Topo

Em crise, Flamengo volta ao mata-mata para evitar 'rombo' de R$ 30 milhões

Jogadores do Flamengo reunidos para o jogo contra o Atlético-MG, no Mineirão, pelo Brasileirão 2022 - Alessandra Torres/AGIF
Jogadores do Flamengo reunidos para o jogo contra o Atlético-MG, no Mineirão, pelo Brasileirão 2022 Imagem: Alessandra Torres/AGIF

Letícia Marques

Do UOL, no Rio de Janeiro

21/06/2022 04h00

Os resultados ruins e as atuações desanimadoras são a pauta do Flamengo nesta temporada. A derrota para o Atlético-MG, pelo Brasileirão, foi um ensaio assustador para o confronto de amanhã (22) pela Copa do Brasil. A performance rubro-negra traz à tona a preocupação de um planejamento totalmente em risco e um 'rombo' imediato que pode passar dos R$ 30 milhões.

Baseando-se em um elenco renomado e em temporadas vitoriosas, o Flamengo projetou orçamento bilionário e estabeleceu metas altas para o departamento de futebol, com base em cálculos anteriores: que o time feche a temporada, no mínimo, como vice-campeão no Brasileirão e que alcançasse as semifinais dos mata-matas — Libertadores e Copa do Brasil.

O objetivo estipulado, naturalmente, vai além da satisfação por bom futebol e vitórias para o torcedor. Ele também envolve diretamente o planejamento financeiro do clube. Campanhas longas nas Copas geram grande montante aos cofres dos clubes brasileiros. Lembrando que, nesta temporada, o Flamengo projeta arrecadação de R$ 130 milhões em prêmios/direitos de transmissão por performance.

Orçamento do Flamengo para temporada de 2022 - Divulgação/Flamengo - Divulgação/Flamengo
Imagem: Divulgação/Flamengo

Em caso de eliminação nas oitavas das duas competições, o Flamengo perderia, de cara, R$ 30 milhões do orçamento referente às premiações — a Libertadores daria mais R$ 18 milhões aos semifinalistas, enquanto a Copa do Brasil entraria com mais R$ 12 milhões. Aqui cabe uma ressalva: os valores, na prática, serão maiores, visto que o clube também descartaria a bilheteria de pelo menos mais quatro jogos em casa, além de dos direitos de transmissão por desempenho.

Por enquanto, na Libertadores, como mandante, o Flamengo arrecadou R$ 6,5 milhões em renda bruta - com uma média de público de cerca de 41 mil pessoas no Maracanã. Já na Copa do Brasil, em apenas um jogo, o clube carioca somou pouco mais de R$ 425 mil.

É por isso que o futebol irregular das últimas semanas deixa importantes metas na corda bamba, e a primeira prova vem já nesta semana, na Copa do Brasil. A má atuação contra o Galo não é vista como um caso à parte. Pelo contrário, se junta à lista de desempenhos ruins que, inclusive, resultaram na demissão de Paulo Sousa. A vitória contra o Cuiabá, já com Dorival Júnior no comando, não foi o suficiente para engatar uma reação.

Após a derrota apática no Mineirão, Flamengo e Atlético estarão em lados opostos novamente já amanhã (22), no Mineirão, e iniciam o duelo visando a vaga nas quartas da Copa do Brasil —que renderá R$ 3,9 milhões ao classificado. No entanto, o tempo para buscar solução é pouco e o sinal de alerta vai além da competição nacional, visto que semana que vem há a disputa pela Libertadores, contra o Tolima.

Os primeiros passos para o futuro da temporada acontecem no mês de junho, mas a definição fica para julho, e com o fator casa a favor do Rubro-Negro. Na primeira semana, no dia 6, o Flamengo encara o Tolima, e, no dia 13, enfrenta o Atlético-MG. Serão três semanas para definir o rumo da temporada e, neste período, uma quantia superior a R$ 9 milhões pode entrar nos cofres em caso de classificação nas duas (R$ 3,9 milhões pela Copa do Brasil e R$ 5,42 milhões pela Libertadores).

No Brasileirão, a situação em tese não inspira tanta urgência, por ser uma competição de 38 rodadas. No entanto, o atual momento do clube carioca já liga o sinal de alerta. Com 15 pontos em 13 partidas, o Flamengo ocupa a 14ª colocação e vive este primeiro turno flertando com a zona de rebaixamento. Para cumprir o orçamento, o Fla precisa ser, pelo menos, vice-campeão nacional. Uma escalada e tanto.

Orçamento em temporadas passadas

Em 2020, a previsão do orçamento foi a mesma. E o Fla acabou eliminado nas oitavas de final da Libertadores pelo Racing-ARG, e nas quartas da Copa do Brasil pelo São Paulo, compensando de certa forma com o título brasileiro. Já na temporada passada, o clube carioca cumpriu a meta ao chegar à final da Libertadores, à semifinal da Copa do Brasil e à segunda colocação no Brasileirão.

Para 2022, em caso de título, os valores de arrecadação podem superar as expectativas do Fla. O montante pode chegar a R$ 113 milhões pela Libertadores, R$ 80 milhões pela Copa do Brasil e cerca de R$ 32 milhões pelo Brasileirão.