Ex-Santos, Bryan Ruiz quer vencer dor nas costas e se aposentar após a Copa
Classificação e Jogos
A participação durante 45 minutos do jogo diante da Nova Zelândia, que confirmou a Costa Rica na Copa do Mundo, trouxe uma perspectiva especial para Bryan Ruiz. O meia-atacante poderá se aposentar tendo como último registro a presença na competição mais importante do futebol.
Por muitos anos, Ruiz foi um dos jogadores que, no sentido figurado, carregaram a Costa Rica nas costas - especialmente no ciclo da Copa de 2014, no Brasil, a primeira da sequência atual de três Mundiais que a seleção costarriquenha completará em novembro. A questão é que, hoje, aos 36 anos, ele está no limite de uma lesão, real e incômoda, nas costas. O trabalho é para tentar se sustentar jogando até a Copa do Qatar.
"Para mim, é muito importante ter ganhado hoje e ter a participação em mais uma Copa do Mundo. Eu tenho problema nas costas há muito tempo. E por isso a minha decisão de terminar minha carreira em dezembro é definitiva. Então, vou tentar tudo para estar fisicamente bem, não ter lesão e ter a maior quantidade de minutos na Copa do Mundo", disse ele ao UOL, depois da partida contra os neozelandeses.
A dor nas costas de Ruiz é assunto pelo menos desde 2013. Na ocasião, ele atribuiu o problema às viagens entre Costa Rica e Europa, além de uma situação envolvendo sua altura: 1,88 m. O jogador recentemente já recebeu infiltrações nas costas, segundo informações do seu clube atual, o Alajuelense — o diagnóstico é de hérnia.
Em Doha, Bryan Ruiz se disse "muito feliz pelo resultado" no jogo de ontem (14). Foi uma espécie de aperitivo para o que virá no fim do ano. Pela idade, o papel de protagonismo já não fica nos pés dele, necessariamente. O gol da vitória foi de Joel Campbell, mais um que terá três mundiais na conta. Ruiz entrou logo depois do intervalo, em uma mudança de esquema tático da Costa Rica e teve poucas ações ofensivas. Ele tem ainda um papel de liderança relevante, tanto que ficou com a faixa de capitão — antes, ela estava no braço do goleiro Keylor Navas.
"Foi um jogo muito difícil, mas sabíamos que tinha que ser assim. Estou muito feliz pelo resultado. As pessoas sabem que eu vou ter 37 anos quando começar o Mundial. Não é fácil jogar em alto nível com essa idade", afirmou.
Em termos de clubes, a presença no Alajuelense desde 2020 teve a Copa como objetivo. Ele voltou ao país de origem após uma passagem frustrada pelo Santos. Chegou em meados de 2018, recebeu a camisa 10, mas dois anos depois rescindiu o contrato. Sem deixar saudades pelo desempenho em campo: foram 14 jogos e duas assistências. Nada de gols.
"Foi muito difícil porque eu gostava da possibilidade de jogar no Brasil, principalmente em um time grande e de muita história, como o Santos. Mas não saiu tudo bem lá. Foi triste para mim. Mas faz parte do futebol. Agora, depois do Santos, voltei para a Costa Rica e, no último ano e meio, ganhei ritmo de jogo e isso foi importante para estar na seleção e ter a possibilidade de jogar mais uma Copa do Mundo", comentou o meia-atacante.
Ruiz aponta a falta de sequência para o fracasso no Brasil. Em 2019, por exemplo, ele não entrou em campo e passou a maior parte do contrato treinando com o time de aspirantes.
"O problema no Brasil foi que não tive ritmo, não me deram a oportunidade de jogar quatro, cinco jogos seguidos. O futebol é assim. Aprecio o Santos, tenho bons amigos lá em Santos e desejo o melhor. Foi difícil para os dois lados", explicou ele, em português, já que começou a aprender o idioma na passagem pelo Sporting, de Portugal.
Se as dores nas costas continuarem controladas a ponto de não anteciparem a aposentadoria, a "última dança" de Ruiz com a Costa Rica será em mais uma Copa do Mundo com adversários complicados.
Ao bater a Nova Zelândia na repescagem, a seleção entra no Grupo E, acompanhando Espanha, Alemanha e Japão. A estreia será diante dos espanhóis, no estádio Al Thumama, em 23 de novembro.
*O repórter viaja a convite do Supreme Committee for Delivery & Legacy
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