redes sociais após a vitória por 1 a 0 contra o Goiás, no último sábado (21), pelo Brasileirão.
O jogador está mais distante da área a cada jogo sob o comando do treinador. O mapa de calor da partida contra o Goiás exemplifica a 'nova função' do Gabigol, que atuou articulando as jogadas, principalmente, na meia direita e na ponta esquerda.
Em 80 minutos em campo foram o suficiente para Gabi colecionar números expressivos como meio-campista. Foram 39 passes certos de 40 realizados, cinco bolas longas de seis tentativas, além de três duelos vencidos - segundo o Sofascore, especializado em estatísticas.
O gol de Pedro, que deu a vitória contra o Goiás, passa diretamente por Gabi armador. O Flamengo trabalha a bola e o camisa 9 aciona Matheuzinho na medida para cruzar, e o camisa 21 balançar a rede.
Na sequência do Goiás, o Flamengo encarou o Sporting Cristal, pela Libertadores. Na vitória por 2 a 1, Gabi se manteve atuando nesta 'nova função', pelo lado direito do meio e criando jogadas.
Curiosamente, Goiás e Sporting Cristal foram os jogos em que Pedro apareceu entre os titulares junto com o camisa 9. Ou seja, Gabigol acabou pisando mais fora da área, utilizando a versatilidade para criar, enquanto o camisa 21 apareceu mais fixo.
Antes mesmo de chegar ao Brasil, Sousa deu indícios que a dupla seria utilizada no Flamengo. Logo, com o técnico, Gabi retorna cada vez mais ao passado, quando foi revelado pelo Santos, e torna verídico o discurso da apresentação: versatilidade para jogar em outras posições e, com isso, é o triunfo para a sequência na temporada.
"Vou fazer lembrar algumas palavras que disse antes de chegar ao Rio sobre a minha ideia de dinâmicas para poder usar Pedro e Gabi juntos. Claro que depois de estar no dia a dia, são eles que vão me mostrando e vão me dando a confiança para poder fazer", e continuou:
"O Gabi, também já disse na última coletiva, tem mostrado uma capacidade de entendimento de jogo e uma oferta tática muito interessante também para o meu colega Tite poder analisar e usufruir [na seleção brasileira]. O comprometimento dos dois é fundamental para que o processo de ter os dois atacantes em campo seja mais consistente", disse o técnico, após a vitória na Libertadores, na última terça (24).
Aos 25 anos, Gabi se reinventa e se redescobre em sua quarta temporada pelo Flamengo. Ao todo, 174 jogos e 155 participações em gol: 119 tentos e 36 assistências.
Gabi no Santos
O passado de Gabi lembra um pouco a função que vem exercendo recentemente. Quando saiu do Santos pela primeira vez, o jogador atuava mais pelas pontas, principalmente a direita. O mapa de calor abaixo exemplifica a análise.
Somente na segunda passagem pelo clube paulista, sob o comando de Jair Ventura, Gabi passou a ser utilizado como centroavante e, inclusive, demorou a engrenar na posição. O atleta demorou a se encontrar na posição e, por muitas vezes, o técnico brincava dizendo que ele queria sair da área. Com isso, as atuações do jogador ganharam destaque somente no segundo semestre de 2018, já com Cuca no comando.
Gabi com Abel Braga, primeiro técnico no Fla
O jogador chega ao clube carioca para vestir a camisa 9, mas logo em uma das primeiras partidas com o Manto, Abel Braga, primeiro técnico do atleta no clube carioca, o utilizou como ponta direita e, inclusive, justificou a escolha em entrevista coletiva.
"Coloquei o Gabriel em uma posição que ele gosta. Não tivemos profundidade no primeiro tempo. Depois que ele abriu, gostei mais pelo lado. Se me perguntar como eu gosto, gosto mais de caras abertos pelo lado. Se você for ver, os atacantes sempre foram artilheiros com caras agudos pelo lado. Foi uma grande satisfação vê-lo ajudar", disse Abel, após a partida contra Boavista, em 29 de janeiro de 2019.
Gabi com Jorge Jesus
Quando Mister chegou ao Flamengo, Gabi já estava há seis meses no Ninho. No entanto, o português cobrou da diretoria a contratação de um 9, um centroavante de área. Ou seja, o atacante não era visto como o ideal para a posição.
A pedido de Jesus, o Flamengo tentou a contratação de Pedro, que estava no Fluminense. A negociação não avançou, visto que o presidente Mário Bittencourt optou por negociar o jogador com a Fiorentina, da Itália.
Sem o 9 'dos sonhos', Mister precisou se adaptar ao elenco que tinha em mãos e, então, Gabi foi quem assumiu a posição. Marcado pela temporada excepcional, com artilharias, títulos e recordes, o jogador ficou caracterizado como referência no ataque.
Porém, acompanhando o mapa de calor de Gabi sob o comando de Jesus nas duas principais competições em 2019, Libertadores e Brasileiro, é possível perceber que, apesar de atacante, o jogador sempre ocupou bem o espaço direito na lateral do campo, além da região central.
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