Galvão é ignorado por Felipão desde 7 a 1; como o narrador detonou técnico?
Recentemente, em seu podcast, o 'Podfalar Galvão', Galvão Bueno disse que o técnico Luiz Felipe Scolari não conversa com ele. Na visão de Galvão, a relação foi cortada após o 7 a 1 sofrido pela Seleção Brasileira contra a Alemanha, na Copa do 2014 - Felipão era o treinador do Brasil na ocasião.
"A nação do futebol estava derrubada com o tal do 7 a 1. Foi duro [fazer o editorial no Jornal Nacional] e tinha de ser. Não podia ser de outra forma. Quando terminou, senti que fiz minha obrigação. Não havia outro jeito. Depois, continuei convivendo bem com os jogadores, com todo mundo. O Carlos Alberto Parreira continuou sendo um amigo querido. Mas o Felipão nunca mais falou comigo. Ele disse que apontei o dedo do país para ele. Se ele se sentiu assim, o que eu posso fazer?", questionou Galvão.
O narrador disse que, por várias vezes, tentou contato com o treinador. "Várias vezes já mandei mensagem e ele [ignorou]... O Felipão nunca falou mal de mim publicamente, mas isso foi em 2014, lá se vão 8 anos, e infelizmente nunca mais tive a oportunidade de tomar um vinho com o Felipão e de falar com ele. Quem sabe um dia isso volta?", cogitou Galvão.
Felipão, em uma entrevista ao jornalista André Henning, no extinto canal Esporte Interativo — hoje TNT Sports —, contou sua versão da história.
"Teve um colega teu, de TV, que passou dez minutos depois do jogo apontando pra mim. Hoje eu não falo para esse senhor, no caso, o Galvão Bueno. Enquanto ele achar que é o todo-poderoso, um Deus, e que pode fazer aquilo que fez comigo, me jogando contra a torcida, eu fico aqui. Cada um na sua. Eu não devo nada, cada um faz o seu trabalho e segue sua vida", disse o treinador.
Mas o que levou Felipão a ficar tão pistola com Galvão Bueno? O UOL Esporte traz trechos da narração e dos comentários de Galvão ao longo da fatídica partida contra a Alemanha e nas participações do narrador no Jornal Nacional.
1º tempo - Brasil 0 x 5 Alemanha
Após sofrer cinco gols em 30 minutos da Alemanha, Galvão Bueno, ao lado dos comentaristas Walter Casagrande e Ronaldo, debatiam sobre a escalação da Seleção Brasileira. Nos comentários, o trio foi unanime: Felipão errou ao escalar Bernard.
Para quem não se recorda, Neymar sofreu grave lesão nas quartas de final. Sem o camisa 10, Felipão optou por colocar Bernard, na época jogador do Shakhtar Donetsk. Com a goleada sofrida ainda no primeiro tempo, narrador e comentaristas opinaram que Felipão deveria ter colocado mais um volante, para reforçar o meio-campo.
"O Brasil deixou todo o espaço do meio-campo para a Alemanha jogar", disse Galvão, após o 4º gol, sem citar Felipão.
"Maior vexame do futebol brasileiro em todos os 84 anos de Copa do Mundo", comentou Galvão, após o 5º gol. Na sequência, o narrador disse: "Treino de uma grande seleção contra um time de meninos", também sem citar diretamente Felipão.
Intervalo - Brasil 0 x 5 Alemanha
No intervalo, o mesmo debate: Felipão deveria ter colocado um volante, em vez de entrar com Bernard na vaga de Neymar. Neste ponto, a primeira crítica de Galvão, diretamente, a Felipão.
"Nenhuma substituição, nenhuma mudança em campo", disse o narrador.
2º tempo - Brasil 0 x 5 Alemanha
Logo na volta do intervalo, Galvão é informado pelo repórter Tino Marcos que Felipão mexeu no time. Saíram Hulk e Fernandinho para as entradas de Ramires e Paulinho, respectivamente.
Após a informação da reportagem, Galvão voltou a criticar Felipão.
"Já deveria ter mexido. Quando se acerta, se acerta, mas quando se erra de forma tão evidente, ele [Felipão] não queria errar, não pode se continuar assim", comentou.
