Como a Ucrânia se preparou para tentar vaga na Copa com país em guerra
Classificação e Jogos
A Ucrânia vai a campo hoje (1º). Ainda que o país siga sob invasão russa, a seleção de futebol ucraniana encara a Escócia, em Glasgow, às 15h45 (de Brasília), em busca de uma vaga na Copa do Mundo do Qatar. Por conta da guerra, 16 jogadores não atuam em partidas oficiais desde o ano passado e o selecionado do leste europeu só fez amistosos em 2022.
Quem vencer o duelo eliminatório ainda terá mais uma etapa até o Mundial. No domingo (5), o lugar na principal competição de futebol do planeta será decidido contra o País de Gales, em Cardiff.
Mas como a seleção ucraniana se preparou para estes jogos tão importantes com o futebol nacional paralisado e sem condições de reunir um grupo de atletas para treinar? O grupo precisou deixar o país e enfrentou três times durante o período.
O último jogo oficial da seleção nacional aconteceu em novembro de 2021, uma vitória por 2 a 0 sobre a Bósnia e Herzegovina que garantiu lugar nos playoffs da Uefa pelas últimas vagas no Mundial.
No entanto, o conflito tomou o país no início de 2022 e as atividades foram totalmente paralisadas. Sem poder realizar seus jogos, a seleção teve partidas adiadas e remarcadas posteriormente.
Os homens com mais de 18 anos foram, inicialmente, impedidos de deixar o país e serviriam ao exército. Contudo, os atletas receberam autorização especial e temporária para cruzarem a fronteira. O grupo, então, se reuniu na Eslovênia, no início de maio, e deu início à preparação para os jogos.
Dos 26 convocados pelo técnico Oleksandr Petrakov, 16 atuam no futebol local e, por isso, não disputaram partidas oficiais neste ano. O grupo é completo por atletas que atuam fora e estão em atividade, sendo liberados de seus clubes com o encerramento da temporada europeia, como Zinchenko, do Manchester City, e Yaremchuk, do Benfica.
Foram três amistosos contra clubes durante a preparação. A equipe ucraniana venceu o Borussia Monchengladbach, da Alemanha, por 2 a 1, bateu o Empoli, da Itália, por 3 a 1, e empatou com o Rijeka, da Croácia, em 1 a 1.
Mesmo com a ausência de calendário, o período de reunião foi visto como valioso para o entrosamento, ainda que seja difícil criar um ambiente tranquilo para o grupo.
"Falei com cada um deles para lhes perguntar onde está a sua família, como estão agora os seus pais, mães, esposas, filhos. Antes, quando havia paz, falávamos apenas de futebol. Mas agora, por exemplo, temos um massagista cujo pai esteve em Mariupol [cidade tomada pelos russos] e ainda não há notícias dele. Muitos pais de jogadores aderiram ao exército. É por isso que temos de treinar e falar sobre futebol, mas também sobre esta situação", disse o técnico ucraniano, em entrevista coletiva.
Um jogo de fortes emoções
Até mesmo os rivais esperam um jogo emocionante. Não apenas pelo aspecto esportivo, mas por tudo que a Ucrânia passa neste momento.
"Provavelmente, todos no mundo querem que a Ucrânia vença. Se fosse qualquer outro país, provavelmente quereria que eles ganhassem, mas, infelizmente, vão jogar contra o meu país e temos de nos colocar no seu caminho", disse o lateral escocês Andrew Robertson, do Liverpool, à BBC.
"É o jogo de futebol mais importante da história da Ucrânia", garantiu Oleksandr Pikhalyonok, meia do Dnipro, ao jornal El País.
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