Bom velhinho Riquelme: tri da Libertadores agora afaga torcida da 3ª idade
Maior ídolo da história do Boca Juniors, Juan Román Riquelme viverá hoje (28) um novo capítulo nos seus confrontos contra o Corinthians pela Libertadores da América. Derrotado na final de 2012 e vitorioso nas oitavas de 2013, ele agora é o vice-presidente de futebol do clube xeneize.
E em meio às suas funções triviais, como as contratações para o clube e as inevitáveis negociatas nos bastidores, Román, que está com 44 anos, tem sido chamando na Argentina de "o bom velhinho Román" pelo engajamento com os torcedores da terceira idade e com os ídolos do clube que passam por dificuldades.
A cena é comum nos jogos do Boca. Uma verdadeira horda acompanha o clube tanto em Buenos Aires quanto nas demais províncias do país.
Junto do fervor pelos jogadores da atualidade, há também uma crescente ovação a Riquelme, que faz questão de atender ao público como se ainda estivesse nos gramados.
Em meio ao protocolo, uma história comoveu a torcida do Boca no começo deste mês.
Em jogo contra o Ferro Carril Oeste pela Copa Argentina, na província de La Rioja, a 980 quilômetros de Buenos Aires, um torcedor de 68 anos chamado Antonio Félix foi enganado com um ingresso falso.
Torcedor do clube desde os quatro anos, mas sempre vivendo longe da capital, era o primeiro jogo que ele veria na arquibancada. Suas fotos chorando fora do estádio viralizaram, e Riquelme o convidou para ver o jogo seguinte na Bombonera, quando providenciou inclusive sua entrada no vestiário para conversar com os jogadores.
Outro gesto de grandeza de Riquelme em sua atual função foi com Ángel Rojas, ídolo e atacante do clube nas décadas de 1960 e 1970.
Rojas está com 77 anos e há duas semanas enfrentou uma pneumonia, sendo internado em um hospital público de Buenos Aires. Ao saber do seu problema de saúde, Riquelme providenciou sua transferência para um hospital privado, chamando ainda atletas atuais do clube para visitá-lo.
Tais atitudes de Riquelme superam até a rivalidade na Argentina. Tanto nas redes sociais como nos programas de rádio e TV, torcedores inclusive do arquirrival River Plate aplaudem os gestos de Román e convidam os dirigentes dos seus clubes a fazer o mesmo.
Golaço em Cássio e tri da América
Falar de Riquelme na semana de Boca x Corinthians é se lembrar também daquele que o argentino considera como o gol mais bonito da sua carreira.
Foi no Pacaembu, no jogo de volta das oitavas de final de 2013. O Boca havia vencido na Bombonera por 1 a 0, quando Riquelme dominou a bola pela direita do ataque e, de muito longe, encobriu Cássio.
"Dizem que tentei cruzar. Para encerrar logo a conversa, concordo", comentou Riquelme em um especial da TV TyC Sports sobre sua carreira em 2017.
Carreira que durante muito tempo foi sintetizada em uma única frase da torcida do Boca: sozinho, Román havia conquistado o mesmo número de Libertadores que o River Plate, três. Enquanto o craque xeneize havia dado a volta olímpica em 2000 (contra o Palmeiras), 2001 (Cruz Azul) e 2007 (Grêmio), o River conquistara a Copa em três ocasiões, 1986, 1996 e 2015.
A conta, por fim, se desequilibrou em 2018, quando o River bateu o Boca no Santiago Bernabéu, em Madri, para ficar com o seu quarto título de Libertadores, justamente na única vez que os gigantes argentinos se enfrentaram em uma final da principal competição do continente.
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