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Ex-Grêmio ganha sexto título na Europa: 'melhor decisão da minha vida'

Lateral esquerdo Lucas Lovat está na Eslováquia desde 2019 - Divulgação/Slovan Bratislava
Lateral esquerdo Lucas Lovat está na Eslováquia desde 2019 Imagem: Divulgação/Slovan Bratislava

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

26/05/2022 04h00

Se Lucas Lovat fosse trazer lembranças da Eslováquia de volta ao Brasil, teria de 'pagar excesso de bagagem'. Motivo: No leste europeu desde 2019, o lateral esquerdo já acumula seis títulos e transferência entre os maiores rivais do futebol local. Com passagem pela base de Juventude e Inter e profissional por Avaí e Grêmio, o jogador encarou jogo com 22 graus negativos no termômetro logo na chegada, mas agora sequer pensa em voltar ao futebol brasileiro.

Aos 25 anos, Lovat tem contrato até 2025 com Slovan Bratislava e terminou a temporada com duplo motivo para comemorar. Mais um título e recuperação plena de lesão complexa.

"Tive que operar o quinto metatarso [osso do antepé], então fiquei fora por cinco meses. Depois disso, voltei e foi um processo gradativo até voltar a jogar. Na segunda parte do campeonato voltei, fiz alguns jogos e o time foi campeão e temos vaga nos playoffs da Champions League", conta.

Em janeiro de 2019, Lovat chegou à Eslováquia depois de não renovar contrato com o Avaí. A transferência rumo à Europa era uma obsessão, por conta dos planos de carreira.

"Foi uma das melhores decisões que tomei na minha vida. Meu contrato estava no fim no Avaí, e falei ao meu empresário que queria uma oportunidade na Europa. Era o passo a ser dado, naquele momento, e o Spartak [Trnava, da cidade homônima] me abriu as portas aqui. Fiquei seis meses, fui campeão da Copa com eles e depois me transferi para o maior rival, onde estou até hoje", relembra Lucas Lovat.

Os primeiros dias no leste europeu marcaram o lateral esquerdo. Tanto pela recepção da torcida no aeroporto como pelo contato com o frio extremo.

"Meu primeiro amistoso foi com -22 graus. Imagina! Eu saí de Florianópolis, onde estava 30 graus, e cheguei para treinar e jogar com temperatura negativa. É muito, muito difícil. Com três minutos de jogo você não sente mais os pés. É surreal", admite. "Tem que aquecer muito bem antes do jogo, mas o frio é igual para todo mundo. Seja o cara que chegou ontem ou quem está há anos aqui", completa.

O título da Copa abriu as portas de vez. O fim do jejum de 21 anos no Trnava chamou atenção do Slovan Bratislava, que desembolsou valor para contratar o brasileiro. No novo clube, mais duas edições da Copa e três campeonatos nacionais.

"Foi bem complicado [trocar de clube]. Prezo muito pelo respeito aos clubes, mas naquele momento olhei para a oportunidade profissional. Era muito boa proposta, inclusive tive outras ofertas de Portugal, Itália, mas fechei com o clube por já estar aqui. Por ter exposição grande, jogar constantemente torneios europeus. Foi difícil a decisão, pela rivalidade, e eu não falava inglês e eslovaco. Então foi tudo muito intenso", confidencia.

Até dominar a língua local, Lucas Lovat passou por cenas clássicas de perrengue na Eslováquia.

"As pessoas aqui não gostam de falar inglês e na hora de traduzir, algumas coisas não saem exatamente igual. Já cheguei ao mercado com o Google Tradutor, traduzi e o atendente falou: 'não, né! Isso é brincadeira, né?'. Eu não entendi nada, mas pedi desculpas e fui embora. As pessoas aqui são diferentes, mais reservadas. Então, isso também foi bem marcante no início. Agora, já falo e entendo eslovaco e é bem mais fácil", garante. "O eslovaco é muito parecido com o russo, é muito complicado. É uma das piores línguas para aprender, sabe? Mas no dia a dia a gente vai pegando a base e agora me viro super bem. Mesmo", adiciona Lovat.

Natural de Farroupilha, na Serra Gaúcha, Lucas Lovat passou pela base do Juventude, Inter e Avaí até ficar em uma conexão Porto Alegre-Florianópolis. O empréstimo ao Grêmio acabou e havia interesse no time gaúcho em contratar o jogador, mas a volta a Santa Catarina foi exigência do Avaí. No final de 2018, ele deixou o clube da Ressacada e foi viver em uma cidade completamente diferente.

"A qualidade de vida em Bratislava é absurda. Segurança total, proximidade de Viena, Praga, Budapeste. É leste europeu, mas perto de tudo. Uma hora de voo da Itália, bem próximo de tudo. Eu olhei esses dias e um voo para Itália está 7 euros", cita como exemplo.