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Atlético-MG tem Palmeiras como exemplo para dar próximo passo na elite

Gustavo Gomez (Palmeiras) e Hulk (Atlético-MG) disputam a bola no jogo de volta da semifinal da Libertadores, no Mineirão - Pedro Souza/Atlético-MG
Gustavo Gomez (Palmeiras) e Hulk (Atlético-MG) disputam a bola no jogo de volta da semifinal da Libertadores, no Mineirão Imagem: Pedro Souza/Atlético-MG

Diego Iwata Lima e Victor Martis

Do UOL, em São Paulo e Belo Horizonte

05/06/2022 04h00

Palmeiras e Atlético-MG se enfrentam hoje, no Allianz Parque, às 16h (de Brasília). O jogo, além de três pontos, vale a liderança do Brasileirão. Além disso, o embate entre os dois clubes coloca frente a frente um projeto alviverde bem-sucedido que vem servindo de exemplo para um plano atleticano em andamento.

Ainda que não tenha havido declaração explícita dos diretores do Atlético quanto a seguir os passos alviverdes, o projeto executado na Cidade do Galo se parece muito com o que recolocou o clube paulista na rota dos títulos.

Estádio como gerador de receitas recorrentes

Em 2014, o Palmeiras vivia o ano de seu centenário e celebrava a reabertura do Allianz Parque após anos fechado pelas reformas de modernização. No entanto, a equipe alviverde chegou aos últimos minutos da última rodada do Campeonato Brasileiro sob o risco de cair pela terceira vez para a Série B.

A salvo, o alviverde não podia se dar ao luxo de se manter como estava. O ano de 2015 teria de ser diferente E o primeiro passo para isso acontecer foi o Allianz Parque. De 2010 ao fim de 2014, o Palmeiras não teve casa, e isso fez muito mal ao time, que colecionou resultados insatisfatórios. Sozinho, o Allianz Parque não salvaria ninguém. Mas com as receitas que poderia gerar, era uma alavanca segura de que, ao menos, mais capital o clube teria nos próximos anos, entre outras receitas, com sócio-torcedor e bilheteria.

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Vista aérea do Allianz Parque
Imagem: Divulgação/ WTorre

E, assim como foi com o Palmeiras, o grande salto projetado pelo Atlético será a inauguração da Arena MRV. As obras do estádio vão ser concluídas em outubro, mas antes de ser liberada para receber 100% da capacidade, que será para 46 mil torcedores, é necessário passar por uma série de avaliações e testes, o que faz com que o primeiro jogo da equipe profissional esteja marcado para 19 de maio de 2023. A estimativa interna é que o estádio vai elevar o faturamento do clube em mais de R$ 120 milhões por temporada.

Organização interna e profissionalização total

Em 2013, eleito presidente, Paulo Nobre herdou de Arnaldo Tirone um Palmeiras combalido financeiramente e sem muita perspectiva de receitas. O Allianz Parque ainda era uma miragem, e nem patrocínio na camisa o clube tinha àquela altura.

Paulo Nobre injetou dinheiro nos cofres, é verdade. Mas, em 2015, o dirigente iniciou no clube um choque de gestão. Departamentos já vinham sendo enxugados e o futebol, em todas as categorias, já com uma gestão mais equilibrada, caminhava para a estrutura de excelência que tem hoje.

O Galo também está fazendo a lição de casa. Para chegar no estágio em que se encontra o Palmeiras, o Atlético traçou metas e dividiu o trabalho em três frentes: esportiva, administrativa e financeira. Lógico que todas estão ligadas entre si, mas o trabalho de reformulação acontece em todos os setores, ao mesmo tempo. É isso que explica o Galo ter uma dívida superior a R$ 1 bilhão e contar com um dos elencos mais caros do país.

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Arena MRV está localizada no bairro Califórnia, na Região Noroeste de Belo Horizonte
Imagem: Divulgação/Arena MRV

Enquanto trabalha na redução do débito com os credores, no início da semana o Conselho Deliberativo aprovou a venda de um shopping center em uma das regiões mais caras de Belo Horizonte. E o futebol não foi deixado de lado. Um time competitivo e com estrelas seria importante no processo de reestruturação do clube. E assim foi feito.

