Dorival traça caminho promissor nos primeiros 30 dias de Flamengo
Há um mês Dorival Júnior assumiu o Flamengo com a missão de arrumar a casa. A evolução do elenco espantou a bagunça e dá a esperança de um caminho, mas ainda não se transformou na regularidade desejada. A paz na Gávea será colocada mais uma vez à prova nesta semana.
A sequência de quatro vitórias consecutivas foi quebrada na derrota para o Corinthians, pelo Brasileirão. Já de olho no Atlético-MG, pela volta das oitavas de final da Copa do Brasil, Dorival optou por mesclar a equipe, e esta foi a nona escalação em nove jogos.
Com o calendário em curso, o técnico tem pouco tempo para treinar e aproveita os jogos para os testes. As escalações inéditas reforçam que o Flamengo ainda caminha em busca de um time titular, no entanto, também provam que o treinador vem conseguindo, aos poucos, a evolução da equipe, independentemente das peças em campo.
Mesmo com pouco tempo e ainda buscando a regularidade, é possível ver as mãos de Dorival no time, fazendo jus ao motivo que foi contratado: organização. O analista e colunista do UOL Esporte, Rodrigo Coutinho, detalhou este início de projeto do técnico brasileiro.
"O time voltou a evoluir, ganhar padrão e, principalmente, melhorar a execução das ideias. O time tem bons e maus momentos. Nos maus momentos você consegue entender a intenção, onde ele quer chegar e qual foi a proposta. A gente pode concordar ou discordar", disse, antes de continuar:
"A parte defensiva é um ponto importante. O Flamengo compete mais sem a bola. Ainda não está no nível ideal, mas compete mais. Quando não faz isso, consegue proteger a área melhor. A última linha está mais junta e mais protegida. Isso faz com que o time leve menos gols."
Outros pontos chamam atenção neste mês de Dorival, entre eles a valorização individual do atleta. As características dos jogadores são levadas em conta, em meio ao esquema tático, além de utilizar jogadores com o objetivo de recuperar a confiança. Diego Alves, Rodinei e Léo Pereira voltaram a ser aproveitados pelo técnico.
"A gente percebe que o Dorival não tem isso. Ele já utilizou o jogo posicional em outros clubes. Mas hoje ele não faz isso. O Flamengo é um time solto e móvel dentro de campo porque os jogadores se sentem confortáveis em fazer. Mudou o esquema tático: o Arrascaeta está mais próximo da dupla de ataque, o Everton circula por uma faixa mais estreita, o Gabi circula do meio para a direita sem perder profundidade e presença de área", analisou Rodrigo Coutinho.
Ainda em busca de ajustes
Foram sete duplas de zaga diferentes neste período. Rodrigo Caio/Pablo, David Luiz/Léo Pereira lideram e foram a campo duas vezes cada. Nas laterais, a disputa está acirrada: Matheuzinho e Rodinei, assim como Ayrton Lucas e Filipe Luís. O meio-campo vivia uma oscilação e agora procura um novo caminho com as ausências de Andreas Pereira e Willian Arão, vendido ao Fenerbahçe.
Dorival acredita que o trabalho já colhe resultados dentro de campo. Na derrota para o Corinthians enalteceu a postura do elenco em campo, mas pontuou que o meio ainda precisa de ajustes.
"Temos de ter calma, tranquilidade. A equipe, mesmo alterada, mostrou qualidade. Respeitou tudo que foi solicitado. Atacamos de maneira organizada. Fico satisfeito com 32 dias de trabalho. Não com resultado, merecíamos melhor", avaliou o técnico, que completou:
"Estamos tentando mudar a característica, acelerando a troca de passe. Natural ter um jogo mais moroso nessa transição, mas na maioria das vezes conseguimos fazer com que a bola chegue com velocidade nos meias. Tem de criar os espaços na frente para receber em profundidade, tivemos isso contra o Tolima, hoje com mais dificuldade", finalizou.
O próximo desafio é amanhã (13) contra o Atlético-MG, no Maracanã, e vale vaga às quartas da Copa do Brasil. Com aproveitamento de 55%, Dorival vai a campo para o décimo jogo em busca da retomada rubro-negra.
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