'Só dependia de mim', diz Gabriel Menino após perda de espaço no Palmeiras
Anderson Barros foi bem direto com Gabriel Menino, há cerca de duas semanas. Disse saber que o jovem de 21 anos estava treinando bem. E afirmou, em tom de aviso, que não gostaria de contratar mais um volante, com a ausência de Jailson, lesionado, e Danilo, convocado à seleção brasileira. Menino tranquilizou o dirigente. "Eu dou conta do recado".
Quem contou a história ao TNT Sports foi o próprio Gabriel Menino, que está de volta, apesar de nunca ter saído do Palmeiras. Saiu apenas da lista de jogadores com os quais o técnico Abel Ferreira mais confiava e contava com frequência. Virou terceira opção na lateral direita. Quinta opção de volante.
Depois de um 2020 excelente, o 2021 que deveria ser sua afirmação acabou sendo uma decepção, especialmente para o próprio jogador. Que culminou, em fevereiro, com o corte da lista de jogadores selecionados para o Mundial de Clubes. Era o alerta de que era preciso um basta nessa descendente, e entender o que havia dado errado. O que também não era tarefa fácil.
"É difícil definir algo [como aquilo que deu errado], mas a carreira do atleta profissional, até os maiores da história, também tem momentos de baixa. É natural que isso aconteça. Temos que tentar fazer com que esses momentos sejam os menores possíveis, precisamos saber lidar com eles e foi isso que procurei fazer", disse ele, em entrevista ao UOL Esporte.
"Conversei com minha família, meus empresários, os companheiros de clube, comissão técnica e diretoria e todos me ajudaram muito. Foi um trabalho em conjunto, e sabia que tinha que fazer a minha parte, pois só dependia de mim", acrescentou. E assim vem sendo.
"Muitos garotos gostariam de estar vivendo isso. Tenho que aproveitar ao máximo, desfrutar, mas também saber que só com muita dedicação e empenho vou conseguir me manter assim e escrever minha história no clube como, quem sabe, um ídolo", disse.
Tudo aconteceu muito rápido
Gabriel não tinha 50 jogos pelo Palmeiras quando veio a convocação para a seleção brasileira, em 2020. De uma hora para outra, tudo mudou, e de maneira muito rápida.
Junto da necessidade de compreender um novo papel em campo, como profissional e não mais atleta da base, vêm todas as mudanças inerentes a este novo momento do lado de fora do campo. O que foi mais difícil?
"Acho que [assimilar] as duas coisas é importante. Se uma não anda bem, atrapalha o todo. As duas precisam ser bem feitas para que tenhamos sucesso. É preciso ter a cabeça boa e estar focado, pois do mesmo jeito que as coisas são rápidas pro lado bom, podem ser rápidas para o ruim.
Dois meses sem iniciar um jogo
Menino não começava um jogo como titular havia dois meses, quando apareceu entre os 11 iniciais contra o Emelec-EQU, na última quarta-feira (18), pela Libertadores. Sua última partida iniciada em campo havia sido contra o Red Bull Bragantino, pela primeira fase do Paulista.
Foi bem. E na partida seguinte, contra o Juventude, pelo Brasileiro, entrou no decorrer do jogo e até fez um gol —o terceiro do 3 a 0. No jogo seguinte, contra o Deportivo Táchira-VEN, pela Libertadores, voltou a ser titular.
"Eu vinha trabalhando forte para estar pronto quando essas oportunidades surgissem. Eu senti que tinha que dar tudo ali para corresponder e foi o que procurei fazer", explicou.
"Em um calendário longo como o nosso e com o Palmeiras brigando em todas as frentes, com atletas convocados, infelizmente, lesões e suspensões, todo o elenco vai girar e todos precisam estar preparados para manter o mesmo nível", disse.
A tendência é que siga no time por, pelo menos, mais dois jogos pelo Brasileirão: Santos, domingo (29), e Atlético-MG (5/6), já que Danilo foi convocado à seleção brasileira.
Posição não faz diferença
Sim, a tendência é que ele atue como primeiro volante, posição que ocupava quando foi promovido aos profissionais por Vanderlei Luxemburgo, em 2020. Curiosamente, foi como lateral direito que ele apareceu na seleção brasileira. E como meia pela direita, quase ponta, que mais brilhou para Abel. Gabriel diz não ter preferência.
"Acho que no meio posso fazer todas as funções, seja um pouco mais atrás ou com mais liberdade. Já atuei das duas maneiras e me sinto bem. Também posso ajudar na lateral, como já aconteceu algumas vezes e nessa posição fui convocado para Seleção Brasileira. Hoje temos que tentar atuar em mais de uma posição, não é algo fácil, mas o futebol pede. Onde o Abel precisar eu quero estar pronto para ajudar", disse.
"Não tivemos essa conversa especificamente [sobre em qual posição jogar]. Eu sempre me coloquei à disposição para fazer as duas funções, mas sempre também deixei claro que o meio-campo é onde atuei mais durante toda a base", disse.
"Mas é claro que, quando você começa a ir bem em outra função, no caso a lateral, tenho que aproveitar isso e procurar aperfeiçoar. Então, depende muito do que o Abel precisa em cada momento e também da minha adaptação ao estilo de jogo do time em cada partida e em cada necessidade", disse.
Maturidade bateu à porta e foi bem recebida
Embora muito jovem, a verdade é que Gabriel Menino já tem rodagem e história para contar. E precisa e deseja mostrar futebol à altura desta experiência, ainda que acredite estar crescendo um pouco a cada dia.
"Acho que a gente muda todos os dias no futebol, pois estamos sempre procurando evoluir. Eu me vejo mais maduro, com novos aprendizados e ensinamentos que o futebol nos dá. Tenho apenas 21 anos e já com mais de 100 partidas pelo Palmeiras e títulos importantes", diz ele.
Sua rodagem é tanta que, apesar de jovem, Gabriel já teve o prazer de poder felicitar um amigo de categoria de base sobre algo por que ele já passou. Foi Gabriel quem contou a Danilo que ele havia sido chamado por Tite para a seleção brasileira.
"O Danilo é um amigo muito querido e todos estavam torcendo por esse momento na carreira dele. Merece por tudo o que tem feito e só procurei reconhecer, pois é algo que também nos alegra. No Palmeiras um torce pelo outro e também fica contente pelas conquistas individuais", disse Menino, que, com gestos do tipo e pensamentos como os que expôs ao longo dessa entrevista, demonstra, novamente, ter cada vez menos de menino.
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