Brasileiro agita o mercado na Europa, sonha com seleção e agradece a Diniz
Alex Sandro, Alex Telles e Renan Lodi disputam espaço na convocação de Tite para a Copa do Mundo do Qatar, mas é outro que nunca foi convocado o melhor lateral-esquerdo brasileiro na Europa em números na temporada passada: Caio Henrique, ex-jogador de Fluminense e Grêmio, hoje no Monaco.
Em 49 jogos na temporada 2021/2022, foram 12 passes para gol e dois gols marcados. Alex Sandro, Telles e Lodi somam, respectivamente, três, cinco e nove participações em gol cada um. Enquanto sonha com uma chance na seleção brasileira em ano de Copa do Mundo, Caio Henrique curte os feitos do passado consciente de que seu nome agita o mercado da bola no continente.
"A gente sabe que os rumores sempre vão existir, ainda mais quando você consegue fazer uma boa temporada. É normal que o pessoal vincule seu nome a outros times. Mas até agora não chegou nada. Isso também deixo para meu estafe cuidar, tento manter minha cabeça focada e tranquila no Monaco. Se chegar alguma coisa que for boa para mim e o clube, vamos sentar e conversar. Mas no momento não tem nada certo", diz o brasileiro, ao UOL.
Caio Henrique está há duas temporadas no Monaco e ainda tem três de contrato. Publicações internacionais ligaram seu nome a Barcelona, Paris Saint-Germain e mais recentemente Fenerbahce. O clube espanhol já foi sonho para o jogador brasileiro. "Gostava muito do Barcelona, sempre gostei pelo Messi e pelo Neymar, eu torcia bastante na época. Mas depois que você vira profissional seu sonho passa a ser disputar as grandes competições, independentemente da equipe que for", diz, antes de completar:
Eu tenho uma vontade muito grande de voltar a jogar na Espanha, um país que me acolheu quando eu era bem jovem e onde aprendi bastante. Me acostumei com o futebol de lá, é uma vontade que eu tenho. Mas no momento estou feliz e adaptado no Monaco e o que tiver que ser, será."
Caio Henrique é formado nas categorias de base do Santos e foi vendido aos 18 anos, antes de estrear profissionalmente, para o Atlético de Madri. Além do time B do gigante espanhol, defendeu por empréstimo Paraná, Fluminense e Grêmio antes de ser vendido para o Monaco por oito milhões de euros (R$ 52 milhões, na cotação da época). O próximo passo ainda está indefinido.
Seleção brasileira não saiu dos planos
Parte das seleções de base e da pré-olímpica no ciclo para Tóquio-2020, Caio Henrique sonha com uma convocação para a seleção principal. Depois de se firmar na Europa, é o grande objetivo da carreira.
"A gente sabe que o treinador da seleção tem as escolhas dele e nós respeitamos. Com certeza estou sendo observado. Quando você tem bons números é normal que as pessoas te observem. Tenho certeza que o pessoal está olhando e acho que eu tenho que continuar trabalhando e mantendo o nível, porque realmente é difícil manter os números bem altos. E quando tiver oportunidade chegar lá e agarrar com força máxima", diz o lateral-esquerdo.
Ele tem pouca esperança de ganhar uma chance na última convocação antes da lista final para o Mundial do Qatar, em setembro. "Sabemos o quanto é difícil. Quanto mais perto do Mundial, mais o grupo vai se fechando. Principalmente agora que a seleção vai ter um ou outro jogo. Imagino eu que a seleção já esteja praticamente fechada na cabeça do treinador. Mas a gente nunca sabe o que pode acontecer, no futebol as coisas mudam muito rápido."
Enquanto vive o sonho de uma chance na seleção brasileira, Caio Henrique tem uma carta na manga: ele tem cidadania espanhola pelos quatro anos de Atlético de Madri e condições legais de jogar na seleção do país. De acordo com seu estafe, já houve consultas neste sentido.
