Ceni celebra vitória do São Paulo, mas alerta para 'doping psicológico'
O futebol apresentado pelo São Paulo no Morumbi, diante do América-MG, não agradou o técnico Rogério Ceni. No entanto, a conquista da vitória e o fim da sequência de quatro empates no Campeonato Brasileiro fizeram com que o comandante flexibilizasse seu discurso e elogiasse a entrega e o comprometimento da equipe dentro de campo.
"É incrível como você vê todo mundo mais feliz em uma noite com futebol abaixo e uma vitória do que no jogo com o Coritiba em que fomos dominantes, mas empatamos. É um doping psicológico a vitória, mas também é um alerta para o futuro. Hoje tive que tomar uma decisão: colocar o Diego com risco de lesão ou poupar. O especialista me falou que talvez ele não terminaria o jogo sem lesão. Só erra quem toma decisões, nossa vida é assim. Estamos fazendo o possível", discursou o treinador no estádio do Morumbi.
Depois de muito sofrer com o ataque do América-MG nos 20 primeiros minutos da partida, o São Paulo precisou fazer uma alteração em seu sistema tático e ainda perdeu Luan, lesionado. No entanto, depois da troca, a equipe conseguiu equilibrar as ações do jogo, abriu o placar com Patrick e depois soube administrar o resultado no segundo tempo para sair vencedor e voltar ao G4 do Campeonato Brasileiro.
"Não fizemos um bom começo de jogo. Se alguém tivesse que sair ganhando naquele começo era o América. Sofremos com o esquema que escolhemos, não encaixamos. Um time cabisbaixo. A mudança iria acontecer naquele minuto independentemente da lesão porque não estávamos conseguindo marcar. Arriscamos voltar para um sistema e fomos melhor. Sofremos menos, tivemos mais posse e oportunidade de gol, mas o América poderia ter vencido o primeiro tempo tranquilamente. É importante vencer mesmo que você não jogue bem, não fomos bem no primeiro tempo, mas saímos com os três pontos. Empatamos quatro jogos sendo melhor do que o adversário", afirmou o treinador em tom de desabafo.
Com o resultado, o São Paulo chegou aos 18 pontos após 11 rodadas e voltou a figurar no grupo dos classificados para a Copa Libertadores da próxima temporada. Na sequência do Brasileirão, o Tricolor encara o Botafogo, no estádio Nilton Santos, em partida que acontece na próxima quinta-feira (16).
Leia outros trechos da entrevista coletiva de Rogério Ceni:
Sobre desempenho do zagueiro Miranda
"Ele e o Léo fizeram um belíssimo jogo. O Miranda é meu jogador, mas é meu amigo e parceiro de grandes vitórias e grandes conquistas. O Miranda é um ótimo jogador, faz o melhor que pode dentro do que ele pode. Sempre que é requisitado vai super bem. Hoje, durante 60 minutos, exerceu uma linha de quatro e foi bem. Talvez não consiga jogar todos os jogos, mas é um jogador importante. Eu tenho contrato até dezembro, igual ele. O clube tem que ver isso. Temos que ver a programação para o próximo ano, o Miranda tem inteligência para jogar o jogo e é extremamente útil para nós".
Dificuldades no início do jogo
"O América é um bom time, um time competitivo e bem treinado. O Mancini faz bons trabalhos por onde passa. Eles têm um bom treinador e tinham 24 horas a mais de descanso. Tentamos fazer a formação, o Pablo deveria estar mais próximo do Felipe Azevedo, mas demorou para chegar. Precisamos fazer uma adaptação sem o Arboleda, não queria desmontar um sistema que tem dado resultado. Não conseguimos ter a mesma qualidade com o Pablo do que o Diego. O Luan ainda não está pronto. Ele foi bem contra o Coritiba, mas ainda não está bem. Não conseguimos fazer as coisas acontecerem. O Luan estava esperando mais o Juninho, e o Gabriel Neves precisou fazer o lado direito. Eles (América) foram superiores, mas eu imaginei. Tínhamos muitas ausências. Sou grato aos atletas que temos, hoje eles entregaram o melhor que podiam. Hoje, Sara, Igor e Alisson não estavam, tínhamos desfalques na zaga. Você vai cobrindo uma coisa e descobrindo outra. Todo mundo quer que você ganhe, mas temos que analisar. Não temos velocidade, o Rigoni entrou bem hoje, mas temos limites. O time entrega tudo o que pode. De positivo fica o comprometimento, a entrega de todos e a vitória".
Sobre relação com o Luan
"Tenho uma relação boa com os mais jovens e com os mais velhos. Ele vem se esforçando, mas ele precisa cuidar da parte física. Ele vai ter que fazer um trabalho direcionado à parte física e isso requer muita força de vontade. É necessário para quem teve uma lesão grave. Primeiro temos que ver isso, ele se dedicar na parte física. A bola ele tem, ele sabe jogar, sabe fazer a função. Hoje sentiu. Muitas vezes as pessoas não entendem o porquê de você não colocar o jogador no jogo, mas temos que ver a parte física. As pessoas esperam que a gente renda igual a outros times que têm um elenco maior. Nós, por exemplo, não temos velocistas. O América-MG hoje tinha dois, nós não temos esse jogador específico. Tenho que dar mérito aos meus jogadores por deixarem o São Paulo onde ele está".
Sobre defesa ter saído ilesa
"O jogo que mais tivemos possibilidades de sofrer gols, não sofremos. O futebol é estranho. Não existe uma lógica dentro do futebol. Acabamos não sofrendo gols, mas cedemos oportunidades".
Sobre participação da torcida
"A torcida sempre jogou junto com a gente. O time estava começando a cansar e achei que era hora do torcedor passar a comprar a história. Os jogadores estão começando a cansar, os times baixam linhas e a voz do torcedor é importante. O torcedor carrega esse time, muitas vezes você não tem trocas e é importante você ter esse torcedor. Queremos a participação deles porque é importante para os atletas ouvir os gritos do torcedor".
Lesões do São Paulo
"Uma lesão muscular, o resto é lesão por pancada e torção. Lesões musculares não estão voltando. O Diego Costa foi prevenção, contratamos um cara só para ultrassom, o doutor Alexandre. O Diego teve um edema e o edema é cansaço. Temos uma lesão muscular. O São Paulo está investindo, trouxemos dois nomes da base e estamos melhorando o departamento médico. Teremos lesões musculares porque o calendário é insano, mas temos apenas somente uma".
Sobre ausência de atacantes de velocidade no elenco
"Estamos acostumados a trabalhar sem atacantes. Não preciso falar da importância dos jogadores, é a base de um time que jogou muitas vezes. São atletas que têm 70% ou 80% dos jogos. Muitas vezes não temos trocas, estamos fazendo o que é possível, estamos tentando fazer o melhor pelo clube. Dentro das nossas condições, acho que tem sido um ótimo trabalho".
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