Classificação e Jogos
Em sua preparação para a disputa da Copa do Mundo no Qatar, o Brasil goleou a Coreia do Sul por 5 a 1, em amistoso disputado em Seul nesta quinta-feira (2). Em sua excursão pela Ásia, a seleção canarinho ainda enfrenta o Japão na segunda-feira (6), em Tóquio, às 7h20 (horário de Brasília), com acompanhamento minuto a minuto do Placar UOL. A turnê brasileira escancara a dificuldade de enfrentar seleções europeias em um período crucial de testes meses antes do Mundial. Com o início de mais uma edição da Liga das Nações, a Europa se fecha cada vez dentro de si mesma.
No podcast Futebol sem Fronteiras #52 (ouça na íntegra no episódio acima), o colunista Julio Gomes e o correspondente internacional Jamil Chade debatem como a Liga das Nações praticamente isolou as seleções europeias, que raramente enfrentam adversários de outros continentes.
"Nós reclamamos que, aqui na América do Sul, ninguém mais joga contra europeu. Sabe quando a Coreia do Sul jogou contra um europeu? Foi contra a Geórgia, uma seleção 'europeia', em setembro de 2019, em um amistoso. Antes disso, foi no Coreia do Sul 2 x 0 Alemanha na Copa do Mundo da Rússia", comentou Julio.
O colunista do UOL destacou que o surgimento da Liga das Nações beneficiou as seleções europeias, mas, por outro lado, criou uma barreira quase intransponível para equipes de outros continentes. "Isso surge após o surgimento da Liga dos Nações, depois da Copa do Mundo de 2018. Nesse ciclo, que é o maior entre duas Copas, com quatro anos e meio, acabam os amistosos e os europeus criaram um torneio. Para eles, é bacana: os ingressos ficam mais caros, todo mundo ganha mais dinheiro e os jogos são mais competitivos. Porém, o resto do mundo ficou isolado", apontou.
Jamil explicou alguns dos aspectos que levaram os europeus a abrir mão dos amistosos. "Estava muito incômoda a existência de amistosos. Eles não faziam sentido nem em termos esportivos, já que não preparavam coisa alguma. Você chegava com os jogadores um dia e meio antes da partida, na maioria das vezes. Ao mesmo tempo, eles cada vez mais se transformavam em uma máquina de corrupção. A Espanha teve um enorme escândalo envolvendo a federação e o presidente da entidade, usando os amistosos para desviar dinheiro", disse o correspondente internacional e colunista do UOL.
Além das questões extracampo, Jamil citou a pressão dos clubes europeus, contrários à cessão de seus jogadores para partidas sem muito valor esportivo. "Cada vez que havia um amistoso, as seleções sul-americanas, ou outras, levavam seus atletas para jogar contra Hong Kong, porque pagava bem. Mas os jogadores voltavam desgastados para seus clubes na Europa. Isso também incomodava muito", enfatizou Jamil.
O desinteresse do público europeu pelos amistosos também fez as federações locais abrirem os olhos, pois desperdiçavam uma oportunidade valiosa de ganhar dinheiro, como frisou Jamil. "O que fazem os europeus? 'Vocês, do resto do mundo, querem jogar amistosos? Fiquem à vontade. Vamos jogar um torneio só entre nós'. Interrompe-se a possibilidade de haver jogos como Brasil x Itália e Coreia do Sul x França porque você ocupa o espaço com um torneio que vai vender mais. No Brasil, ainda se acompanham os amistosos. Na Europa, não havia um acompanhamento do público em relação aos amistosos. Era muito fraco, e a audiência caía muito", disse.
A consequência imediata da criação da Liga das Nações foi o isolamento da Europa, com as seleções dos demais continentes com dificuldades para encontrar adversários de bom nível e uma inevitável repetição de duelos. "Pensamos que as seleções sul-americanas sofrem por não enfrentar europeus, mas pelo menos jogam entre elas. Por mais que se desdenhe no Brasil, jogar contra Argentina, Uruguai, Colômbia, Equador na altitude, Bolívia, Chile... Não vejo essa baba que todos veem aqui nas eliminatórias. E a Coreia, coitada, que joga contra Líbano, Uzbequistão, China? Se os sul-americanos têm esse problema, imaginem os asiáticos e africanos", sublinhou Julio.
Como a política anda lado a lado com o futebol, há discussões para reduzir o impacto causado pelo isolamento europeu com a Liga das Nações. "Os europeus precisam das outras seleções para seus arranjos políticos dentro da Fifa e no mundo do futebol. Eventualmente, você precisa fazer um gesto, que pode ser para a América do Sul. Por exemplo, pensar em uma Liga das Nações que envolva europeus e sul-americanos. Isso já começa a ser pensado para o próximo período", concluiu.
Ouça o podcast Futebol sem Fronteiras e confira também o debate sobre a saga da Ucrânia, que está a um passo de selar sua classificação para o Mundial. A presença no Qatar seria um feito épico em meio ao horror da guerra. Os colunistas ainda contaram alguns casos de nações que também se apoiaram no esporte para respirar. A partida entre País de Gales e Ucrânia, que vale vaga no Mundial, será neste domingo (5), às 13h (horário de Brasília), com acompanhamento minuto a minuto do Placar UOL.
Não perca! Acompanhe os episódios do podcast Futebol sem Fronteiras todas as quintas-feiras às 16h no Canal UOL.
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