Meu nome não é Johnny: americano do Inter foi à seleção 'sem falar' inglês
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O nome dele não é Johnny (como no filme de 2008), mas é assim que todos o conhecem. João Lucas de Souza Cardoso, de 20 anos, ganhou o apelido por ter nascido em Denville, no Estado de Nova Jersey, nos Estados Unidos. Ele pouco morou por lá, e ainda criança mudou-se para o Brasil, onde cresceu, virou jogador de futebol e peça importante no elenco do Inter. Depois de chegar à seleção norte-americana — quase sem falar inglês — ele sonha com vaga na Copa do Mundo e títulos pelo Colorado.
"Minha história no futebol se inicia quando eu tinha 7 anos, comecei na escolinha de futsal, que era do meu pai, em Criciúma, migrei pro campo com 11 e dei início a minha história no futebol. Não me sinto nem mais americano e nem mais brasileiro, fui criado no Brasil, morei minha vida toda no Brasil, mas pela minha profissão, represento o Estados Unidos, que é o país onde nasci, como tenho a dupla nacionalidade, me sinto os dois", disse ao UOL Esporte.
O retorno ao Brasil aconteceu por opção dos pais de Johnny, ambos brasileiros. O objetivo era criar o menino perto da família. João Lucas ganhou o apelido exatamente pelo local de nascimento.
As sondagens da seleção dos Estados Unidos para que ele optasse por defender a equipe começaram antes mesmo das primeiras oportunidades no time principal do Inter. O time de cima virou realidade para ele em 2019, mas em 2018 já havia começado o processo de defender os EUA.
"O primeiro contato foi por intermédio do meu pai e depois de um ano um scouter brasileiro que trabalha lá falou sobre mim para a comissão da seleção", contou.
Não demorou para as primeiras chances surgirem. Inicialmente na equipe sub-20, pela qual ele realizou amistosos e participou do Pré-Olímpico no ano passado. Pela equipe principal foram, até agora, três jogos, todos amistosos, contra País de Gales, Panamá e Bósnia e Herzegovina. Do campo brota o sonho de disputar a Copa do Mundo deste ano e a admiração pelo lateral Dest, do Barcelona.
"Sonho com essa oportunidade [na Copa do Mundo] e tenho como objetivo na minha carreira, sei que isso depende do meu desempenho, por isso irei me dedicar e me entregar ao máximo. Aliás, sempre estive nas pré-convocações e sempre me dedicarei para estar nas definitivas", comentou.
"O cara que mais me surpreendeu [na seleção] e me impressionou foi o Sergiño Dest, lateral do Barcelona. É um lateral completo, de muita técnica e habilidade", completou.
Quase sem falar inglês
Johnny morou a vida toda no Brasil. Naturalmente, não era fluente em inglês em suas primeiras convocações para a seleção. Por isso, até conseguia se comunicar com os companheiros, mas 'sofreu' na hora de cantar no 'trote' de apresentação.
"Não era fluente, mas conseguia me virar muito bem, conversava com meus companheiros lá. Não cheguei a passar nenhum perrengue, só na minha apresentação, quando fui convocado pela primeira vez para a principal, tive que me apresentar e cantar para todo o grupo, acho que não conta como perrengue, mas foi um momento bem legal e um dos momentos que fiquei mais nervoso pra falar em inglês, porque tive que cantar na frente de todos", disse.
Futsal, início como atacante e elogiado por Mano
O início no futsal ajudou Johnny. Segundo ele, o período na quadra menor o fez entender bem o que aconteceria para frente na carreira, uma troca brusca de posições.
"Essa mudança de posição fez com que eu subisse pro profissional, então é aprendizado, uma posição a mais, que me torna versátil dentro de campo, o que pra um jogador hoje em dia é muito bom, também me encaixei bem na posição pelas minhas características e com isso evoluí muito. Já tinha algumas características de atacante, isso agregou mais ainda para eu desempenhar essa função. O futsal ajuda para todas as posições, saber trabalhar em espaço curto, pensamento mais rápido dentro de campo, são algumas das características que carrego comigo até hoje", afirmou.
Johnny era artilheiro da base do Inter como atacante, até o sub-20, quando foi recuado para volante e ganhou as primeiras chances no time. O jogo inaugural foi em 2019, sob comando de Odair Hellmann.
"Comecei minha trajetória no Inter como atacante, como meia, joguei até o sub-17 como atacante e fui jogar um Campeonato Gaúcho sub-20, em que o professor Fábio Matias [técnico] me testou como volante. E desempenhei muito bem, fui artilheiro do time, mesmo jogando como volante, com isso fui promovido ao time principal e desde então estou exercendo essa função e evoluindo a cada dia mais", explicou.
Recentemente, Johnny ouviu elogios de Mano Menezes, que afirmou que ele é 'o tipo de jogador que serve para a equipe' . O mesmo já tinha acontecido com Miguel Ángel Ramírez, que disse que o jogador era o 'futuro camisa cinco' do Colorado.
"Relação entre nós jogadores e comissão técnica é muito boa. Em relação a mim, tento ouvir bastante e evoluir com as ideias que o professor nos passa. Desde a chegada o Mano tem tratado todos da mesma maneira e com muita atenção", comentou.
Futuro no Inter e possibilidade na MLS
Pela dupla nacionalidade, Johnny atrai interesse de clubes da MLS há muito tempo. Ainda que reconheça o crescimento da liga norte-americana, ele foca em conquistar títulos pelo Inter antes de pensar em voltar para o país onde nasceu.
"Acompanho a liga de lá e é nítido a evolução que vem tendo, ainda tenho, sim, o desejo de um dia jogar lá", disse. "Meus planos [no Inter] e objetivos continuam os mesmos, fazer história conquistando títulos", finalizou.
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