Jorge Wagner crê em título para São Paulo de Ceni e jovens 'made in Cotia'
Foram quatro temporadas, o suficiente para o amor pelo São Paulo eternizar no coração de Jorge Wagner. Aposentado há cinco anos, o ex-lateral/meia tem acompanhado de perto a evolução do Tricolor — classificado às oitavas de final e na parte de cima da tabela do Brasileirão —, vê o treinador Rogério Ceni mais maduro em sua segunda passagem pelo Morumbi e acredita que a nova safra dos 'made in Cotia' poderá render bons frutos ao clube.
"Como conhecedor do São Paulo e sabedor do que é a base de Cotia, ele [Ceni] é capaz de fazer grandes coisas com os seus atletas. Hoje, temos grandes profissionais. Recentemente eu estive lá em Cotia, tive a oportunidade de conversar. A mentalidade realmente é essa, de colocar esses jogadores da base para atuar. Historicamente a gente viu isso, sempre surgindo jogadores da categoria de base do São Paulo com a projeção muito boa no time profissional e, posteriormente, uma passagem pela seleção brasileira e uma venda para um clube grande da Europa", comentou Jorge Wagner, que está atualmente com 43 anos.
"O Rogério Ceni está muito atento a isso. É claro que ele vai ter que ter sabedoria para estar colocando esses meninos aí no momento exato, e isso vem acontecendo nesta temporada. O Rogério vem mesclando muito, talvez ele ainda não tenha entrado com a formação ideal que considera ser o time titular, porque ele está dando muita oportunidade para esses garotos e até mesmo para os mais experientes que estão chegando. Ele [Ceni] sabe da importância da base. O São Paulo, realmente, é um celeiro de jovens talentos e, com certeza, vão surgir ainda muito mais, não só nessa temporada, mas nas temporadas futuras também", acrescentou.
Com 210 jogos e 42 gols com a camisa são-paulina, Jorge Wagner conviveu diariamente com Rogério Ceni na época do 'Soberano' dos inícios dos anos 2000, quando o clube conquistou por três anos consecutivos o título do Brasileirão - o ex-meia participou das campanhas vitoriosas de 2007 e 2008.
"Eu tenho acompanhado o Rogério Ceni desde o início da carreira dele [como técnico]. Tive a oportunidade de trabalhar e conviver com ele durante quatro anos. De lá para cá, a gente sempre se manteve em contato. Sou fã dele, por tudo o que ele fez quando jogava e agora como treinador, com passagens pelo Fortaleza, Flamengo e o próprio São Paulo. Eu sei do que ele é capaz, o que ele pode passar para os atletas no dia a dia. Ele é um cara extremamente vencedor, que vai cobrar, exigir ao máximo. Então, está tendo mais tempo para trabalhar agora. É claro que ele voltou um pouco mais experiente, depois das passagens por outros clubes. Acredito muito no trabalho dele, mesmo com o São Paulo ainda não tendo uma equipe de ponta, que possa estar brigando. Ele tem e consegue passar ao grupo esse espírito vencedor. Vejo o São Paulo também como um forte candidato aí ao título neste ano", discursou.
Esperança em tempos de vacas magras
Na conquista do tri consecutivo do Brasileirão, o São Paulo tinha à disposição em seu elenco jogadores que fizeram história no futebol nacional e internacional. Entre eles os zagueiros André Dias e Miranda, os meias, Josué, Richarlyson e Hernanes e os atacantes Hugo, Dagoberto e Borges, além, claro de Jorge Wagner e Ceni. Mas o cenário do Tricolor hoje é outro, com dívidas que passam de R$ 640 milhões, segundo o balanço de 2021 divulgado pelo clube.
Apesar das dificuldades financeiras, Jorge Wagner acredita que a equipe possa alçar voos mais altos ainda nesta temporada.
"O Rogério conhece tudo dentro do São Paulo, é um cara que viveu o clube durante toda a sua carreira. Então, ele conhece muito bem a parte de campo, a diretoria, a imprensa, a torcida. Tenho certeza que ele está muito atento para o que está acontecendo. Recentemente, na última passagem dele, o São Paulo passou por muito tempo com problemas na diretoria, na parte administrativa, e isso interferiu muito dentro de campo com os próprios jogadores, que não tinham tranquilidade para jogar. Agora, com a crise financeira, acredito que o Rogério vai saber lidar muito bem com isso junto aos atletas. Logo logo vão chegar aí patrocinadores, pessoas para agregar no time e eliminar todas essas dívidas, toda essa crise financeira", comentou.
Mais trechos da entrevista com Jorge Wagner
Relação com Muricy Ramalho
"Tenho um carinho muito especial pelo mestre Muricy [atualmente exercendo a função de coordenador de futebol], é assim que eu o chamo. Foi o cara que me ajudou muito no meu retorno ao Brasil. Ele me adaptou para jogar na nova função, como lateral/ala esquerdo. Na época, eu estava no Lokomotiv e senti um pouco de dificuldade para jogar na minha real posição, que era no meio campo. Então, ele me adaptou naquela função. Ele foi o cara que me colocou para jogar, praticamente armou o esquema tático da equipe, não no Internacional [os dois também trabalharam juntos no time gaúcho], mas também no São Paulo. Ele me deu essa condição para eu me adaptar pelas minhas características, porque eu não tinha aquele poder de marcação como meia, e consegui ter um bom desenvolvimento.
Ele é um pai dentro do futebol, me deu muita moral, muitas vezes mudou o esquema de jogo para que eu pudesse de alguma forma ter um desempenho maior dentro de campo para que eu pudesse realizar jogadas e deixar os companheiros em boas condições para finalizar. Então, o Muricy foi um cara muito importante para a minha carreira."
Oito meses no rival Corinthians
"Depois de uma passagem vitoriosa pela Cruzeiro, tivemos ali títulos importantes, tive a oportunidade de disputar a primeira Libertadores da minha carreira pelo Cruzeiro. Logo em seguida, após dois anos, houve o interesse do Corinthians, que realmente para mim foi muito bom, pena que foi uma passagem muito rápida, apenas 8 meses. Porém foram intensos. Consegui viver muito do que é realmente o futebol, não só pela história do clube, pelo que sempre foi e o que a torcida significa para o clube. A torcida do Corinthians é muito presente, praticamente todos os dias tinha alguma coisa ali dentro, nunca estava muito tranquilo."
Gols sobre o São Paulo, e pelo Corinthians
"A final do Paulista de 2003 ficou marcada. Em momento nenhum na minha carreira eu consegui fazer dois gols numa final de campeonato [vitória alvinegra por 3 a 2, em pleno Morumbi]. A repercussão e a proporção que aquilo ali tomou na minha carreira, na minha vida, realmente foi muito grande."
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