Polícia e organizadas definem regras da volta das bandeiras de mastro em SP

Uma reunião no centro da cidade de São Paulo, na tarde de hoje (28), definiu os parâmetros da liberação das bandeiras de mastro nos estádios paulistas. O encontro ainda não deliberou nada, mas serviu para a Polícia Militar do Estado ouvir as torcidas organizadas sobre as regras que serão adotadas. A expectativa é que as bandeiras voltem às arquibancadas na semana que vem.

Representantes das polícias e das torcidas organizadas ficaram reunidos por cerca de duas horas. Como a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo determinou nesta semana, é a PM quem fará todo o controle das bandeiras de mastro: material, quantidade, tamanho e outras especificidades.

O número de bandeiras permitidas, por exemplo, depende da capacidade do setor destinado às organizadas: quanto maior o espaço, mais mastros que podem entrar. Outra diretriz é que cada bandeira entrará no estádio com um responsável específico, membro da organizada, identificado por CPF. Se por acaso o objeto vier a ser usado para outros fins que não a festa na arquibancada, esta pessoa pode ser responsabilizada.

"A ideia é que os mastros sejam identificados e enumerados. A pessoa que segura o mastro no estádio será identificada com foto, inclusive de forma digital. É um controle objetivo para impedir que aconteça algo. O mastro, a bandeira em si não faz nada, é quem a conduz que pode eventualmente fazer alguma coisa", explica Soares Lopes, que deixou a reunião com a impressão de que "talvez em uma semana, no mais tardar, já teremos as bandeiras abrilhantando o futebol".

A bola agora está com o Comando de Choque da PM, que é o órgão responsável por criar os protocolos que serão seguidos por todos os batalhões de São Paulo, do litoral ao interior. Quando este documento ficar pronto, provavelmente nos próximos dias, a Polícia então avisa as organizadas que os mastros finalmente poderão voltar aos estádios.

Além de Soares Lopes, também estiveram na reunião o delegado de polícia César Saad, do Drade (Delegacia de Repressão aos Delitos de Intolerância Esportiva), e o tenente coronel Ricardo Xavier, comandante do Segundo Batalhão de Choque da PM. Eles se encontraram na sede da Ouvidoria das Polícias com representantes de torcidas organizadas dos quatro grandes do estado (Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo) e algumas de clubes do interior.

"O encontro de hoje foi positivo, é mais um passo em direção à volta da festa no futebol, que é um anseio das torcidas", celebrou Ernesto Teixeira, porta-voz da Gaviões da Fiel, a maior organizada do Corinthians. "Essa é uma construção que temos feito ao longo dos anos, e temos que enaltecer o espírito democrático, porque todos tivemos voz e pudemos colocar nossas reivindicações, e também a visão destas autoridades que entenderam a importância da volta da festa", afirmou

Os artefatos estavam proibidos nas arquibancadas do estado de São Paulo desde 1996, mas na última terça-feira (26) foram liberados por decisão judicial do TJSP.

"O Estatuto do Torcedor prevê o uso de bandeiras de mastros para fins festivos. Em São Paulo, por ser o único estado que não tinha essas bandeiras, as torcidas vinham fazendo o pedido faz tempo. Por isso resolvemos fazer o pedido com o Poder Judiciário para o retorno dos mastros", afirma o delegado César Saad, um dos responsáveis por encaminhar a representação para a liberação das bandeiras.