Apoio do elenco é reflexo dos bastidores em 'redenção' de Hugo no Flamengo
No domingo (29), o Flamengo quebrou o tabu de cinco jogos e venceu o Fluminense. Andreas fez o primeiro gol, e Gabi sacramentou o placar, mas o grande personagem do clássico no Maracanã foi Hugo Souza. O goleiro, que estava no holofote antes mesmo de a bola rolar devido às recentes falhas, viveu a redenção, após dias de intenso apoio no Ninho do Urubu.
Contra o Sporting Cristal, na semana passada, pela Libertadores, Hugo chegou à terceira falha em seis jogos - o goleiro também teve problemas diante de Ceará e Botafogo. Enquanto assunto tomou uma proporção de 'crise no gol' entre os torcedores, internamente o barulho não foi tanto nos corredores do Ninho do Urubu.
As vaias da torcida e os questionamentos quanto à titularidade não foram o suficiente para que Paulo Sousa e comissão técnica repensassem na escalação do goleiro contra o Fluminense.
De fato, na última quinta (26), Hugo se reapresentou abalado e cabisbaixo com a situação. Foram três treinamentos antes do clássico e, nesse período, Sousa e Paulo Grilo, preparador de goleiros, foram os principais responsáveis para recuperar a confiança do atleta. Apesar do barulho fora do Ninho, a semana no CT seguiu de maneira tranquila e dentro do planejamento.
Enquanto torcedores faziam campanha nas redes sociais para a escalação do terceiro reserva Matheus Cunha, 21, no clássico com o Fluminense, Sousa fazia questão de reforçar a confiança em Hugo, num momento em que o titular Santos e Diego Alves são desfalque. Cabe destacar a boa relação do camisa 45 com Cunha, que foi um dos apoiadores diários de Hugo neste momento conturbado.
A boa atuação do goleiro contra o Flu, salvando, pelo menos, quatro bolas difíceis, rendeu mais uma cena de apoio público. Ao fim da partida, o elenco celebrou junto ao camisa 45, que foi aplaudido pelos torcedores no Maracanã. No apito final foi possível perceber a reação do técnico que foi correndo para os braços de Hugo comemorar, assim como fizeram Paulo Grilo e Matheus Cunha.
Por orientação da comunicação do clube, o goleiro não concedeu entrevista ainda no gramado. No entanto, para a FlaTV, Hugo descreveu a emoção da partida com o Fluminense e detalhou os dias anteriores e a pressão da torcida.
"Tenho que agradecer a Deus por isso. Deus sabe como eu trabalho, minha família sabe, minha esposa sabe. Principalmente, o grupo sabe o quanto que a gente trabalha. Momentos difíceis revelam os grandes homens. Encarei de peito aberto, dei minha cara a tapa e, graças a Deus, pude fazer um grande jogo hoje. Para mostrar realmente porque eu estou no Flamengo, porque estou defendendo essa baliza. Isso é o Flamengo, vai ser sempre pelo Flamengo", desabafou emocionado.
Altos e baixos
Hugo estreou no profissional em 27 de setembro de 2020, na emblemática partida contra o Palmeiras, marcada pelo surto de covid-19 no Rubro-Negro. Todas as opções para o gol estavam indisponíveis e o jovem recebeu a oportunidade. A boa atuação o tornou protagonista do cenário.
No entanto, logo começou as oscilações e, após a falha contra o São Paulo, que foi determinante na eliminação na Copa do Brasil, Hugo passou a receber mais críticas do que apoio. Desde então, o goleiro não foi mais unanimidade no mundo rubro-negro.
Porém, há um capítulo considerado a virada de chave de Hugo. Quando Renato Portaluppi ainda era o técnico, uma conversa franca deu novas oportunidades ao jovem, que se dedicou para assumir a reserva imediata de Diego Alves.
Apadrinhado por Sousa e Grilo
Ganhando espaço e destaque com Portaluppi, Hugo foi apadrinhado por Paulo Sousa e sua comissão técnica. Desde o primeiro momento, o goleiro foi tratado como um 'diamante' que precisa ser lapidado. Internamente, houve uma avaliação das carências técnicas do goleiro e, por isso, iniciou-se um trabalho especializado.
O trabalho com os pés e posicionamento corporal são os principais pontos trabalhados, além do psicológico do atleta, que é apontado como um jogador de personalidade forte e que precisa investir no equilíbrio emocional. Não à toa, em momentos de pressão, Hugo foi abraçado pelo elenco do Flamengo.
Apoio do elenco
Ao fim do clássico com o Fluminense, todos os jogadores do Flamengo e membros da comissão técnica cumprimentaram o goleiro. Ovacionado também pela torcida, Hugo retribuiu os aplausos no Maracanã e se ajoelhou embaixo da trave para agradecimento.
Essa foi, pelo menos, a segunda manifestação pública de apoio total do elenco. No jogo que coroou a classificação do Flamengo às oitavas da Libertadores, contra a Universidad Católica, Hugo recebeu o abraço dos companheiros no centro do gramado, após ser vaiado a cada toque na bola durante a partida.
O apoio demonstrado no Maracanã quase lotado é reflexo do dia a dia no CT Ninho do Urubu. A titularidade do goleiro é vista com bons olhos entre os jogadores, que demonstram apoio nos momentos de pressão no jovem. Um dos 'conselheiros' do goleiro é David Luiz, personagem que desde a chegada ao clube demonstrou um perfil de liderança, principalmente nos momentos de crise.
Folga e união
Após a vitória no clássico, o Flamengo recebeu dois dias de folga e se reapresentará somente amanhã (1º), às 9h, no Ninho do Urubu. O momento de lazer é mais uma exemplificação da união do elenco com Hugo. Um torneio de futevôlei, realizado ontem (30), contou com a presença do camisa 45, Matheus Cunha, Léo Pereira, Lázaro, Matheuzinho, David Luiz e Thiago Maia. Além deles, outras figuras conhecidas do mundo rubro-negro: Reinier e Thuler.
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