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Promotora pede prisão de jogador do Boca por estupro e violência de gênero

Sebastián Villa, jogador do Boca Juniors, é acusado de estupro, violência de gênero e tentativa de homicídio - Divulgação/Boca Juniors
Sebastián Villa, jogador do Boca Juniors, é acusado de estupro, violência de gênero e tentativa de homicídio Imagem: Divulgação/Boca Juniors

08/06/2022 16h06

A promotora Vanesa González protocolou um pedido formal de prisão do jogador Sebastián Villa, do Boca Júniors, acusado de estupro, violência de gênero e tentativa de homicídio contra a sua ex-namorada Rócio Doldán. A Justiça argentina tem cinco dias para decidir se aceita ou não o pedido da promotoria. As informações são do jornal argentino TYC Sports.

O caso teria acontecido em 26 de junho do ano passado, durante uma festa, na casa do atacante na cidade de Canning, província de Buenos Aires.

Em um relatório de 59 páginas, a promotora Vanesa González diz que que " foi provada a prática do crime de abuso sexual com acesso carnal. [....] A vítima foi precisa ao indicar as circunstâncias em que ocorreram os fatos", a que se somam os "vídeos e mensagens, no dia seguinte ao ocorrido", escreveu a promotora.

Vanesa González ainda pontuou que, por ser uma figura pública, o caso de Villa pode se tornar um exemplo. "O papel da Justiça, e em especial do Ministério Público que represento, não é apenas processar os autores de crimes, como o que estamos tratando, mas também conscientizar, instruir e defender o fim do patriarcado, ainda mais (como é o caso que aqui se investiga) quando esse patriarcado é potencializado pelo sentimento de impunidade conferido ao autor do crime por seu poder econômico contra a vítima vulnerável".

"Entendo que não deve ser considerada a circunstância de Sebástian Villa ser um atleta destacado do futebol argentino. Ao contrário, devemos respeitar o princípio de igualdade constitucional perante a lei. Como pessoa pública, ele deve ser um exemplo de conduta para uma sociedade que está buscando essa mudança", continuou a promotora.

González também destacou a troca de mensagens entre o atacante a vítima, apresentada no processo. Nas conversas, Villa afirma não se lembrar do que teria acontecido porque estava muito bêbado. "Da sucessão das mensagens mencionadas — aquelas que ocorrem em um quadro de privacidade entre a vítima e o acusado — nada mais fazem do que refletir a honestidade desses diálogos e, sem dúvida, denotam a realidade dos fatos investigados".

Ela também cita o risco de que o acusado possa interferir nas investigações ou fugir, dois requisitos para o pedido de prisão na Argentina. "A gravidade do crime e a eventual gravidade da pena são dois fatores que devem ser levados em conta para avaliar a possibilidade de o acusado tentar fugir para evitar a ação da Justiça".

O Boca e nem a defesa do jogador não se pronunciaram formalmente sobre o pedido de prisão.

Laudo psiquiátrico

Na segunda-feira, foram divulgadas informações sobre o laudo psiquiátrico a que Villa foi submetido. A avaliação revelou que o jogador não apresenta nenhuma patologia psíquica que o impeça de ter consciência de seus atos. O laudo aponta que o colombiano não é "iminentemente perigoso para si ou terceiros" e que tem capacidade para entender as consequências de suas ações.

Entenda o caso

Hematoma que Rocío Doldán diz ter sido causado por Sebastián Villa e a conversa entre os dois - Reprodução/Infobae - Reprodução/Infobae
Hematoma que Rocío Doldán diz ter sido causado por Sebastián Villa e a conversa entre os dois
Imagem: Reprodução/Infobae

No mês passado, Rocío Doldán apresentou provas de que foi estuprada por seu então namorado após uma festa que ocorreu em junho de 2021. Em seu depoimento, a vítima disse Villa havia bebido mais de uma garrafa de whisky e que ficou violento quando os dois foram para o quarto sozinhos após uma festa.

"Ele estava me dando tapinhas no rosto, quando de repente ficou violento, apertou minha mandíbula e minha nuca, meu deu um tapa e disse: 'Você gostou dos meus colegas'. "Ele começou a abusar de mim, batendo-me algumas vezes e cobrindo minha boca com a mão, momento que fiz alguns arranhões nele por querer sair daquela situação", afirmou Doldán, que classificou a situação como "pior momento da minha vida". Ela disse também que não denunciou a situação antes porque estava "bloqueada e com muito medo".

Ela ainda apresentou fotos do seu corpo machucado e reproduções de conversas que os dois tiveram no dia seguinte ao episódio. De acordo com a conversa, a jovem se queixa das dores e envia ao colombiano uma foto de hematomas, mas o jogador parece não se lembrar do que havia acontecido. "Com o quê?! Na nádega?". Depois, ele se desculpa e diz que bebeu muito na noite anterior.

A mulher também contou à promotora que o médico que a atendeu depois do episódio disse que as lesões eram compatíveis com abuso sexual.

Villa ainda responde em outra ação de violência de gênero, movida por outra ex-namorada. A denúncia foi feita em abril de 2020 e ainda vai ser julgado.