Morre Fernanda Viel, pioneira na crônica esportiva com personagem Mari Futy
A jornalista esportiva Fernanda Factory Viel, 48, morreu hoje (28). Ela foi criadora da personagem 'Mari Futy', que fez sucesso nos jornais "Lance!" e "Agora São Paulo" no início dos anos 2000.
Fernanda era filha do ex-jogador Mexicano (1935-2017), que foi zagueiro do Palmeiras e do Taubaté. Com isso, vivenciou o futebol desde seus primeiros dias de vida. Não satisfeita em apenas torcer para seu clube do coração, resolveu entrar para o jornalismo.
Palmeirense fanática, Fernanda nasceu em 17 de dezembro de 1973, e começou cedo na profissão, cobrindo o São Paulo na década de 1990. Em 2000, a jornalista criou a personagem 'Mari Futy', emplacando uma coluna na revista Lance A+ e no jornal Agora São Paulo.
Marcelo Damato, editor do "Lance!" quando Fernanda trabalhou no veículo, relembrou o preconceito sofrido por ela em uma época em que mulheres trabalhando no jornalismo esportivo era raridade.
"Quando chega na metade dos anos 1990, começam a surgir algumas repórteres, inclusive a Fernanda, que eram muito mais femininas. Isso gerou um enorme preconceito. Ela era capaz de fazer matérias muito boas. Mas o preconceito contra ela nunca permitiu uma continuidade maior na carreira", disse à reportagem. E continuou:
"Era uma pessoa que tinha muita capacidade de conseguir boas informações, que se dedicava muito, trabalhava muito. Ela foi uma pioneira e eu acho que ela não teve o mérito dela reconhecido enquanto trabalhava", completou Damato.
O "Lance A+", lembra Damato, tinha uma proposta de tratar os jogadores de futebol como celebridades, algo pouco comum para a época. "E ela conhecia muita gente, conseguia muita matéria, conseguia fazer matérias muito descontraídas. Uma vez ela levou o Kaká para andar na montanha-russa do Playcenter [antigo parte de diversões da cidade de São Paulo]."
Depois de deixar o jornalismo esportivo, Fernanda Viel trabalhou como assessora de imprensa e assessora parlamentar, no gabinete do deputado Celso Giglio, segundo o site "Terceiro Tempo".
"A Fernanda foi um ícone pro jornalismo esportivo, especialmente para as mulheres que queriam trabalhar com o tema. Ela sempre fez questão de manter o seu estilo pessoal, muito feminino mesmo num ambiente ainda hostil e machista. Pelo contrário: manteve a vaidade, as roupas que marcavam o corpo, os cabelos longos e loiros e o astral alto o tempo todo. Mesmo sendo julgada muitas vezes", comentou Michele Chaluppe, atualmente na "LiveMode", que foi estagiária de Fernanda no "Lance!".
Michele também fez questão de ressaltar o que aprendeu acompanhando Fernanda durante alguns anos. "Para mim, pessoalmente, ela foi uma mãe. Me ensinou a apurar, a entrevistar, a editar, a ter agenda boa, a fazer contatos, a me aproximar das pessoas com respeito, a encontrar brechas para conseguir informações exclusivas. Ela me apresentou todo mundo que ela conhecia com o altruísmo mais genuíno que encontrei na profissão", relembrou.
"É uma perda imensa não ter a Fernanda neste mundo tão sisudo, muitas vezes. Ela sempre foi luz e felicidade e é assim que vou me lembrar dela para sempre", completou.
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