Luís Castro critica o CT do Botafogo: 'Piso bom para estacionar carros'
Luís Castro, técnico do Botafogo, concedeu entrevista coletiva na manhã de hoje (24), e respondeu aos questionamentos de forma franca. O treinador fez críticas ao Espaço Lonier, local que vem sendo usado para os treinamentos do elenco, e sobre as constantes trocas de comandantes, lembrando que John Textor foi questionado sobre a possibilidade de demissão.
Além disso, afirmou não se assustar com a torcida "para o bem ou para o mal", e recordou a recepção após a vitória sobre o Internacional dias depois de ter sido xingado no Nilton Santos.
A entrevista começou com Castro falando sobre a semana de trabalho, depois de conquistar os três pontos no Beira-Rio em jogo em que o Alvinegro ficou com um a menos ainda nos primeiros minutos.
"Uma semana difícil, uma semana com muitos problemas, uma semana que veio na sequência de uma invasão, uma recepção no aeroporto, um começo de jogo, contra o Internacional, cheio de problemas, um jogo de complexidade enorme. Acho que com tudo isso que nos foi acontecendo, foi fundamental percebermos para onde queremos ir, que caminhos queremos percorrer, e fazer perceber a todos que estão à nossa volta que caminhos devem percorrer. Não posso deixar perturbar por um conjunto de emoções que vivem à nossa volta, e saberem exatamente o que querem a cada jogo e cada treino", disse.
Questionado sobre alterações no esquema tático nos jogos contra o São Paulo e Internacional, ressaltou que entendeu que deveria mudar o posicionamento e pontuou que o Glorioso não fez a pré-temporada com a atual comissão técnica.
"Há várias considerações que eu poderia fazer em volta disso, porque há duas vitórias totalmente distintas após quatro derrotas. E há derrotas distintas na forma como aconteceram. Desmontar isso nos levaria muito tempo, então, de forma leve, lhe digo as que duas vitórias não têm nada uma a ver com a outra. Uma é no sistema 5-4-1 outra em 4-4-1, uma em igualdade numérica, contra o São Paulo, e outra sob um domínio em termos numéricos e é feita com 26 minutos de tempo extra. Houve, realmente, uma pequena inversão. Eu sempre disse que nós, não abdicando o que são os nossos princípios e ideias, há sempre variantes. Nós, treinadores, temos de olhar o contexto e perceber o que temos nas mãos e ratificar alguns caminhos que vamos percorrendo, sem abdicar aquilo que penso para o jogo. Após dois meses de trabalho, entendi que deveríamos mudar um pouco aquilo que era o nosso posicionamento em campo e aquilo que era o nosso sistema tático. Sabemos que vão continuar a acontecer derrotas assim como vitórias, porque derrotas e vitórias são de todos", garantiu.
"Quero lembrar uma coisa que, às vezes, esquecem. O Botafogo não teve pré-temporada comigo e com a minha equipe técnica", completou.
Luís Castro reforçou que chegou ao Botafogo para um projeto de três, quatro anos e apontou que há a necessidade de se dar tempo ao trabalho.
"Jogadores quando são inteligentes e estáveis emocionalmente, estão preparados para percorrer qualquer caminho. Nós precisamos sustentar muito aquilo que pedimos aos jogadores. Os jogadores respondem de forma muito rápida, mas precisamos de tempo para sustentar as coisas que pedimos. O que acontece muitas vezes? De jogo para jogo há variação no rendimento porque esses princípios pedimos aos jogadores e, às vezes, não estão alicerçados e isso se constrói ao longo do tempo".
"Quando falo em projeto, falo em tempo, não falo em resultados. Sei bem aquilo que quero e aquilo que devo dar ao Botafogo. Aliás, para a maioria das pessoas, as coisas estão muito alicerçadas em resultados. A primeira pergunta que fizeram a Textor foi se tinha pensado em me demitir porque, realmente, para a maioria das pessoas, projetos são resultados. Eu tenho de viver em função do contexto. Não que o resultado não seja importante para mim, quero ganhar sempre, ser campeão sempre, devido a este trajeto que construímos nossa carreira. Mas não podemos dizer que o projeto são três anos ou quatro e depois querer que o projeto seja três ou quatro dias. Vim para um projeto de dois, três anos, e é nisso que acredito. E se não for isso que existe, digam que não é isso que eu mudo o meu pensamento".
Posteriormente, avaliou negativamente alguns pontos negativos do Espaço Lonier e indicou que pode ter relações com os problemas musculares no elenco.
"Sou muito competitivo, detesto perder, assim como outros treinadores, e isso tem guiado a minha vida. Essa forma como olho para o meu dia a dia e quero ganhar, e isso tento passar para os meus jogadores. Quero muito ter sucesso e estamos reunindo condições para ter sucesso. Há condições que estão sendo reunidas de forma mais prática, mais visível, e outras de forma mais teórica. Temos um plantel muito forte emocionalmente e que quer muito vencer. De forma prática, temos uma torcida muito entregue, para o bem e para o mal, é exigente. Temos uma administração e staff que querem ganhar. Depois, temos o lado prático. Temos esse CT com um piso duríssimo que é bom para estacionar carros, mas temos de trabalhar lá e nos causa muitos problemas. Não temos um CT para trabalhar com as condições minimamente exigidas para o dia a dia, temos uma academia longe e quero ter mais perto. Tenho consciência exata de que o mercado nem sempre vai nos dar aquilo que queremos. Não conhecemos os líderes dos departamentos em dois meses porque não temos estrutura. É isso que deve preocupar o projeto. Quero muito atingir tudo o que o Botafogo quer, mas faltam muitas condições práticas para chegar a isso e as pessoas têm de estar consciência disso"
"Não é por acaso que se fala em projeto. Projeto é algo que quer se fazer no tempo e com prazos a se fazer no tempo, e ainda temos muito o que andar. Não tenho dúvida do que estou a dizer. Vão aparecer dificuldades, não apenas em termos práticos".
"Não vou me defender. Eu disse que saio quando tiver de sair. O que vou dizer é: um treinador chega ao clube, descobre os problemas e, quando vai começar a resolver, mandam embora. E depois vem outro, vai ter um tempo para descobrir o problema e quando vai começar a resolver, o mandam embora. E todo mundo a aplaudir o que chega e assobiar o que vai, mas o problema continua. Ficam os problemas, vão os treinadores".
O técnico foi perguntado também se ficou "assustado" com a recepção ao grupo depois do triunfo sobre o Colorado, no último domingo.
"Os torcedores nunca me assustaram, nem pelo bem e nem pelo mal. Essa chegada foi após alguns dias em que eles me tomar no **, o estádio todo. Quer uma situação ou outra, não esqueço mais. Não esqueço o dia que o estádio todo me mandou tomar no ** e a forma como nos recebermos, e nos faz pensar o que é o futebol e o que somos para as pessoas"
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