"Talvez ele esteja reconhecendo que deveria ter começado assim", completou Galvão, voltando a falar sobre a escalação da Seleção.
Final do jogo - Brasil 1 x 7 Alemanha
No pós-jogo, quando Felipão relata que Galvão Bueno ficou "apontando o dedo", o narrador mesclou críticas e elogios.
Assim que acabou a partida, Scolari entrou em campo e reuniu parte dos jogadores que estavam no gramado. "Sinal de que está chamando a culpa para ele, pelo menos é o que parece", narrou Galvão, fazendo uma leitura labial da fala de Felipão.
"Felipão vai receber jogador por jogador. Casagrande [comentarista da transmissão], isso é importante... a gente vem de uma [derrota na] Copa do Mundo para a Holanda e não vimos ninguém [fazer isso] para receber os jogadores na lateral de campo", elogiou o narrador.
"Bacana, o Felipão cumprimenta jogador por jogador. Felipão tem postura e hombridade por receber jogador por jogador, dar um afago. Em quem confiou depois da conquista da Copa das Confederações [em 2013]", voltou elogiar Galvão.
No entanto, depois do afago, o narrador da TV Globo voltou a criticar o treinador. "Ele [Felipão] deve estar dizendo [aos jogadores] 'a culpa é minha', 'responsabilidade minha', é o que deu para entender", novamente fazendo uma leitura labial de Felipão.
Por fim, antes de encerrar a transmissão, Galvão resumiu sua opinião sobre o treinador. "Felipão errou, ele sabe que errou, mas atitude dele é de um líder", finalizou.
Comentário no Jornal Nacional
Na edição do dia 8 de julho de 2014, Galvão Bueno fez uma pequena participação no Jornal Nacional, como era de costume após os jogos da Seleção Brasileira. Depois de fazer uma reportagem com um compilado de opiniões dos comentaristas do Grupo Globo, o narrador voltou a destacar o "vexame" da Seleção.
"Foi uma derrota humilhante, um vexame, como a gente já disse aqui. Fica uma sensação sofrida, da tristeza diante de um sonho que estava tão próximo", disse Galvão, sem citar Felipão.
Editorial no Jornal Nacional
Quatro dias depois da partida contra a Alemanha, o Brasil foi derrotado para a Holanda por 3 a 0, na disputa do 3º lugar. Na edição do Jornal Nacional, Galvão Bueno leu um editorial. Voltou a criticar a Seleção, mas, novamente, não citou diretamente Felipão.
"A terrível derrota na semifinal para a Alemanha foi uma humilhação. Os 3 a 0 de hoje [para a Holanda] foram uma constatação. Em nenhum momento a Seleção Brasileira teve time para chegar à grande final de amanhã", começou o narrador.
"A seleção brasileira precisa, urgentemente, de uma transformação. Seja ela tática, ou na forma de trabalhar", criticando indiretamente Felipão.
"O apagão dos seis minutos não pode justificar a campanha brasileira. Não foi a causa de uma derrota. Foi a consequência de um trabalho que não deu certo", finalizou Galvão, mais uma vez criticando indiretamente o treinador.
O narrador, em entrevista ao Memória Globo, disse que escreveu esse editorial em parceria com os chefes do Jornalismo e dos Esportes da Globo.
"Jamais havia imaginando que pudesse acontecer o que aconteceu. Tomamos um, dois, três gols. Eu olhava para o Arnaldo César Coelho, ele olhava para mim, e pensávamos: 'Onde isso vai parar'? Fiquei angustiado. Ninguém estava preparado para o 7x1. No segundo tempo, pensava: 'O que vou falar no Jornal Nacional, hoje'? Concluí que não seria um comentário, mas um editorial, que não poderia ser só meu. Escrevi com o Ali Kamel, o Renato Ribeiro e o João Pedro Paes Leme. Normalmente, faço de improviso, mas achava que naquele momento tinha que ser um texto preparado. Era um momento de choque", relembrou o narrador.
Bom momento de Felipão
A polêmica treta entre Galvão Bueno e Felipão reaparece no momento em que o treinador vive um grande momento no Athletico. O time é quinto colocado do Brasileirão, está nas quartas de final da Copa Libertadores da América e tem a vantagem no duelo contra o Bahia por uma vaga nas quartas da Copa do Brasil.
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