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Scarpa ou Veiga? Números mostram quem é mais decisivo no Palmeiras em 2022

Scarpa e Raphael Veiga comemoram gol do Palmeiras contra o Atlético-GO - Ettore Chiereguini/AGIF
Scarpa e Raphael Veiga comemoram gol do Palmeiras contra o Atlético-GO Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Diego Iwata Lima

Do UOL, em São Paulo

30/06/2022 04h00

Na vitória de ontem (29), contra o Cerro Porteño, pela ida das oitavas da Libertadores, Gustavo Scarpa deu mais uma assistência, para o primeiro gol do Palmeiras, de Rony. E ainda achou Dudu na área, no lance do segundo, para que o 7 fizesse o cruzamento para o atacante, novamente, balançar a rede.

Scarpa vem se especializando em decidir partidas no Palmeiras. Algo que Raphael Veiga também sabe fazer muito bem. Na ausência de Veiga por seis partidas, devido à lesão na coxa, Scarpa cresceu de produção jogando na armação, centralizado e caindo pela direita. Exatamente a faixa ocupada por Veiga.

Juntos, os dois respondem diretamente por 42 dos 89 gols marcados na temporada, o que perfaz percentual de 47,2% de participação. Em outras palavras, praticamente a metade dos gols do Palmeiras em 2022 passaram pela dupla.

Na partida no Paraguai, Abel começou o jogo com os dois em campo. E Scarpa voltou para a faixa esquerda, alterando o esquema que o Palmeiras vinha usando desde a lesão de Veiga, com dois pontas pelos lados — Dudu na direita, Veron na esquerda.

Isso fez com que o time tivesse um pouco de dificuldade de chegar à frente, depois que o lado direito foi travado pela estratégia do técnico Chiqui Arce. Na segunda etapa, Scarpa avançou mais ainda pela ponta e teve Piquerez ao seu lado, transformando o setor em zona de perigo.

O dilema faz suscitar a indagação: quem é mais decisivo para esse time? Se depender de Abel, a resposta será "nenhum dos dois". O português preza muito pelo coletivo. Mas suas escolhas futuras vão deixar o seu pensamento mais claro quanto à questão. E os números podem ajudar.

Scarpa brilha no Brasileiro e vai bem na Libertadores

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Observado por Gustavo Scarpa, Rony dança após marcar o 2° gol do Palmeiras contra o Cerro Porteño em jogo da Libertadores
Imagem: Cesar Olmedo/Reuters

De acordo com as notas do Sofascore, Scarpa é o melhor palmeirense de linha do Campeonato Brasileiro — Marcelo Lomba lidera no geral. No Nacional, Scarpa soma três gols e cinco assistências em 13 jogos.

Da lesão de Veiga para frente, ele deu duas assistência e fez um gol contra o Botafogo. Fez mais um contra o Atlético-GO e deu outra assistência na virada sobre o São Paulo, no Morumbi — o gol do 2 a 1, de Murilo, começou de um escanteio batido por ele.

Na Libertadores, em cinco jogos, ele fez três gols e concedeu duas assistências, saindo como melhor em campo na vitória por 4 a 1 sobre o Táchira, quando fez um hat-trick. Pelas notas do Sofascore, é o segundo melhor do Palmeiras na competição, atrás justamente de Veiga.

Veiga é o dono da América, mas não produziu muito no Nacional

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Raphael Veiga, do Palmeiras, e Rafael Carrascal, do Cerro Porteño, disputam bola em jogo pela Copa Libertadores
Imagem: NORBERTO DUARTE / AFP

Já Raphael Veiga é o melhor palmeirense na Libertadores, mesmo tendo iniciado só três jogos e atuado em cinco no total. O camisa 23 fez nada menos que seis gols, ficando a um do artilheiro do torneio, Rafael Navarro.

No Brasileiro, ele só fez um gol, mas concedeu três assistências em nove partidas. Embora tenha feito bons jogos, sofreu com a falta de sequência — além da lesão, contraiu covid-19. E até pênalti, ele desperdiçou — contra o Santos, quando o jogo estava empatado por 0 a 0. O Verdão venceu por 1 a 0, com gol de Gustavo Gómez.

Fator "jogos decisivos" pende a favor de Veiga

Se nos números há quase um empate, no quesito "decidir partidas" no ano, Veiga leva um pouco mais de vantagem.

No Paulista, ele fez o gol que colocou o Palmeiras com esperança para o segundo jogo, na primeira final, que terminou 3 a 1 para o Tricolor. O gol de falta do meia deixou o Palmeiras com apenas dois gols para reverter em casa. Na finalíssima, Veiga fez dois na goleada por 4 a 0 que deu o título ao Alviverde.

No Mundial de Clubes, Veiga também mostrou seu brilho em jogos grandes. Fez um gol e uma assistência, para Dudu, na semifinal, contra o Al Ahly (EGI). E, na final contra o Chelsea (ING), bateu e converteu o pênalti que estava levando o jogo para os pênaltis até os 12' do segundo tempo da prorrogação

Scarpa, por sua vez, além dos jogos do Brasileirão e Libertadores citados acima, foi fundamental para que o Palmeiras superasse a Juazeirense-SP, pela Copa do Brasil, com gols nos dois jogos. E se na final do Mundial não brilhou tanto, foi por ter atuado como lateral-esquerdo, no 6-3-1 que Abel levou ao gramado do Mohamed Bin Zayed, em Abu Dhabi.

A conclusão é óbvia: uma dupla

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Palmeiras x São Paulo: Raphael Veiga e Gustavo Scarpa comemoram o terceiro gol alviverde
Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Os números mostram que Abel tem dois meias tão bons, que acaba tendo de adaptar o time e abrir mão de ter dois pontas rápidos. O que perde em profundidade com Scarpa pela esquerda, ganha em armação de jogadas e bola parada.

Em condições físicas ideais, o Palmeiras também não pode abrir mão de Veiga, mesmo que isso signifique que Scarpa vai sair um pouco do seu setor preferido. Os meias se completam. Veiga é um jogador vertical, de mais finalização do que de desenho de jogadas. Já Scarpa é um garçom nato.

Como diz Abel, e o próprio Scarpa já repetiu em entrevistas, não é sobre o que cada um quer, mas o que é preciso fazer para que o time vença. Isso vale também para o técnico, que mesmo querendo velocidade pelas pontas, sabe que não pode deixar Scarpa fora do campo.

"Vocês sabem que o Scarpa e o Veiga têm características muito semelhantes, a grande diferença entre um e outro é a robustez física, e muitas vezes as opções que nós precisamos ter dentro do jogo, se por ventura o Veiga pudesse jogar. Prefiro ter os dois do que escolher um, do que não ter nenhum, ou só um. Portanto, foi uma troca por troca, uma função que o Scarpa sabe fazer", resumiu Abel, após a goleada por 4 a 0 sobre o Botafogo, em 9 de junho, pelo Brasileiro.

Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no texto, Raphael Veiga perdeu pênalti contra o Santos quando a partida estava empatada por 0 a 0, não 1 a 0 para o Palmeiras. A informação foi corrigida.

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