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Inter busca se firmar como referência na base do futebol feminino

Jogadoras do Inter comemoram título do Brasileiro sub-20 feminino - Divulgação/CBF
Jogadoras do Inter comemoram título do Brasileiro sub-20 feminino Imagem: Divulgação/CBF

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

18/07/2022 04h00

O Internacional tem objetivo de se consolidar como referência nas categorias de base do futebol feminino. E o caminho para isso está sendo trilhado com títulos e valorização de um grupo de meninas que já serve de pilar para o elenco principal.

São aproximadamente 100 atletas divididas nas categorias sub-15, sub-17, sub-20 e profissional. Além de 18 colaboradores envolvidos e duas comissões técnicas que trabalham de forma integrada na formação e aproveitamento da jogadoras.

A captação das meninas acontece através de processos seletivos realizados periodicamente. O clube ainda conta com parceiros estratégicos espalhados pelo país que indicam garotas para integrarem os times.

As atividades ocorrem no campo do SESC, que serve de CT e também de estádio para o time feminino do Colorado, as Gurias Coloradas. As meninas que necessitam de moradia, podem aproveitar toda estrutura do hotel do SESC, alimentação, atendimento de nutrição, fisiologia, preparação física especializada, além de terem contratos específicos para suas categorias, e muitas delas ainda ganharem bolsas de estudo.

"A questão de investimento na base do futebol feminino faz parte do DNA do projeto que nasceu lá em 2017, ainda tocado pela Duda [Luizelli]. Desde o início colhemos frutos", contou Leonardo Menezes, gerente de futebol feminino do Inter,

Os resultados são verificados facilmente. O Inter tem empilhado títulos na base do futebol feminino. Neste ano, conquistou o Brasileirão sub-17 e sub-20. Em 2021 tinha conquistado o Brasileiro da categoria sub-14. O clube gaúcho já tinha conquistado a Liga de Desenvolvimento sub-16 e sub-18 até 2020, além de ter erguido a taça da Copa Gaúcha sub-17 e da Fiesta Evolution sub-16 de 2020, competição internacional organizada pela Conmebol.

De nada adiantaria, porém, se a base não fornecesse jogadoras ao time principal. Mas é exatamente o processo de abastecimento do grupo de cima que tem acontecido com mais força atualmente.

"Nosso grupo tem 50% das atletas formado na base e é o projeto que tem alcançado isso, na formação integral, no aproveitamento do grupo. Além das atletas com passagem pela seleção, que representa um indicativo que o trabalho está tendo êxito", contou Leonardo.

A lista de jogadoras da base do Inter com passagens pela seleção brasileira é grande. Joana, Berchon e Guta no time sub-17, Gabi Barbieri, Mai, Tamara, Priscila, Mileninha e Biazinha na sub-20, Mayara e Duda na principal, além dos casos em que a mesma menina frequentou duas categorias da seleção.

"A menina que começa a formação conosco cria uma vinculação com o clube, uma identificação, conhece a história do Inter, tem orgulho de vestir essa camisa. Ainda chega ao profissional já conhecendo a estrutura, a história, as pessoas. Muitas delas passam por adaptação no profissional, já que treinamos no mesmo CT. E isso é uma vantagem grande. Muitos profissionais do time de cima, e as atletas também, acompanham o treino, já conhecem as meninas, tem um relacionamento afetivo. Além da responsabilidade de ambientar as mais novas, também já tem essa integração, que se traduz no campo", completou.

Desafio de trazer lucro

Mas ainda que o trabalho esteja dando resultado no aporte ao time principal e na formação de jogadoras, é necessário entender o processo como um mercado. Por isso, o grande desafio passa a ser aumentar o número de transações no futebol feminino, para que uma jogadora formada no Colorado possa ser vendida no futuro e retornar ao clube o investimento feito nela.

Hoje o cenário de negociações no futebol feminino é muito pequeno. As jogadoras costumam assinar contratos de curta duração, e no fim deles decidirem o futuro livremente. O clube, então, acaba sem retorno financeiro.

"O investimento na base auxilia na formação das atletas, elas estando melhor preparadas, eleva o nível técnico, físico, de entendimento do jogo. O investimento na base melhora a qualidade das atletas e do jogo, tornando o produto cada vez mais atrativo. E isso vai demandar, necessariamente, um aquecimento nas transações de atletas", contou Leonardo.

"É algo raro hoje no mercado, como acontece no masculino, que jogadores da base são ativos do clube e pode valer milhões. No feminino isso não acontece, o clube investe, as meninas vão para seleção, e acaba encarecendo a manutenção delas. Assim, elas acabam saindo e não deixando nos cofres do clube o investimento feito. Mas o futebol feminino está em evolução, cada vez com mais patrocinadores, visibilidade e divulgação. O mercado está se valorizando e nosso desafio é movimentar esta situação para que elas se tornem ativos do clube e o dinheiro possa retornar para ser reinvestido exatamente na base", finalizou.

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