De Fred a Thiago Neves, quem são os cerca de 800 credores do Cruzeiro
O processo de recuperação judicial iniciado pelo Cruzeiro nesta semana engloba uma dívida de R$ 537 milhões. A lista de credores do clube — na modalidade associação civil e não Sociedade Anônima do Futebol — tem quase de 800 nomes: são 807 linhas de despesa, para ser mais exato, e alguns integrantes se repetem. A fila de quem tem dinheiro a receber envolve, por exemplo, jogadores, treinadores, ex-funcionários, agentes, clubes e instituições financeiras.
A natureza do endividamento apresentado pelo Cruzeiro no documento anexado à ação que tramita na 1ª Vara Comercial de Belo Horizonte passa por obrigações trabalhistas não cumpridas, empréstimos que não foram pagos e verba de fornecedores que jamais foram depositadas na conta deles.
Em um exercício de selecionar 22 dos vários jogadores que aparecem na lista, é possível identificar a origem de pelo menos R$ 190 milhões dos R$ 537 milhões enumerados pelo Cruzeiro.
Esse elenco de credores tem, por exemplo, o goleiro Fábio, que tem R$ 20,7 milhões a receber. Recém-aposentado, o atacante Fred, por sua vez, aparece duas vezes na lista. Entre contingências (dinheiro separado para possível derrota em ação judicial) e acordo já feito, são R$ 48,2 milhões ligados a ele que o Cruzeiro deve ter que pagar.
Com Dedé, a dívida do Cruzeiro é de R$ 16,6 milhões. Marcelo Moreno? R$ 24,9 milhões. Com Thiago Neves, há conta pendurada na pessoa física (R$ 10 milhões) e na jurídica (mais R$ 2,56 milhões), já que a empresa de marketing esportivo do jogador está na relação. Outro exemplo de montante relevante que o Cruzeiro tem a pagar é para o lateral-esquerdo Dodô: R$ 15 milhões.
Rafael Sobis, Manoel, Pedro Rocha, Lucas Silva, Willian Pottker, Daniel Guedes, Alan Ruschel, Edilson, Ariel Cabral, Henrique e Léo ampliam a relação de jogadores com os quais o Cruzeiro tem dívidas.
A lista vai muito além deles, é longa e tem também técnicos. Abel Braga tem a receber R$ 1,13 milhão. Felipe Conceição, R$ 542 mil, enquanto Enderson Moreira aguarda os seus R$ 610 mil.
A recuperação judicial é um passo necessário para conseguirmos ter um clube sustentável no futuro. É fundamental fazer esse plano de pagamentos, para cumprir com todos, dentro da capacidade do clube".
Sérgio Santos Rodrigues, presidente do Cruzeiro.
Instituições financeiras
Para tentar se capitalizar ao longo dos anos, o Cruzeiro recorreu a bancos. A dívida com o BMG inserida no processo de recuperação judicial é de R$ 97,7 milhões. O clube ainda registrou R$ 9,7 milhões a pagar ao Banco Mercantil.
O Cruzeiro também deve ao Supermercados BH, que foi patrocinador e cujo dono, Pedro Lourenço, é cruzeirense, ajudou nos últimos anos a custear despesas do clube. Ao todo, são R$ 17,5 milhões de pendência. Desses, R$ 9 milhões envolvem percentual devido pela transferência do meia Arrascaeta.
O Cruzeiro deixou pendente também uma dívida de R$ 13 milhões com a Minas Arena, empresa gestora do Mineirão. O clube tem contas pendentes com a Companhia de Saneamento de Minas, a Copasa, na casa dos R$ 2,5 milhões. À empresa de telefonia Vivo o Cruzeiro deve R$ 2,3 milhões. À Companhia de Energia de Minas (Cemig), o débito é de R$ 283,5 mil.
Dívidas em moeda estrangeira
Um problema para o Cruzeiro ao longo dos anos — que se agravou com a desvalorização do Real — é a lista de dívidas em moeda estrangeira. O clube tem a pagar 2,1 milhões de euros ao lateral-esquerdo Mena. No documento da recuperação judicial, isso representa R$ 11,3 milhões. Há uma pendência total de 32 milhões com a Footinvest, empresa que cuida da carreira e agencia jogadores, em valores originalmente em euros e dólares.
O Cruzeiro também deve 1,075 milhão de euros ao Ajax (R$ 5,8 milhões). O holandês não é o único clube na lista. O Vitória tem a receber R$ 8 milhões, por exemplo. Santa Cruz (R$ 3,9 milhões), Athletico (R$ 1,29 milhão) e São Paulo (R$ 699 mil) são outros casos entre os vários apresentados.
Em nota, o Cruzeiro disse que o pedido de Recuperação Judicial faz parte do processo de reestruturação do clube, iniciado em 2020.
"O pedido de recuperação judicial é um instrumento voltado para as organizações que, apesar de passarem por uma crise econômico-financeira, são economicamente viáveis, desde que suas dívidas sejam reestruturadas. A associação contratou uma consultoria especializada na área financeira, a Alvarez & Marsal, para que estudasse o endividamento do Cruzeiro, a projeção de receitas, e apresentasse um plano de pagamentos", explicou Daniel Vilas Boas, advogado responsável pelo processo do Cruzeiro.
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