"O pessoal [Federação Espanhola] perguntou e eu não fecho portas. Futebol é feito de oportunidades e se eu estiver podendo representar um país que me ajudou bastante, onde me senti acolhido, e tenho um carinho enorme, eu com certeza pensaria, sim, em jogar."
Gratidão ao técnico Fernando Diniz
Toda a formação de Caio Henrique na base foi como meio-campista, entre armador e segundo volante. Na posição que o fez destaque no futebol europeu ele joga há apenas três anos, quando foi improvisado na lateral esquerda do Fluminense pelo técnico Fernando Diniz. Não saiu mais.
"Na semana do jogo os laterais que tinham um estava machucado e outro suspenso. O professor Diniz estava sem lateral para ir para o jogo e me perguntou: 'você já jogou de lateral alguma vez'? Eu disse que já. Já tinha feito alguns jogos na equipe B do Atlético, treinava lá também quando precisava, mas poucos jogos. Ele me disse assim: 'então eu preciso que você me ajude nesse jogo, você vai jogar de lateral-esquerdo'. Eu falei: 'está bom, se for para ajudar a equipe, sem problema algum'", relembra o agora lateral.
O professor Diniz tem bastante parcela nessa alavancada da minha carreira. Querendo ou não, foi o cara que enxergou isso e me mudou de posição. Em questão da confiança ele transmite isso no dia a dia, pode perguntar para qualquer jogador que foi comandado por ele. Um cara duro e ao mesmo tempo paizão. Ele me deu total confiança, disse para eu me divertir e fazer meu trabalho, porque não tinha pressão alguma. Eu fui eleito o melhor jogador em campo, por incrível que pareça."
Caio Henrique considera o Fluminense uma virada na carreira. De desconhecido, passou a ser um jogador mais valorizado no mercado e ainda encontrou uma posição em que se deu melhor. Ele ainda jogou algumas partidas no Grêmio antes de ser devolvido ao Atlético de Madri e vendido ao Monaco e revela gratidão aos dois clubes brasileiros.
"Minha passagem pelo Grêmio foi muito rápida, mas guardo um carinho muito grande, porque fui muito bem recebido e a torcida me abraçou. Mas sempre que o pessoal falar de volta ao Brasil o Fluminense será a prioridade. Quando eu precisei, foi o clube que me abriu as portas. Quando você é rebaixado é difícil, as equipes ficam com receio. Por isso sou grato ao Fluminense."
Sobre Fernando Diniz, que voltou ao Fluminense neste ano, a mensagem é muito parecida.
"A forma como o professor Diniz pensa o jogo tem bastante a ver com o que os treinadores hoje em dia fazem na Europa. Na minha opinião é um estilo que encaixaria perfeitamente na Europa. Ele sabe que cada dia mais tem que melhorar, porque o futebol no Brasil é muito maluco, basta você perder dois, três jogos, que está tudo errado. Mas o professor Diniz nos últimos anos vem evoluindo, torcemos muito por ele e esperamos que ele possa fazer um grande trabalho nessa volta dele ao Fluminense."
2022/2023 já começou
Caio Henrique passou os poucos dias de férias na Praia Grande, em São Paulo, onde vivem sua família e a da esposa Alice. O casal, inclusive, anunciou a gravidez de Alice do primeiro filho do casal.
No dia 18, o jogador já precisou se reapresentar ao Monaco para os primeiros exames e treinamentos da nova temporada. Terceiro colocado da última edição do Campeonato Francês, o time não conseguiu vaga direta na fase de grupos da Liga dos Campeões da Europa e terá que disputar a fase preliminar no torneio. Os jogos mata-mata já serão no começo de agosto.
"Ainda temos possibilidade de disputar a fase de grupos. Sabemos da importância de chegar lá, o Monaco nesses últimos anos tem ficado fora. Sabemos da importância disso para o clube e para os torcedores. Temos um bom time e fazendo um bom trabalho podemos botar o Monaco de novo lá."
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