Topo

Botafogo

Herói do Botafogo detona postura dos jogadores no início do Brasileirão

Mauricio (e) e Maicosuel com as filhas de Garrincha em evento no Botafogo, em abril de 2011 - Pedro Ponzoni/UOL Esporte
Mauricio (e) e Maicosuel com as filhas de Garrincha em evento no Botafogo, em abril de 2011 Imagem: Pedro Ponzoni/UOL Esporte

Augusto Zaupa e Vanderlei Lima

Do UOL, em São Paulo

19/06/2022 04h00

O início do Botafogo no Brasileirão de 2022 está bem aquém do que a torcida gostaria. E um dos heróis da história do clube não tem medo de apontar os culpados. Para o ex-atacante Maurício, a atual fase tem explicação: a soberba dos jogadores.

"Os jogadores estão se achando, estão de salto alto. Os jogadores se empolgaram, se acharam poderosos. No momento em que precisavam ganhar, ou arrumar um ponto, não conseguiram. Contra o Avaí [derrota por 1x0, no Nilton Santos], saíram desesperados. O Avaí foi esperto e se fechou. O Avaí jogou como o Botafogo deveria jogar", analisou o Maurício, hoje aos 59 anos, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.

"O Botafogo hoje tem um time que você pode falar que vai ganhar todos os jogos. Não é um Palmeiras, não é um Atlético-MG, que já estão montados há mais tempo, já têm uma estrutura. O Botafogo está em formação. Você tem que ter a humildade de saber que você vai jogar contra o Palmeiras, que é um time que está nas cabeças e você tem que respeitar. O treinador [Luís Castro] é novo, não tem ainda um time definido, só alguns jogadores na parte defensiva. Mas do meio-campo e no setor ofensivo ele não tem um time definido, e isso prejudica muito", acrescentou.

Maurício tem moral para pode analisar de forma mais crítica o Botafogo, visto que ele caiu nas graças da torcida do time ao fazer o gol que deu ao Fogão o título carioca de 1989 e, consequentemente, tirou o time de uma fila de 21 anos sem títulos. "Aquele gol é a história da minha vida, um divisor de águas", disse o ex-jogador ao UOL, em outra ocasião.

O ex-ponta direita ainda vê esperanças para o Botafogo despontar no Brasileirão. "O Botafogo ganhando um jogo e empatando o outro já vai para as cabeças. O futebol está muito junto, está muito competitivo esse ano, está tudo misturado. Tu ganha dois jogos, pega seis pontos, já vai para as cabeças. Está tudo parelho neste Campeonato Brasileiro."

Agradecimentos a Textor

Luís Castro conversa com jogadores do Botafogo sob olhares de Jhon Textor, Mazzuco e comissão técnica - Vitor Silva / Botafogo - Vitor Silva / Botafogo
Luís Castro conversa com jogadores do Botafogo sob olhares de Jhon Textor, Mazzuco e comissão técnica
Imagem: Vitor Silva / Botafogo

Nos primeiros meses à frente da SAF botafoguense, o empresário John Textor investiu R$ 65 milhões para trazer 12 reforços, além do técnico português Luís Castro, que foi disputado também pelo Corinthians no início do ano. O bilionário norte-americano ainda prometeu trazer um reforço de peso na reabertura da janela de transferências, na segunda quinzena de julho. E Maurício agradece o investimento de Textor no clube.

"O Textor é um excelente empresário, um cara que veio somar com o Botafogo. Agradeço a Deus por ter isso [a SAF], por esse momento. Imagina você precisando de ajuda e vem um cara e tem intenções maravilhosas. Ele está botando os melhores profissionais, está procurando fazer o melhor. Mas é uma parte administrativa e de gerência, não é uma parte dentro do campo. Dentro do campo é um outro patamar, é outra coisa", comentou Maurício, que pediu calma em relação ao trabalho do técnico Luís Castro.

