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Goleiro Bruno volta a time da 5ª divisão do RJ; Jucilei se aposenta

Bruno já passou pelo Atlético Carioca em 2021 e chegou a fazer gol de pênalti - Divulgação/Atlético Carioca
Bruno já passou pelo Atlético Carioca em 2021 e chegou a fazer gol de pênalti Imagem: Divulgação/Atlético Carioca

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

16/07/2022 04h00

Os comentários na página do Instagram estão bloqueados. Mas a divulgação está lá: o goleiro Bruno, de 37 anos, vai reestrear pelo Atlético Carioca, clube da quinta divisão do Carioca, amanhã (17), no jogo que vale a classificação para as semifinais e a manutenção do sonho do acesso.

Na reta final da campanha da Série C do estadual, o Atlético Carioca, por outro lado, já não conta mais com o volante Jucilei. Ele antecipou a saída e agora se considera definitivamente aposentado, aos 34 anos.

Bruno teve a carreira interrompida quando estava no Flamengo por causa da condenação pelo assassinato de Eliza Samúdio. Jucilei passou por Corinthians, São Paulo, Europa e seleção brasileira. Trajetórias diferentes que neste ano rondam a base da pirâmide do futebol e têm como intercessão um passado em clubes de grandes torcidas. Apenas isso.

Bruno já tinha defendido o Atlético Carioca no ano passado. A ideia de trazê-lo de volta agora foi um plano emergencial para tentar suprir a ausência do goleiro Thiago, que vinha sendo titular nas últimas partidas. Os dirigentes do Atlético Carioca já tinham noção de que a repercussão poderia não ser apenas positiva. No perfil do Instagram, o anúncio da contratação é a que mais tinha comentários até a limitação das postagens.

"Ano passado, a gente já passou por isso. Foi uma novidade. Ele tinha passado já pelo Rio Branco, do Acre. Nós fomos o primeiro clube do Rio a fazer o contato. A gente sabia dessa repercussão positiva ou negativa. Torcedores ficaram divididos. Muitos apoiaram, outros questionaram, dizendo que ela não teve uma segunda chance. Mas o que o Bruno devia à sociedade e à Justiça, ele pagou. Então, a gente está olhando pela parte esportiva. Sempre vai ficar uma marca, essa situação toda para trás. Mas a gente até espera que ele seja visto com outros olhos também", afirmou André Luiz, vice-presidente do Atlético Carioca.

Time do Atlético Carioca, do qual Jucilei fez parte, disputa a Série C, quinta divisão do Carioca - Júlio César Guimarães/UOL - Júlio César Guimarães/UOL
Time do Atlético Carioca, do qual Jucilei fez parte, disputa a Série C, quinta divisão do Carioca
Imagem: Júlio César Guimarães/UOL

Formalmente, a decisão de Jucilei de se afastar não diz respeito à chegada do outro. Mas antes anfitrião do time no próprio sítio, o volante nem chegou a ir a Cabo Frio treinar com os companheiros, onde Bruno se apresentou para a partida contra o Unisouza. O técnico continua sendo Éric Rodrigues, amigo de Jucilei, que fez o convite para que o volante deixasse a parada no futebol para participar de parte da campanha, como capitão.

"Jucilei ficaria até o final da primeira fase. Mas ele mesmo já disse que por questões particulares antecipou a parada dele. Ele externou isso até para um jornal aqui de São Gonçalo. Até respeitaria se fosse essa [chegada de Bruno] a posição dele, de não querer vincular a imagem. Mas ele declarou que foi por questões particulares", acrescentou o vice-presidente do clube.

Jucilei ainda não rescindiu. O contrato com o Bruno é de um ano e está registrado no Boletim Informativo de Registro de Atletas (Bira) da Ferj. Se o acesso vier, a Série B2 (quarta divisão) começa logo em seguida. Se o Atlético Carioca continuar onde está, a Série C volta em maio de 2023 e o goleiro tem a possibilidade de atuar novamente. Não há glamour, muitos jogadores estão tendo seu primeiro contrato profissional.

"Nossa realidade é de clube da Série C. Não é nada estratosférico. O Bruno entende. É bom que as pessoas entendam que para o Bruno hoje, depois de tudo o que ele foi, teve e perdeu, isso é um sopro de vida. Não é um recomeço de carreira. É um recomeço como pessoa", acrescentou André Luiz.

A estratégia da diretoria para fazer o período de treinos desta semana na Região dos Lagos casa com o fato de Bruno morar por lá. Se viesse para Itaboraí, cidade próxima a São Gonçalo onde o time estava se preparando, a visão é que haveria assédio maior ao cotidiano do time.

"Bruno já mora em Cabo Frio, transita na cidade. É normal. Não é alta temporada, a gente imaginou que a cidade tivesse tranquila também", disse André Luiz.

Em 2020, o Atlético Carioca se viu em meio a denúncias de manipulação de resultados. O então presidente, Maicon Villela, foi banido do futebol pela Justiça Desportiva. Como era o dono, ele passou o bastão para a mulher, Fernanda Villela, que hoje preside o clube.

Maicon é citado nas postagens no Instagram como responsável pela "parceria paga" com o Atlético Carioca. Mas quem atua na operação atualmente alega que ele não atua e cumpre a punição imposta.

"Ele está tocando escolinhas, academia. A gente se fala, conversa. Mas ele não frequenta estádios, não vai aos jogos, não está presente. Só que eu sou amigo dele há muitos anos. Não deixarei de ser amigo dele. Todo mundo tem o direito a errar. Se ele errou, está pagando pelo erro dele. Foi julgado e a gente continua tocando o clube. Ele não está presente. Não está no dia a dia", finalizou o vice-presidente André Luiz.