O Palmeiras também fez em 2015 uma reviravolta no campo. O clube tirou Alexandre Mattos do atual bicampeão brasileiro Cruzeiro para transformar o Palmeiras completamente, trazendo um elenco quase inteiro novo. O resultado foi a conquista da Copa do Brasil ainda naquele ano.

Colocado em prática em 2020, a estratégia da diretoria executiva do Atlético-MG, em parceria com os investidores - chamados de órgão colegiado -, tem resultado em ganhos esportivos. O Galo voltou para a Libertadores, conquistou o Brasileirão, a Copa do Brasil e tem brigado por todos os títulos.

Junto disso tudo também acontece uma reestruturação administrativa. Desde a troca na gestão, a saída do então presidente Sérgio Sette Câmara para a entrada de Sérgio Coelho, o clube mudou diretores, reduziu o quadro de funcionários e buscou profissionais específicos para atender as necessidades de um clube que fatura meio bilhão de reais por temporada.

Seguir com as próprias pernas depois

Em que pese todo o trabalho interno no Palmeiras, não resta a dúvida que os recursos financeiros conseguidos com o patrocínio da Crefisa foram fundamentais. Hoje podendo a chegar em R$ 120 milhões anuais com todos os gatilhos de aumento cumpridos, o montante colocado pela Crefisa inicialmente não tinha fim.

Isso acontecia porque a empresa e o Palmeiras registravam transferências de verbas para contratações como verbas de marketing. Não havia falcatrua. A Crefisa de fato adquiria propriedades de marketing, como uma placa no CT. Mas o dinheiro era mesmo para a aquisição de jogadores, e isso implicava em outro tipo de recolhimento de impostos.

A Receita Federal entendeu que havia ali um problema, multou Crefisa e Palmeiras e, de 2017 em diante, a fonte para além do já alto patrocínio secou: o Palmeiras ia ter de se movimentar com os recursos que pudesse gerar. E o dinheiro colocado no clube pela Crefisa através dos aditivos de marketing virou dívida com a patrocinadora.

Curiosamente, quem hoje é responsável por pagar a dívida à Crefisa, como presidente do clube, é Leila Pereira, ninguém menos que a proprietária da empresa patrocinadora do Palmeiras.

No Galo, empréstimos foram planejados

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Rubens Menin, conselheiro e investidor do Atlético-MG
Imagem: Bruno Cantini/Atlético-MG

Rubens Menin, proprietário da construtora MRV, entre outros empreendimentos, é o principal nome na reestruturação do Atlético. Afinal, foi ele um dos idealizadores do projeto colocado em prática no clube, além de ser quem colocou o dinheiro lá dentro. Foram mais de R$ 400 milhões emprestados entre 2020 e 2021 para a reformulação do elenco da equipe principal e o pagamento de dívidas na Fifa.

Mas em 2022 não tem mais dinheiro emprestado, já que o Atlético precisa caminhar com as próprias pernas. O clube ainda tem dificuldades financeiras, vide o atraso nos pagamentos ao River Plate pela compra do meia Nacho Fernández. Por isso, o foco da vez é na redução drástica do endividamento atleticano, que em dezembro do ano passado estava acima de R$ 1,3 bilhão.

O Galo tem uma estratégia audaciosa para que esse valor esteja entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões em dezembro de 2026. Por isso a venda da outra metade do shopping Diamond Mall, o que deve render mais de R$ 320 milhões que serão usados exclusivamente para o pagamento de dívidas.

FICHA TÉCNICA

PALMEIRAS X ATLÉTICO-MG
Motivo
: Campeonato Brasileiro - 9ª rodada
Local e Horário: Allianz Parque, às 16h (de Brasília)
Árbitro: Wilton Pereira Sampaio (Fifa/GO)
Auxiliares: Bruno Raphael Pires (Fifa/GO) e Bruno Boschilia (Fifa/PR)
VAR: Pablo Ramon Gonçalves Pinheiro (RN)

Palmeiras: Marcelo Lomba, Marcos Rocha, Luan (Naves), Murilo e Jorge (Piquerez); Gabriel Menino, Zé Rafael e Raphael Veiga; Dudu, Rony e Gustavo Scarpa. Técnico: Abel Ferreira

Atlético-MG: Everson; Mariano, Nathan Silva, Junior Alonso e Rubens; Allan, Jair e Nacho Fernández; Ademir, Eduardo Sasha (Keno) e Hulk. Técnico: Antonio Mohamed.

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