Em depoimento, Edenilson mantém versão sobre injúria racial de Rafael Ramos
No fim da manhã de hoje (6), o meio-campista Edenilson, do Internacional, depôs no TJD-SP sobre a acusação de injúria racial contra o lateral do Corinthians, Rafael Ramos. Segundo apurou o UOL Esporte, o atleta gaúcho manteve a versão de que foi chamado de "macaco" pelo adversário.
A atitude teria ocorrido durante o duelo entre os times, no dia 14 de maio, válido pela sexta rodada do Campeonato Brasileiro, no Beira-Rio.
A acusação foi relatada ao árbitro da partida e provocou confusão em campo durante o segundo tempo. Depois do jogo, Edenilson fez um Boletim de Ocorrência, Rafael Ramos chegou a ser detido e só foi liberado após o pagamento de fiança.
O tema segue sendo tratado tanto na esfera criminal quando desportiva. Hoje, o volante foi acompanhado por advogados do clube em seu depoimento.
Segundo informou o Internacional, o clube e o atleta não se manifestarão sobre o caso, aguardando desdobramentos no âmbito criminal e desportivo-disciplinar.
De acordo com apuração da reportagem, Edenilson manteve sua versão durante o depoimento. O mesmo fez Rafael Ramos, que depôs no último dia 31. O corintiano ainda apresentou um laudo de perícia contratada por ele que defendia sua versão dos fatos.
Além de receber as versões, o relator do inquérito no STJD, Paulo Feuz, deve solicitar uma perícia imparcial para indicar o que teria ocorrido no momento. O laudo e os depoimentos fazem parte do conjunto de elementos que podem embasar a denúncia.
O jogador pode ser enquadrado no artigo 243-G do CBJD [Código Brasileiro de Justiça Desportiva] que trata de atos discriminatórios. A pena é vai de cinco a dez partidas, com multa que pode chegar a R$ 100 mil.
Relembre o caso
Internacional e Corinthians jogaram no dia 14, em Porto Alegre. Em campo, o meio-campista Edenilson, do time da casa, acusou ao árbitro Braulio da Silva Machado uma injúria racial por parte de Rafael Ramos. O protesto foi registrado em súmula, documento que serviu como base para prisão em flagrante do jogador português, antes mesmo de o jogador do Inter prestar queixa.
Na súmula, Braulio descreveu assim o que ouviu dos jogadores: "Aos 31 minutos do segundo tempo, no momento em que a partida estava paralisada, fui informado [por Edenilson] que seu adversário [Rafael Ramos], havia proferido as seguintes palavras para ele: 'Foda-se, Macaco'. Neste momento paraliso a partida e chamo os jogadores envolvidos para relatarem o que havia acontecido. Rafael Ramos afirma que houve um mal-entendido devido ao seu sotaque (português) e diz ter proferido as seguintes palavras: 'Foda-se, caralho'."
No Instagram, Edenilson disse que "sabe o que ouviu" e que "foi a primeira vez que isso aconteceu" com ele. "Me incomoda o fato de ficar chamando atenção de outra forma que não seja jogando futebol: ser xingado pelo tom da minha pele", disse. "Procurei o atleta para que ele assumisse e me pedisse desculpas, afinal, todos erramos e temos o direto de admitir, mas o mesmo continuou a dizer que eu havia entendido errado. Eu não entendi errado."
O jogador voltou a se manifestar sobre o caso depois da partida contra o Independiente Medellín, quando marcou dois gols e comemorou com gesto antirracista. Segundo ele, foi julgado por muitas pessoas por fazer a denúncia.
Rafael Ramos, que teve fiança paga ainda durante a noite da partida no Beira-Rio, afirmou que a denúncia feita por Edenilson teria sido "puramente um mal-entendido". "Estou aqui de consciência e cabeça limpa para explicar o que acontece. No fim do jogo fui ter uma conversa com ele, tivemos uma conversa tranquila. Expliquei o que tinha acontecido, ele explicou o que tinha entendido. Expliquei a verdade. Ele mostrou receio de passar por mentiroso, e expliquei a ele que ele não é um mentiroso, que apenas entendeu errado. Apertamos a mão, e desejo boa sorte a ele", afirmou.
A investigação da acusação de injúria racial é conduzida pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul, que já pediu no início da semana imagens do momento em que Rafael Ramos teria cometido o crime contra Edenilson.
No dia 18, o Plenário do Senado aprovou projeto de lei (PL 4.566/2021) que aumenta as penas por crime de injúria racial em eventos esportivos. Atualmente, o Código Penal estipula a pena de um a três anos de detenção. O texto pede elevação do período para dois a cinco anos. O PL foi direcionado à Câmara dos Deputados.
Ao UOL Esporte, a delegada Ana Caruso, da 2ª Delegacia de Polícia de Porto Alegre, disse que o inquérito se baseia em indícios de que o lateral-direito teria praticado injúria racial. Caberá ao Ministério Público, então, proceder ou não com a denúncia.
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