Ex-Corinthians que morreu em SP foi 'herdeiro da raça' e campeão de 1977
Tobias; Zé Maria, Moisés, Ademir e Wladimir; Ruço, Basílio e Luciano; Vaguinho, Geraldão e Romeu. Esta escalação entrou para a história do Corinthians por ter sido escolhida pelo técnico Oswaldo Brandão para o terceiro jogo das finais do Campeonato Paulista de 1977, contra a Ponte Preta. O time venceu, foi campeão e encerrou um jejum de 23 anos sem títulos.
Na última sexta-feira (22), morreu o terceiro representante da formação. Dez anos depois de Ruço e 14 após Moisés, o Corinthians desta vez se despediu do ex-zagueiro Ademir José Gonçalves. Ele tinha 75 anos, morava na cidade paulista de Santa Bárbara d'Oeste e sofreu um mal súbito, de acordo com familiares. O sepultamento foi ontem, no Cemitério Campo da Ressurreição.
A tragédia da família Gonçalves foi ampliada durante o velório de Ademir. A viúva, Elisabete Aparecida Bagnoli Gonçalves, de 66 anos, passou mal durante o velório do marido no Velório Municipal Berto Lira, foi socorrida e não resistiu. Isso aconteceu 12h20min depois da morte do ex-jogador. "Minha tão amada tia Bete não suportou a vida na terra sem o seu Ademir. Seu coração se partiu sem o seu amor", escreveu no Instagram Fernanda Bagnoli Araujo, sobrinha de Elisabete e Ademir.
Ademir e Elisabete deixam os filhos Gustavo e Bruno e netos.
Ademir José Gonçalves, também chamado pelo apelido Ademir Caipira, defendeu o Corinthians entre 1972 e 1978, com um período de empréstimo ao Guarani durante o vínculo. Foram 218 partidas, mostra o "Almanaque do Timão", que o colocam como 81º jogador que mais atuou pelo clube. Além do Campeonato Paulista de 1977, ele conquistou outros três títulos de menor importância: Taça Governador do Estado 1977, Copa São Paulo 1975 e Torneio Laudo Natel 1973.
No icônico Paulistão de 1977, Ademir disputava posição com Zé Eduardo ao lado de Moisés na zaga titular ao longo da competição. Zé Eduardo foi titular nos dois primeiros jogos da final, mas acabou suspenso por acúmulo de cartões amarelos do terceiro e decisivo compromisso e deu espaço para que Ademir entrasse para a história. Um reserva de sorte.
Um zagueiro antes de tudo raçudo. Tem duas coisas marcantes sobre ele: ele era zagueiro titular fazendo dupla com o Brito, tricampeão do mundo e já veterano, na final de 74. É quando o Corinthians perde do Palmeiras, 1 x 0 com gol do Ronaldo. É ele quem aparece na foto levantando a perna o máximo que podia para evitar o gol do Ronaldo, mas não consegue. E em 77 o titular não era ele, era o Zé Eduardo, mas o Ademir jogou a final, aparece na foto do título e ficou para sempre como um dos eternos campeões. Ele foi símbolo daqueles anos tão sofridos."
Celso Unzelte, jornalista e pesquisador
O zagueiro começou na União Barbarense e de lá partiu para o XV de Piracicaba, em 1968. Quatro anos depois foi contratado pelo Corinthians muito por causa de seu desempenho em jogos contra o clube da capital em que marcava com eficiência o campeão mundial Rivelino.
Em setembro de 1975, a revista Placar fez longa reportagem sobre Ademir em que ele foi chamado de "o último herdeiro da velha raça" em razão de seu estilo de jogo fisicamente vigoroso. Um dos trechos da matéria na época em que a posição exigia essas características dizia que "na bola ou na canela, Ademir dá sempre um jeito na jogada".
Ademir deixou o Corinthians em agosto de 1978 para jogar no Pinheiros-PR [atual Paraná Clube] e em seguida no São José-SP. Lá, ele virou ídolo com 181 partidas e o título do Paulistão da Segunda Divisão - ele já era campeão da Primeira pelo Corinthians e da Terceira com a União Barbarense. Ele ainda voltou para o time de Santa Bárbara d'Oeste e se aposentou em 1984.
No pós-carreira, Ademir Gonçalves foi treinador, comerciante, secretário de esportes de Santa Bárbara d'Oeste e ultimamente comentarista esportivo da rádio Luzes da Ribalta AM, também na cidade, onde era chamado pelo apelido de "Capitão".
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