São Paulo é 'pesadelo tático' para Abel Ferreira desde chegada ao Palmeiras
O Palmeiras de Abel Ferreira é o dono do futebol brasileiro, e até da América do Sul, nos últimos anos e vem empilhando taças. No entanto, nenhum clube imprimiu tanta dor de cabeça ao português quanto o São Paulo. Na noite de hoje (14), às 20h (de Brasília), mais um capítulo do Choque-Rei será escrito, desta vez pelas oitavas de final da Copa do Brasil.
Será a 14ª oportunidade que Abel encontra o São Paulo, o dobro de vezes que enfrentou os demais rivais alviverdes desde que chegou ao Brasil. Em seu livro, "Cabeça fria, coração quente", o português descreve o clube do Morumbi como o adversário mais duro taticamente por conta da imprevisibilidade.
A comissão técnica do argentino Hernán Crespo costumava mudar o esquema para enfrentar o Verdão. Antes da partida pelas quartas de final da Libertadores 2021, Abel afirmou na obra que a preparação foi cuidadosa, pois os "jogos iriam novamente ter o componente da imprevisibilidade".
"O São Paulo já tinha atuado de várias formas contra nós, quer com linha de cinco (mais frequente) quer com linha de quatro (menos frequente), isto é 3-5-2/3-4-3 e 4-2-2-2/4-3-3 respectivamente. [...] Assim, nossa equipe técnica trabalhou muito a abordagem aos possíveis cenários do rival", escreveu o português em seu livro.
Até aquele momento, o Palmeiras ainda não havia vencido o Tricolor, que meses antes havia conquistado o título paulista justamente sobre o rival alviverde. A primeira vitória só veio no sexto Choque-Rei de Abel: 3 a 0 que eliminou o São Paulo da competição continental.
"Devido à análise que fizemos de todos os jogos contra o São Paulo, concluímos que praticamente nenhuma das ideias ofensivas que utilizamos nesses encontros tiveram sucesso. Por isso, procuramos mudar e apresentar algo diferente."
A mudança de esquema tático de acordo com cada jogo não é algo tão comum no Brasil. Tanto que o próprio Abel Ferreira se surpreende com o fato e acredita ter mais facilidade para estudar o adversário dessa forma. Com Crespo era diferente, e com Rogério Ceni a dificuldade segue.
O atual comandante Tricolor não deixa por menos e sempre busca criar um fato novo a cada partida contra o Palmeiras para surpreender o português.
"O que aconteceu no primeiro tempo do jogo foi algo que o São Paulo não faz sempre. Foi nitidamente pensado para essa partida, para tentar explorar um lado mais fácil da defesa do Palmeiras", analisou Rodrigo Coutinho, colunista do UOL, após a vitória do Palmeiras por 2 a 1, nos minutos finais do duelo válido pela atual edição do Brasileirão.
Como foram os capítulos anteriores
A dificuldade de Abel Ferreira começou com a chegada de Hernán Crespo ao São Paulo, muito em função do sistema que o argentino armou o Tricolor no início dos duelos em 2021. E este é um fato convergente entre Crespo e Ceni: o São Paulo vai melhor contra o Palmeiras quando seus técnicos escalam o time com três zagueiros.
Durante o Paulistão do ano passado, com Crespo, a marcação da equipe comandada à época pelo argentino travou o Verdão de Abel.
Na fase de classificação, embora o Palmeiras tenha jogado com um time misto, a vitória ficou com o São Paulo e foi obtida fora de casa. Na decisão do Paulista, Crespo de novo mandou a campo um time com três beques e arrancou um empate sem gols no Allianz Parque. No jogo de volta, em casa, vitória por 2 a 0 e título conquistado.
Para o jogo do Brasileiro, já contando com Emiliano Rigoni no elenco, Crespo resolveu acomodar o jogador como segundo atacante e escalou a equipe no 4-4-2, com dois meias abertos pelos lados do campo. Novo empate sem gols, agora no Morumbi, e Rigoni ainda foi expulso no final.
