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E se não tocar no Calleri? Atacantes do São Paulo vivem escassez de gols

Luciano, durante a partida entre São Paulo e Avaí - Miguel SCHINCARIOL/São Paulo FC
Luciano, durante a partida entre São Paulo e Avaí Imagem: Miguel SCHINCARIOL/São Paulo FC

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

15/06/2022 04h00

A torcida do São Paulo vive em lua de mel com Jonathan Calleri. Artilheiro do Brasileirão, o argentino marcou nove gols em 11 jogos que fez na competição. Na outra posição do ataque, contudo, o clima é totalmente diferente. Os atletas que brigam por uma vaga no time titular vivem escassez de gols, deixando o Tricolor com uma "Calleri dependência".

O último gol do São Paulo no Brasileirão anotado por um atacante que não fosse o argentino aconteceu há um mês, quando Nikão garantiu a vitória por 2 a 1 sobre o Cuiabá. Desde então, o time do Morumbi balançou as redes seis vezes, sendo três delas com o camisa 9 e outras três com atletas de outras posições.

Atual parceiro de ataque de Calleri, Luciano não marca há mais de um mês. A última vez foi contra o Fortaleza, no empate por 1 a 1, em 8 de maio. Xodó da torcida, o camisa 11 não tem conseguido repetir as mesmas atuações da época em que sua dupla era Brenner, quando o São Paulo brigou pelo título Brasileiro de 2020. Luciano foi artilheiro da aquela edição do campeonato, marcando 19 gols. Neste ano, são três gols em nove jogos até aqui.

Quando Luciano não atua, Rogério Ceni costuma apostar em Eder. O veterano era a dupla constante de Calleri no Paulistão, mas perdeu espaço depois do início do Brasileirão. Até aqui, ele foi titular em três jogos do torneio nacional, entrando no segundo tempo de outros sete. Seu único gol foi marcado contra o Red Bull Bragantino, garantindo o empate por 1 a 1.

Apesar de escalados na mesma posição, Eder e Luciano desempenham funções diferentes, o que se refletem nos números. O camisa 11 joga mais com a bola, com média de 29,8 toques e 1,9 chute ao gol por partida, segundo números do Sofascore. Já o veterano costuma trabalhar abrindo espaço para as infiltrações dos meias. Com média de 37 minutos por jogo (Luciano tem 56 minutos/jogo), Eder soma 12,4 toques/jogo e 0,5 chute ao gol/partida.

A terceira opção de Rogério Ceni para a posição costumava ser a primeira com Hernán Crespo. Depois de um início avassalador na temporada passada, Rigoni caiu de produção e, consequentemente, perdeu espaço no São Paulo. Ele ainda não foi titular no Brasileirão, entrando sete vezes quando a partida em andamento.

Com média de 17 minutos por jogo, Rigoni até toca mais na bola do que Eder, mas produz menos. Ele tem média de finalizações de apenas 0,1/jogo e ainda não balançou as redes no Brasileirão. Seus únicos dois gols na temporada foram contra Mirassol e Botafogo-SP, pelo Paulistão.

Em busca de solução para 'Calleri dependência'

Eder e Patrick, durante a partida do São Paulo contra o Coritiba - Miguel SCHINCARIOL/São Paulo FC - Miguel SCHINCARIOL/São Paulo FC
Eder e Patrick, durante a partida do São Paulo contra o Coritiba
Imagem: Miguel SCHINCARIOL/São Paulo FC

A necessidade de encontrar maneiras de balançar as redes sem depender de Calleri é uma questão tratada publicamente pela comissão técnica de Rogério Ceni. O argentino participou de todas as partidas do São Paulo no Brasileirão até o momento, o que dificulta os testes com outros atletas na posição.

Uma das jogadas características do time do São Paulo é fundamental para o estilo de Calleri. O segundo atacante se desloca para as laterais para abrir espaço para a infiltração dos meias. Quando em campo, Rodrigo Nestor e Igor Gomes costumam atacar esse buraco criado e acham o argentino, que raramente precisa de mais um toque na bola para balançar as redes.

Desde o início da competição, porém, o treinador tentou formações diferentes para chegar ao gol adversário com mais repertório. Uma das tentativas foi a de colocar jogadores com características de prender mais a bola, como Patrick e Nikão. Com dores no tornozelo esquerdo, o meia-atacante não entra em campo desde 19 de maio, quando atuou na vitória por 3 a 0 contra o Jorge Wilstermann, pela Copa Sul-Americana.

"A gente está tentando deixar o time um pouco mais físico, com jogadores que tenham mais controle de bola, como Nikão, como Patrick. Depois de alguns jogos, como a final do Paulistão, o começo do Brasileiro, tentamos deixar o time um pouquinho mais prendendo a bola. O Patrick faz parte dessa dinâmica para tentar sempre melhorar o time", explicou o auxiliar Charles Hembert, depois da vitória por 2 a 1 sobre o Santos, em 3 de maio.

Naquela ocasião, Nikão também estava fora por causa de trauma no tornozelo. A dupla de ataque foi composta por Eder e Calleri, com Patrick fazendo a função de prender a bola no meio de campo — o camisa 88 deu assistência para o gol de Calleri.

"Tentamos com jogadores como Eder, Nikão, ter mais tabelas, ter um time mais técnico pelo meio para tentar puxadas com Igor Gomes, com Nestor. Tentamos sempre diversificar as maneiras de fazer o gol para ser um time sempre menos previsível possível e ter mais atributos a nosso favor", prosseguiu Hembert.

A próxima tentativa do São Paulo de ser menos de dependente de Calleri acontece amanhã (16), quando enfrenta o Botafogo, no Rio de Janeiro, pela 12ª rodada do Brasileirão, às 16h (de Brasília).

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