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Bustos confia na tecnologia e toma decisões 'impopulares' no Santos

Fabián Bustos, técnico do Santos, durante partida contra o Palmeiras na Vila Belmiro pelo campeonato Brasileiro A 2022. - Raul Baretta/AGIF
Fabián Bustos, técnico do Santos, durante partida contra o Palmeiras na Vila Belmiro pelo campeonato Brasileiro A 2022. Imagem: Raul Baretta/AGIF

Lucas Musetti Perazolli

Colaboração para o UOL, em Santos (SP)

31/05/2022 04h00

Aos 28 minutos do segundo tempo do clássico entre Santos e Palmeiras, no último domingo (29), o técnico Fabián Bustos surpreendeu ao tirar Marcos Leonardo e Léo Baptistão para as entradas de Angulo e Rwan Seco. A decisão ocorreu logo depois do pênalti perdido por Raphael Veiga e se baseou no GPS. Na vida real, porém, os visitantes passaram a controlar o jogo e chegaram à vitória com o gol de Gustavo Gómez, seis minutos após as alterações.

Em entrevista coletiva, Bustos explicou a saída de Marcos Leonardo, um dos melhores em campo e com vantagem sobre Gómez em diversos lances. O treinador afirmou que o centroavante "não estava mais correndo".

Fabián Bustos acompanha os números de desempenho em tempo real na área técnica. Quando a plataforma mostrou queda física do camisa 9, Angulo foi prontamente chamado. Acima de "decisões impopulares", o comandante santista tem a intensidade como prioridade.

"Tirei Marcos Leonardo porque não estava correndo. Temos um GPS que marca. Se não está correndo, não se pode ganhar na atualidade. O Palmeiras é uma equipe com intensidade superior a todos os times, vem conseguindo mais coisas no futebol brasileiro. O Léo [apelido do Marcos Leonardo] estava cansado e precisávamos substituir posição por posição", disse Bustos.

Ao fim da partida, o técnico recebeu vaias e alguns gritos de "burro" vindos das arquibancadas da Vila Belmiro. Bustos comemorou a atuação apesar do resultado e voltou a falar muito sobre erros de arbitragem. O Santos teve um gol anulado de Marcos Leonardo no primeiro tempo.

"Acredito que tenha sido um grande jogo. De igual para igual com uma equipe que tem mais tempo de trabalho, campeã da Libertadores, que venceu o Paulistão. Competimos, acredito que merecíamos muito mais pelo que jogamos. É um resultado ruim, horrível e feio para a gente, por ser em nosso campo. Não merecíamos. Acredito que merecíamos mais do que isso. Não quero tirar o mérito deles, mas se tivesse que ter um ganhador, seríamos nós. Pelo menos um empate", avaliou.

Internamente, membros da diretoria e do departamento de futebol viram de fato uma melhora do Santos. Em novembro de 2021, ainda sob o comando de Fabio Carille, o Peixe perdeu por 2 a 0 para o Palmeiras na Vila Belmiro sem incomodar o rival. Desta vez, os donos da casa criaram chances e poderiam ter vencido.

Em contrapartida, se admite nos bastidores que o Santos perdeu força após as substituições de Fabián Bustos. O trabalho do argentino é elogiado, mas o sentimento é que em determinados momentos ele é pragmático demais, sem levar tanto em consideração fatores menos objetivos, como a torcida ter perdido o ânimo quando viu Marcos Leonardo sair segundos depois de comemorar o erro de Raphael Veiga no pênalti.

Tecnologia no dia a dia

As decisões de Fabián Bustos se baseiam no desempenho nos treinamentos e no estudo do adversário, mas também nos dados de performance levantados pelo departamento de inteligência do Santos.

Contestado por parte da torcida, Ricardo Goulart tem bom rendimento nos testes, além de ser o primeiro a chegar e o último a sair dos treinamentos. Esses fatores, somados à qualidade técnica, fazem Bustos insistir no camisa 10.

Novidade no clássico, Sandry também ganhou oportunidade por causa de sua evolução física. A comissão técnica entendeu que o camisa 6 está mais intenso e o recolocou entre os titulares.

Com a semana livre antes de enfrentar o Athletico, sábado (4), na Arena da Baixada, pela nona rodada do Brasileirão, o técnico Fabián Bustos pretende deixar seus titulares 100% depois de uma maratona de jogos, mas promete que a prioridade irá além do fator físico.

"Temos uma semana um pouco mais larga antes de outra maratona. Temos que trabalhar muitas coisas. Vamos treinar não tanto a parte física, porque estamos bem, mas mais o tático. Temos que trabalhar mais o funcionamento, gerar jogadas de perigo. Somos um dos times que menos sofreram gols no Brasileirão, isso é mérito do grupo. Agora, temos que trabalhar em todas áreas. Na zona defensiva, na criação e na finalização."

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