Para a primeira partida do mata-mata da Libertadores, no Morumbi, Crespo novamente optou por jogar no 4-4-2. E viu o São Paulo dominar as ações, sair na frente e sonhar em poder jogar pelo empate fora de casa. Mas Patrick de Paula deixou tudo igual, o que acabou fazendo a diferença, uma vez que o São Paulo teria de buscar a vitória no Allianz.
Embora não tenha conseguido a vitória, o entendimento da comissão técnica foi de que o time teve um desempenho superior ao rival. Assim, Crespo seguiu apostando no 4-4-2 para tentar classificar o time. Só que Abel Ferreira neutralizou a tática, pressionou o rival desde o início, chutou 13 vezes a gol, contra seis do São Paulo, que não acertou o alvo nenhuma vez. O Verdão se classificou com os 3 a 0 e rumou para o título continental.
No segundo turno do Brasileiro de 2021, já com Rogério Ceni de volta ao São Paulo, o time visitou o Palmeiras precisando vencer para não ficar ameaçado pelo rebaixamento. Abel Ferreira optou por poupar alguns jogadores e o Tricolor, de novo com duas linhas de quatro e dois atacantes, venceu por 2 a 0.
Os primeiros confrontos deste ano foram quase como uma sequência dos duelos de 2021. Na fase de classificação do Paulista, no Morumbi, o São Paulo registrou 63% de posse de bola. Mas foi derrotado por 1 a 0. Com a má fase de Rigoni, Éder passou a formar dupla de ataque com Calleri, que estava de volta ao clube.
Na primeira partida da final do Paulistão, novamente Éder e Calleri formaram a dupla de ataque do São Paulo. O Tricolor dominou as ações na maior parte do jogo, chegou a abrir 3 a 0, só que no fim Raphael Veiga descontou e reacendeu a esperança alviverde.
Na decisão, Ceni manteve o 4-4-2, na esperança de que Calleri e Éder pudessem fazer a "parede", manter a bola no campo de ataque e livrar o time da pressão do Palmeiras. Não deu certo. O Verdão amassou o São Paulo contra seu gol, fez 4 a 0 e levantou a taça de campeão Paulista.
Depois da derrota na final do Paulista, Ceni passou a escalar a equipe mais vezes com três zagueiros. Foi esta a opção para os dois jogos contra o Palmeiras no fim de junho, com distância de três dias entre as duas partidas. No Brasileirão, o São Paulo dominou o primeiro tempo, abriu o placar e por pouco não ampliou. A situação se inverteu na etapa final. Abel lançou a equipe ao ataque e pressionou. A virada veio nos acréscimos com gols de Gustavo Gómez e Murilo.
Rogério Ceni avaliou que, apesar da derrota, o time havia apresentado o que esperava e três dias depois, na partida de ida das oitavas de final da Copa do Brasil, repetiu a escalação. Patrick fez o gol que deu ao Tricolor a vantagem de poder jogar pelo empate nesta quinta-feira.
Retrospecto de Abel contra o São Paulo
Vitórias do Palmeiras: 4
Empates: 4
Vitórias do São Paulo: 5
Retrospecto de Abel contra outros rivais
Corinthians: 4 vitórias, 2 empates e 1 derrota
Santos: 6 vitórias e 1 empate
FICHA TÉCNICA:
PALMEIRAS x SÃO PAULO
Competição: Copa do Brasil - jogo de volta das oitavas de final
Data e hora: 14 de julho de 2022 (quinta-feira), às 20h (de Brasília)
Local: Allianz Parque, em São Paulo (SP)
Árbitro: Leandro Pedro Vuaden (RS)
Assistentes: Rafael da Silva Alves (Fifa/RS) e Michael Stanislau (RS)
VAR: Emerson de Almeida Ferreira (MG)
SÃO PAULO: Jandrei; Diego Costa, Miranda e Léo; Rafinha, Gabriel Neves, Igor Gomes, Patrick (Rodrigo Nestor) e Welington; Luciano e Calleri. Técnico: Rogério Ceni
PALMEIRAS: Weverton; Marcos Rocha, Gustavo Gómez, Murilo e Piquerez; Danilo, Zé Rafael e Raphael Veiga; Gustavo Scarpa, Dudu e Breno Lopes (Wesley). Técnico: Abel Ferreira
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