Sampaoli na seleção? Conheça detalhes de quando técnico foi indicado à CBF
Dunga não tinha acertado a mão no comando da seleção. E o nome de um argentino chegou aos ouvidos do então presidente da CBF, Marco Polo Del Nero. A sugestão era substituir o capitão do tetra por Jorge Sampaoli. Os anos mostraram que a proposta foi rejeitada, mas como essa indicação chegou à mesa de quem tinha o poder para mudar os rumos do time brasileiro?
A seleção tinha empatado por 2 a 2 com o Paraguai, pelas Eliminatórias, e o clima não estava bom para Dunga em março de 2016. A insatisfação não era recente.
Em 2015, o Brasil já tinha sido eliminado nas quartas de final da Copa América e a rota rumo à Copa da Rússia tinha começado com derrota para o Chile, então campeão continental, treinado pelo próprio Sampaoli. Em março, o argentino já estava desvinculado da seleção chilena - o pedido de demissão foi feito em janeiro daquele ano, por discordâncias com a Federação local.
Então coordenador da seleção, em uma posição superior a Dunga, Gilmar Rinaldi ouviu uma versão a respeito da sugestão de Sampaoli a Del Nero. Sampaoli estaria em Barcelona, na casa de Neymar, com o pai do atacante, fazendo lobby:
"As pessoas próximas a ele estavam fazendo muita pressão para tirar o Dunga naquele momento. Del Nero me chamou, eu estava em Ilhabela e ficamos um hora no telefone. Eu fiquei sabendo depois que o Sampaoli estava na casa do Neymar. Eu disse que não era o momento de tirar o Dunga. O Andrés Sanchez até me falou depois: 'Cuidado, estão armando um negócio aí'", relatou Gilmar ao UOL Esporte.
Andrés, hoje, diz que não se lembra do episódio. Del Nero, ao mesmo tempo, cita que não deu trela à hipótese de contratar o técnico argentino.
"Nunca sugeri o Sampaoli. Seu nome foi ventilado por alguém que não me lembro e respondi 'não'", disse ele, como publicado pelo UOL na matéria que relata os passos para o fim da influência do dirigente na CBF.
O período com Dunga coincidiu com a fase mais "rebelde" de Neymar na seleção, embora o camisa 10 tenha sido capitão da equipe. Mas isso não quer dizer que comissão técnica e craque falassem sempre a mesma língua.
"Uma vez, Neymar teve um comportamento que fugiu um pouco à nossa regra. A gente estava indo para um jogo. Foi na Áustria, eu acho. Eu relatei isso ao Del Nero e ele disse: 'Ah, ele pensa que nós não temos coragem de tirar ele'. Ele pensou, parou um pouco. 'Gilmar, para você saber, nós temos coragem, sim'. Depois, a relação melhorou, não teve mais nada. Foi coisa de concentração", conta Gilmar Rinaldi.
Jorge Sampaoli não veio para a seleção. Em junho daquele ano, assinou com o Sevilla. Já Neymar não disputou a Copa América de 2016 - optou pelos Jogos Olímpicos do Rio - e Dunga foi demitido depois da eliminação na fase de grupos do torneio continental. A seleção estava em sexto nas Eliminatórias, fora da zona de classificação para a Copa. A falta de produtividade da seleção tirava Del Nero do sério.
"Ele achava o Dunga duro. O Dunga era correto, honesto, direto, mas duro. Com a imprensa também. Assisti aos jogos com ele, ele se irritava. Achava que tinha falta de criatividade. O Brasil não estava se desenvolvendo da forma que ele achava que deveria. Reclamava de trocas", disse Walter Feldman, secretário-geral da CBF na ocasião.
A chegada de Tite em julho de 2016 serviu como escudo para as críticas ao comando da CBF em relação à seleção. Um dos filhos de Del Nero encontrou Matheus Bachi, filho e auxiliar de Tite, e sinalizou o interesse da CBF. A negociação fluiu.
Tite já avisou que deixará a seleção em dezembro, após a Copa do Mundo do Qatar. Sampaoli foi à Copa de 2018 como técnico da Argentina e atualmente está desempregado após sair do Olympique de Marselha. No futebol brasileiro, o técnico já dirigiu Santos e Atlético-MG.
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