"Eu acho que ele tem crédito, está chegando agora. Só que ele não pode se empolgar, porque tem que ver que o grupo dele é um grupo limitado ainda, não está completo. Então, ele tem que ser um treinador consciente disso. Como treinador, ele tem um olhar legal, mas vacilou nesses dois jogos [derrotas para Palmeiras e Avaí], mas acho que vai servir de lição."

Campeão também com o Inter

Inter: time campeão da Copa do Brasil de 1992 - Reprodução - Reprodução
Time do Internacional campeão da Copa do Brasil de 1992
Imagem: Reprodução

Depois de cinco rodadas sem vencer, o Botafogo bateu o São Paulo e deixou a zona de rebaixamento, ocupando agora a 14ª colocação, com 15 pontos, apenas dois a mais que o Atlético-GO, que abre o Z4. Hoje (19), o Alvinegro carioca tem a oportunidade de se afastar ainda mais da degola no confronto contra o Internacional, às 18h (de Brasília), no Beira-Rio.

Maurício também tem história com o Colorado, pois foi campeão pelo clube gaúcho da Copa do Brasil de 1992 e também do Estadual daquele ano.

"Eu vou torcer para os dois empatarem, os dois estão precisando de pontos e ficam bem (risos)", disse. "O Mano Menezes [técnico do Inter] se precaveu, ficou na dele quietinho, empatando. Futebol é isso, joga de acordo com a sua limitação, sem querer extrapolar. O atacante Alemão começou bem, mas se empolgou e achou que era titular. Já o Taison não precisa nem falar, um jogador que veio com essa liderança, mas se machucou. O retorno dele não está legal, mas é um bom jogador", observou.

Mais trechos da entrevista com Maurício:

Hulk na seleção

"O Hulk já provou que na seleção brasileira ele joga, é um jogador que tem bagagem. O Rafael Veiga teria que ter ido nesses amistosos que a seleção fez para ele ter uma chance. Tem jogador que joga no clube e não joga na seleção brasileira, não consegue jogar na seleção. O Dudu merecia também uma chance. O Tite e a comissão técnica convocam quem joga na Europa, eu também não discordo disso, porque quem joga lá tem um padrão e vai enfrenar os mesmos jogadores. Espero que dê certo para que a gente consiga trazer essa taça [da Copa do Mundo do Qatar] para o Brasil."

Fantasma de Renato Gaúcho no Grêmio

"A gente está torcendo para que ele [Roger Machado] consiga ter um grupo bom, joga um jogo bem outro mal, não consegue ter uma sequência. O Roger não está conseguindo, impressionante. Ele está com dificuldade, é um baita treinador, estudado, qualificado, já passou em grandes clubes, mas está tendo dificuldade. Não sei se é a pressão do próprio clube querer trazer o Renato Gaúcho, alguma coisa assim. O Grêmio está oscilando demais e isso está prejudicando."

Planos para o futuro

Ronaldinho Gaúcho e Maurício, ex-atacante do Botafogo - Arquivo pessoal - Arquivo pessoal
Ronaldinho Gaúcho e Maurício, ex-atacante do Botafogo
Imagem: Arquivo pessoal

"Eu quero tirar esse o diploma em pós-graduação de Educação Física para dar uma qualificação, para eu assumir a gestão de um clube na parte da base. Eu posso formar atletas de uma forma diferenciada, tenho a gestão esportiva. Posso fazer um trabalho diferenciado com os professores, a formação de jogadores, agregando valores, conhecimento. Hoje eu faço tardes de autógrafo, faço jogos de master, palestras falando da importância do esporte para esses garotos da base, vou em colégios. Tem também um projeto social [em Porto Alegre], onde eu ajudo. O nome do projeto é Palmeirinhas, inclusive, eu vou tentar fazer um convênio com o Palmeiras para ver se pode agregar, se o Palmeiras pode dar um recursozinho assim para ajudar neste projeto social. Se os garotos daqui que se destacassem a gente botava lá. Tem meninos de valor nessas comunidades."

Botafogo